“Esperamos que não seja de fachada”, diz líder da oposição na Câmara sobre novas negociações com Executivo sobre Reforma da Previdência

“Esperamos que não seja de fachada”, diz líder da oposição na Câmara sobre novas negociações com Executivo sobre Reforma da Previdência

Foto: Vinicius Becker

A líder da oposição na Câmara de Vereadores de Santa Maria, Helen Cabral (PT), avaliou como resultado da pressão das categorias a decisão do prefeito Rodrigo Decimo (PSDB) de suspender a tramitação dos projetos da Reforma da Previdência Municipal. Para ela, o recuo momentâneo demonstra fragilidade na base governista e abre uma nova fase do embate político.

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Em entrevista ao Diário, Helen afirma que a suspensão ocorre porque o governo “não teria votos suficientes” para aprovar o texto atual. Em sua avaliação, o conjunto de propostas foi construído sem diálogo real com os servidores e sem participação da oposição.

— Ao meu ver, o prefeito está retirando o projeto porque ele sabe que, como ele está hoje na Câmara, não vai ser aprovado. Então foi uma demonstração de que a base está fragilizada, de que a base não tem condições de votar no projeto como ele está. Primeiro porque foi um projeto feito a portas fechadas. Não teve um debate amplo, foi feito um conselho, mas na verdade é fachada. Não se teve um debate real com as entidades, com os vereadores da oposição — avalia Helen.

A líder da oposição disse também que a mobilização dos professores e municipários foi determinante para o cenário atual. Ela citou paralisações, vigílias e protestos das categorias nas últimas semanas.

— Todas as mobilizações, tanto do Sinprosm quanto dos sindicatos municipais e do movimento dos municipários em luta, foi se fortalecendo com a greve e a vigília que eles têm feito com constância na Câmara. Eles têm sido muito guerreiros e vigilantes para que, de fato, não percam direitos e não seja feito um confisco nos salários deles. É uma dos movimentos sociais e dos sindicatos, pela luta deles — pontua.

Helen também criticou a condução do Executivo na área previdenciária nos últimos anos, mencionando que decisões políticas teriam contribuído para o agravamento da crise no Instituto de Previdência. Para ela, o município não priorizou fortalecer o Ipassp e, por isso, parte significativa do desequilíbrio atual recai sobre a gestão.

Ela considera que a mesa de negociações anunciada por Decimo só terá legitimidade se houver participação efetiva das categorias e do Legislativo.

— Agora diz que vai se abrir uma mesa de negociação. Esperamos que não seja de fachada, como foi o conselho que foi feito. O prefeito fala algo como "agora vai ter uma mesa de negociação para não terem desculpa para não poder aprovar o projeto". Eu acho é uma postura bastante arrogante e autoritária. Mas vamos ver o que que vai acontecer daqui para frente.

A vereadora também disse que pretende defender, junto à bancada do PT, a criação de uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) para investigar a situação das contas municipais. Segundo ela, a medida será avaliada para o retorno dos trabalhos legislativos em 2025.


Entenda

A manifestação do líder do governo acontece após o prefeito Rodrigo Decimo anunciar a suspensão da tramitação dos projetos da Reforma da Previdência Municipal. O Executivo afirma que a decisão foi tomada depois que representantes de categorias alegaram falta de tempo para contribuir com o debate. A suspensão, segundo o prefeito, é uma medida para garantir transparência e ampliar o processo de diálogo.

Decimo aponta que o Instituto de Previdência e Assistência à Saúde dos Servidores Públicos Municipais (Ipassp) enfrenta uma crise financeira grave. A prefeitura já aportou cerca de R$ 215 milhões neste ano para cobrir insuficiências do sistema, cujo déficit projetado chega a R$ 4,5 bilhões. O prefeito anunciou que instalará uma mesa de negociações com todos os vereadores, da base e da oposição, além de sindicatos e demais categorias.


Cenário de greve

A decisão do prefeito ocorre em meio à maior mobilização recente do funcionalismo municipal. Professores da rede municipal completaram, nesta semana, três semanas de greve. Em assembleia realizada no salão do Clube Comercial na quarta-feira (26), os integrantes do Sindicato dos Professores Municipais de Santa Maria (Sinprosm) decidiram manter a paralisação até, pelo menos, a próxima quarta-feira (3). A categoria segue com banca permanente na Praça Saldanha Marinho e vigílias na Câmara de Vereadores.

A greve foi deflagrada em 5 de novembro e tem como foco a revisão da proposta da Reforma da Previdência. O Sinprosm alega falta de diálogo e questiona pontos centrais da mudança, como:

  • Forma de cálculo dos benefícios: para o sindicato, o modelo proposto torna mais difícil o acesso à aposentadoria e afeta tanto servidores ativos quanto aposentados.
  • Contribuição de inativos: a proposta prevê desconto previdenciário a partir de um salário mínimo, o que, segundo o Sinprosm, penaliza quem já contribuiu por toda a vida profissional.
  • Transparência: a entidade critica a ausência de negociação efetiva e afirma que projeções feitas pelo Instituto Gamma de Assessoria a Órgãos Públicos (Igan) foram apresentadas sem construção conjunta com os servidores.

O Executivo sustenta que a reforma é necessária para frear o déficit do Instituto de Previdência (Ipassp), projetado em R$ 4,5 bilhões neste ano. Segundo a prefeitura, cerca de R$ 215 milhões já foram aportados para cobrir insuficiências do sistema.

greve do Sindicato dos Municipários também afeta diretamente serviços públicos. Desde segunda-feira (24), a Farmácia Municipal de Medicamentos Especiais reduziu o atendimento e passou a distribuir 250 fichas diárias entre 8h e 13h, com limitação adicional para novos cadastros. Na manhã de quinta-feira (27), uma longa fila se formou no local, e usuários relataram dificuldade para retirar medicamentos de alto custo e uso contínuo. A farmácia é referência para medicações previstas em Protocolos Clínicos de Diretrizes Terapêuticas (PCDT), que envolvem doenças raras e tratamentos complexos.


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