Fantasia de criança em festa de escola gera discussão sobre racismo nas redes sociais

Fantasia de criança em festa de escola gera discussão sobre racismo nas redes sociais

Foto: Redes Sociais

A situação aconteceu no chamado “dia da fantasia"

A caracterização de uma criança de 5 anos durante a comemoração do Dia das Crianças, em uma escola de São Pedro do Sul, na segunda-feira (9), gerou críticas e debates sobre racismo nas redes sociais.


A situação aconteceu em uma escola municipal, no chamado “dia da fantasia”, atividade comum entre as ações que festejam o mês dedicado aos pequenos, permitindo que eles irem para a escola vestidos com seus personagens favoritos ou com figurinos personalizados. Entre as fantasias dos estudantes, uma menina foi caracterizada da personagem Nega Maluca, com o rosto pintado de preto – prática conhecida como blackface, além de utilizar uma peruca black power.


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Compartilhadas nas redes sociais de familiares da estudante, as fotografias mostram a criança e outros colegas durante a atividade da escola. As imagens repercutiram por usuários das redes sociais que apontaram a caracterização como um ato racista.


A vice-diretora da escola afirma que foi procurada pela família da aluna logo que o caso tomou repercussão, e que a escola tem se dedicado a proteger a criança da exposição.


— Para a família dela, em nenhum momento (a fantasia) foi vista como racismo, ela veio de boneca negra. É uma personagem que existe, a nega maluca. Se vocês pesquisarem, em teatros de vários lugares existe essa personagem, e ela estava vestida assim, eu acho que a família em nenhum momento pensou em prejudicar. Porque estão prejudicando a filha, a criança. E eu acho que não o pensamento da família em momento algum foi esse, nem de prejudicar a escola — analisa.


Ela também comentou que a escola costuma explicar aos alunos questões que envolvam diversidade e respeito:


— Aqui na nossa escola a gente trabalha sobre isso. Em novembro tem a Consciência Negra, essa questão é trabalhada em vários momentos do ano. A professora, inclusive, deu uma aula segunda-feira para eles. Eles são pequenos, mas ela conversou bastante sobre isso, sobre as cores e sobre as culturas das pessoas — acrescenta.


O secretário de Educação de São Pedro do Sul, Claudio Bayer, aponta que a secretaria está organizando ações para discutir a questão, em um primeiro momento, com os responsáveis pelas crianças da turma envolvida e, posteriormente, com as demais escolas municipais. Ele também afirma que há anos as escolas da rede municipal têm trabalhado questões étnicas e raciais, seguindo a lei 10.639, que incluiu oficialmente nos currículos escolares o ensino de história e cultura afro-brasileiras


— A gente tem que fazer todo o trabalho de conscientização, não simplesmente num determinado período, isso acontece durante todo o ano. Mas também nós estamos falando de crianças pequenininhas, novinhas, que realmente a mãe e os familiares ali não tiveram esse viés de racismo. Talvez até uma certa ingenuidade e um certo desconhecimento possam ter causado isso — comenta.


Claudio afirma que essas ações vêm no sentido de reforçar o trabalho já desenvolvido pela secretaria:


— Teremos uma nova conversa para tratar a abordagem desse tipo de situação, para que a gente possa, na medida do possível, evitar qualquer atitude ou qualquer coisa que se faça e que possa levar, de maneira involuntária, uma mensagem que não seja correta e que possa caracterizar alguma atitude racista — afirma.


Quanto a exposição das crianças pelo compartilhamento das fotos, o secretário explica que Procuradoria Jurídica do município irá avaliar a situação:


— Eu fiz um relatório pela secretaria da conversa que tive com a mãe, relatando tudo como aconteceu e com a mãe se colocando à disposição. Se for preciso, ela mesmo relata para que a Procuradoria do município analise e tome as medidas que achar necessárias para esse caso. Como professor, como secretário da educação, estou primando, num primeiro momento, por cuidar das criança, principalmente dos coleguinhas daquela turma — acrescenta.


O que é "blackface"?

Do inglês, black, "negro" e face, "rosto", a prática consiste na pintura da pele com tinta escura. Estipula-se que tenha iniciado por volta de 1830, nos Estados Unidos, em meio ao período de transição entre escravidão e abolição da escravatura. como forma de estereotipar de forma negativa a população negra.


Ao contrário do que a normalização da prática deu a entender por muitos anos, o "blackface" não se trata apenas de pintar a pele de cor diferente.


A origem da prática está diretamente atrelada à ridicularização de pessoas negras e tinha como finalidade a privação ao negro no exercimento da cidadania. No século 19, atores brancos usavam tinta para pintar os rostos de preto em espetáculos humorísticos, se comportando de forma exagerada para ilustrar comportamentos que os brancos associavam aos negros.


No contexto brasileiro, a prática se popularizou especialmente durante o carnaval, quando pessoas brancas se fantasiam de “Nega Maluca” ou de “Índio” usando o argumento de que estão fazendo uma homenagem. No entanto, a prática é considerada desrespeitosa para essas culturas.


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