surto de toxoplasmose

Gestantes devem repetir exame da toxoplasmose a cada 30 dias, indicam médicos

Camila Gonçalves

Foto: Charles Guerra (Diário)

O surto de toxoplasmose vem levantando discussões entre os médicos de Santa Maria sobre como proceder no cuidado e controle da doença, especialmente em gestantes. Durante o pré-natal, o obstetra solicita exames que mostram quais são as principais infecções que a gestante já teve para avaliar seu estado imunológico. Os exames apontam se a paciente já foi exposta ao toxoplasma gondii, o parasita causador da toxoplasmose.

Em situações fora de um surto, o que não é o caso de Santa Maria no momento, gestantes que já tiveram contato com a toxoplasmose não precisam seguir as medidas de prevenção, porque estariam imunes ao protozoário.  

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Mas, de acordo com médico infectologista Fábio Lopes Pedro, chefe do Setor de Infectologia da UFSM, em casos de surtos da doença ficou demonstrado que, mesmo as gestantes com imunidade prévia, apresentaram nova positivação da doença em um segundo exame.
- Dessa maneira, até que tenhamos elucidação do foco de infecção, orientamos que todas as gestantes, imunes ou não imunes, devem seguir medidas de prevenção cuidadosamente - explicou o médico.

A modificação na estratégia de prevenção implica que todas as gestantes devem tomar as medidas de prevenção como o uso de água fervida ou mineral (veja abaixo). Além disso, todas as gestantes devem repetir o exame que detecta a toxoplasmose a cada a cada 30 dias.

17 respostas que você precisa saber sobre a toxoplasmose

CUIDADOS ÀS GESTANTES

  • Lavar as mãos com água corrente e sabão ou detergente antes e depois de manipular alimentos
  • Evitar tomar água não filtrada em qualquer ambiente
  • Não coma alimentos crus, frutas e vegetais produzidos no solo por jardinagem
  • Não coma carnes cruas ou malcozidas, incluindo quibe cru e embutidos (linguiça, salame, copa e outros)
  • Congelar a carne a -12 graus por 24 horas
  • Evitar manuseio direto com solo, incluindo jardins, parques. Caso seja necessário, usar luvas e lavar bem as mãos após a atividade
  • Evitar o contato direto com fezes de gato
  • Após manusear carne crua, lavar bem as mãos e toda a superfície que entrou em contato com o alimento, inclusive os utensílios utilizados
  • Não consumir leite e seus derivados crus, não pasteurizados
  • A caixa de areia de gatos deve ser limpa preferencialmente por outra pessoa, todavia se não possível, deve-se limpá-la e trocá-la diariamente, utilizando luvas e pá de lixo
  • Alimentar os gatos com carne cozida ou ração, não permitindo que os mesmos façam a ingestão de animais caçados

Surto de toxoplasmose faz gestantes ficarem em alerta em Santa Maria

MÉDICO FALA SOBRE OS RISCOS NA GRAVIDEZ 
O Diário de Santa Maria ouviu, nesta segunda-feira, o médico infectologista do Husm, Reinaldo Ritzel, que esclareceu dúvidas sobre prevenção, riscos e implicações da toxoplasmose para gestantes e para os bebês. O médico também atende pacientes na rede privada.

Diário de Santa Maria - De quanto em quanto tempo as gestantes precisam fazer o exame?
Reinaldo Ritzel - A recomendação é que se faça o exame de 30 em 30 dias. Essa orientação, incialmente, não valia para as gestantes com histórico de terem tido toxoplasmose no passado. No entanto, houve casos, em outras situações de surto, em que mesmo aquelas pessoas que estavam protegidas foram reinfectadas ou tiveram a reativação da doença. Então, agora, todas as gestantes devem fazer exames mensalmente.

Diário - Numa situação normal, de quanto em quanto tempo o exame para detectar a toxoplasmose é indicado? 
Ritzel - Fora de surto, se recomendava uma vez antes da concepção e, pelo menos, três vezes durante as gestações.

Diário - Quais os riscos em cada fase da gravidez? 
Ritzel - No primeiro trimestre, como o embrião está em formação, a maior parte dos órgãos pode ser atingida, por isso, há risco maior de má-formação ou abortamento. É nessa fase que há maiores chances de quadros mais graves, tais como microcefalia e outros. Na transição para o segundo ou terceiro semestre, os problemas para o feto tendem a ser menores. Já a chance de transmissão é inversamente proporcional aos riscos para o bebê. No primeiro trimestre, a chance é de 3% a 7%, considerando os vários estudos sobre o tema. No final da gravidez, há até 90% de chance de transmissão, mas a tendência é que os problemas sejam menores. As complicações podem ser cegueira ou problemas na visão, alteração na audição, por exemplo.

Diário - Quais os tratamentos em cada etapa da gestação? 
Ritzel - Até a 18ª semana, usamos um medicamento que não penetra no bebê, que tem a finalidade de evitar a transmissão da doença para o bebê. A partir desse período, fazemos um exame no líquido amniótico para avaliar se continua com o mesmo medicamento ou se usa outros três medicamentos, que passam a tratar o bebê dentro do útero. Mas esses tratamentos têm variações. Se o ultrassom da 14ª semana aponta para má-formação do bebê, já começamos o tratamento do feto intraútero, por exemplo.

Diário - Quem está tentando engravidar deve esperar? Quanto tempo? 
Ritzel - O Ministério da Saúde não tem nenhum protocolo indicando o que seguir nesses casos. É uma decisão do profissional, mas eu sugiro que, quem está pensando em engravidar agora, protele por pelo menos seis meses. Se definir que tem surto, até se esclarecer bem, não é bom arriscar.

Diário - Isso vale para quem teve a doença? 
Ritzel - Sim, neste caso de suspeita de surto, eu, como médico e mesmo como uma recomendação pessoal, diria que o melhor é esperar o mesmo período.

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