Gaúcho da Copa: filhos do ilustre torcedor da seleção brasileira buscam patrocínio para levar o legado do pai até o Catar

No dia 8 de julho de 2014, a Seleção Brasileira sofria a maior derrota de sua história ao ser batida pela Alemanha por 7 a 1, na semifinal da Copa do Mundo, no Mineirão. Abraçado em uma réplica da taça da Mundial, a imagem do simpático senhor de bigode e trajes típicos do Rio Grande do Sul, o “Gaúcho da Copa” circulou o mundo como um retrato da frustrante da perda em casa.

Natural de Cruz Alta, o gremista fanático Clóvis Acosta lutava contra um câncer no rim desde 2004 e mesmo doente acompanhou três Copas. Ele faleceu um dia após o aniversário do time do coração, no dia 15 de setembro de 2015, em Porto Alegre. O mundial de 2014 ficou marcado pelo placar contra a Alemanha, mas também por ser o último presenciado pelo torcedor.

Em entrevista ao Diário, os filhos de Clóvis, Frank, de 44 anos, e Gustavo Damasceno, de 37 anos, relembram a enorme repercussão da imagem na partida no Mineirão. Gustavo ainda conta o que intensificou a emoção do pai no final da partida.

— Aquele choro não era só pelo 7×1, ele sabia que aquela ali era a última copa dele. Foi uma triste despedida, após ter acompanhado a Seleção Brasileira no seu período mais vitorioso.

Talismã da amarelinha

Clóvis com Careca em sua primeira Copa, em 1990. (Crédito: Divulgação/Facebook)

A paixão e longa trajetória do torcedor pela Copa do Mundo começou em 1990, na copa da Itália, e desde então, foi a todos os Mundiais seguintes. Ele ganhou destaque na Coreia do Sul e no Japão, onde brilhou na arquibancada e foi eleito o símbolo do penta e começou a receber ajuda da Confederação Brasileira de Futebol (CBF) para bancar os ingressos para as viagens. 

Além de oito Copas do Mundo, nove Copas América, Clóvis esteve presente em cinco Copas das Confederações, quatro Jogos Olímpicos, foram mais de 160 jogos da seleção, mais de 250 mil quilômetros percorridos atrás da camisa verde e amarela. e visitou mais de 60 países para torcer pela seleção.

Gaúchos na Copa no Brasil em 2014Gustavo no Stad de France em 1998 na FrançaFrank em Brasil x Holanda pelas quartas de final na copa de 1994

Para homenagear a partida do grande talismã da seleção brasileira, diversas homenagens foram publicadas nas redes sociais, em destaque para a Federação Internacional de Futebol Associado (FIFA), que considerava o torcedor o “12º jogador” da equipe canarinho.

Hoje nos despedimos de um gremista ilustre. Vá em paz, Gaúcho da Copa! pic.twitter.com/h3kiCOaSfn— Grêmio FBPA (@Gremio) September 16, 2015

Hoje, os filhos usam a camisa da seleção amarela estampadas com o número 12.

— O pai deixou para nós de legado é que o que tu faz com amor reverbera o infinito — frase que Frank usa para relembrar os ensinamentos repassados por Clóvis ao longo dos 32 anos de Copas.

Frank e Clóvis, na frente do Rose Bowl em 1994, onde o Brasil conquistou o tetra. Foto: Frank Damasceno/Arquivo pessoalEm 1995, Clóvis e Gustavo com a taça que estava fazendo tour no país após o tetra. Foto: Gustavo Damasceno/Arquivo Pessoal

Herança de amor pela seleção brasileira

Clóvis com os filhos Frank (à esquerda) e Gustavo (à direita). Foto: Getty Images

Mesmo sem a presença física de Clóvis, os filhos Frank, de 39 anos, e Gustavo, de 33, decidiram manter a tradição familiar repassada pelo pai. Através de um perfil no Instagram, os criadores de conteúdo compartilham registros da presença em grandes eventos e jogos da seleção brasileira, além de recordações ao lado do pai. 

Registro do primeiro mundial sem o pai na Rússia. (Foto: Gustavo Damasceno/Arquivo Pessoal)

Os irmãos marcaram presença na Rússia, em 2018, onde foram reconhecidos e abordados com muito carinho na rua. Esse foi o primeiro mundial sem a presença do pai. Além disso, foram ao mundial com lugar para dormir apenas no primeiro dia. Um colombiano que passava por eles no momento que conversavam escutou que os irmãos não tinham onde dormir e os acolheu:

— A gente é mais reconhecido fora do que aqui no Brasil. Na Rússia a gente mal caminhava na rua, a gente viralizou de uma forma absurda. Esse legado cria muita responsabilidade, né? De como ele se dedicou, com tanto amor e carinho, torcendo de uma forma amistosa, coisa que o pai sempre pregou. É muito bonito o que ele deixou pra gente continuar.

Gaúchos no Catar

Agora, eles buscam patrocínio para a viagem ao Oriente Médio para marcar presença no nono mundial consecutivo. A viagem foi decidida de última hora e até o momento, as entradas para todas as partidas da Seleção foram garantidas pela CBF e a hospedagem foi acordada com brasileiro que reside em Doha por um preço mais acessível. Mesmo que “em cima do laço”, os irmãos lideram o projeto Gaúchos na Copa e contam com conteúdos planejados para a viagem, aventura que será movida por muito amor, perrengue e pouco recurso financeiro.

Em busca de patrocínio, os irmãos reforçam que os interessados em contribuir devem entrar em contato pelo Instagram, Twitter ou realizar doações através do pix: [email protected]

— Sabemos o quanto a gente abriu mão do velhinho na vida por ele seguir esse sonho dele e sempre foi gratificante. A gente leva as cores do Estado do Rio Grande do Sul, nossos costumes e cultura. Quem estiver com a gente, vai se eternizar. O pai, de onde estiver, tá muito grato por essa mobilização.

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Início do Mundial 

A abertura da Copa do Mundo de 2022 é sediada pelo Catar. é neste domingo (20) às 12h. O jogo entre Catar e Equador começa uma hora após a cerimônia, às 13h no horário de Brasília. A seleção brasileira entra em campo contra a Sérvia apenas na quinta-feira (24), às 16h.

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