Foto: Nathália Schneider (Assessoria)
Idealizada pela deputada, iniciativa reconhece o protagonismo de mulheres negras em diversas áreas de atuação
A deputada estadual Laura Sito (PT) vai homenagear mais de 300 mulheres negras com a Medalha Preta Roza no mês de julho. A entrega ocorre nesta quarta-feira (23) no Auditório do Ministério Público do RS, em Porto Alegre. A iniciativa celebra a força, inteligência e competência de mulheres que seguem movendo as estruturas sociais a partir de seus territórios, com atuação em áreas como política, cultura, segurança pública, academia, educação, saúde e trabalho social.
Dez mulheres que atuam em Santa Maria estão na lista de homenageadas. São elas: Arianne Lima de Paula, Daiana Belizario, Dgenne Cristina Ribeiro da Silva, Giane da Silva Vargas, Louise Silveira, Luciane Alves Xavier, Maria Gorette Silveira Brandão, Maria Helena Ferreira Nunes, Marta Iris Camargo Messias e Silvia Leme.
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A entrega da medalha integra o Julho das Pretas, agenda nacional de mobilização em torno do Dia da Mulher Negra Latino-Americana e Caribenha, celebrado em 25 de julho. A premiação propõe uma reparação simbólica e política, reafirmando o compromisso do mandato com a valorização das trajetórias negras no presente. Para Laura Sito, trata-se de mais que uma honraria individual: é uma afirmação política de que as mulheres negras estão no centro das transformações sociais, mesmo quando o poder tradicional tenta apagar essas histórias.
– Preta Roza é símbolo da insurgência negra no sul do Brasil, mas também espelho de tantas mulheres que hoje resistem, criam caminhos, cuidam de suas comunidades e constroem o futuro – afirma a parlamentar.
Quem foi Preta Roza
O nome da medalha homenageia uma figura real da história do Rio Grande do Sul. Preta Roza foi uma mulher negra escravizada e guerreira do quilombo de Manoel Padeiro, na década de 1830. Atuava como combatente armada e estrategista, chegando a se vestir como homem para circular entre espaços de poder e obter informações valiosas. Comparada à Rainha Jinga de Angola, foi morta em combate no dia 16 de junho de 1835 e se tornou símbolo da resistência negra e feminina.
Ao resgatar sua memória e vinculá-la ao presente, a medalha conecta passado e futuro. Celebra a luta de uma heroína invisibilizada e projeta a força de centenas de mulheres negras que seguem transformando o Rio Grande do Sul, muitas vezes sem reconhecimento algum. Em 2025, suas histórias ganham visibilidade e reverência, não apenas como forma de justiça simbólica, mas como parte fundamental da reconstrução do estado.
Mais do que uma cerimônia, a entrega da Medalha Preta Roza representa um gesto coletivo de reparação, memória e reconhecimento que reafirma a centralidade das mulheres negras na construção de um futuro mais justo. O evento é aberto ao público e ocorrerá no dia 23 de julho, às 14h no Auditório do Ministério Público do Rio Grande do Sul em Porto Alegre. Uma edição desta homenagem também será realizada na Região Sul do estado no dia 24 às 18h em Pelotas.
Conheça as homenageadas de Santa Maria
- Arianne Lima de Paula: Jornalista graduada pela Universidade Federal de Santa Maria (UFSM) e especialista em Marketing e Comunicação Digital pela Universidade Franciscana (UFN). Tem experiência nas áreas de televisão, rádio, impresso e digital. É empreendedora e diretora de criação da Good Luke Produções. Há mais de 4 anos, é jornalista do Grupo Diário, no qual atua como apresentadora, repórter setorista da Saúde e editora de conteúdo. No mundo artístico, é compositora e cantora, tendo lançado em 2018 o EP Via com canções sobre a vida, relacionamento e sua visão do mundo enquanto mulher negra.
- Daiana Belizario: Liderança quilombola em Silveira Martins, estudante de Serviço Social na UFSM, integrante do NEABI/UFSM (Núcleo de Estudos Afro-Brasileiros e Indígenas) e conselheira no COMPIR-SM (Conselho Municipal de Promoção da Igualdade Racial de Santa Maria).
- Dgenne Cristina Ribeiro da Silva: Servidora pública estadual, dirigente do CPERS Sindicato e militante do coletivo antirracista da entidade. Atua de forma ativa em movimentos sociais, com trajetória marcada pelo compromisso com a luta por justiça racial e educação pública de qualidade.
- Giane da Silva Vargas: A homenageada é professora adjunta do curso de Licenciatura em História da Universidade Federal do Pampa (Unipampa), no campus de Jaguarão. Doutora em Comunicação e mestra em Patrimônio Cultural pela UFSM, Giane possui uma longa trajetória com o movimento negro de Santa Maria.
- Louise Silveira: É mãe, preta, mulher e filha de mulher preta. Mestre em Geografia pelo PPGEO/UFSM (2020) e graduada em Letras – Língua Portuguesa pelo Centro Universitário Franciscano (2013), atua nas áreas de literatura, gênero e feminismo negro interseccional. Militante do MNU, é também dirigente partidária, assessora parlamentar, conselheira do COMPIR, escritora e pesquisadora. Coordena o projeto Pretxs na Pós, que orienta estudantes negros no ingresso à pós-graduação, com foco na elaboração de pré-projetos. É madrinha da AFASES (Associação de Familiares Atípicos de Santa Maria).
- Luciane Alves Xavier: Luciane Alves Xavier é presidente da AFASES (Associação de Familiares Atípicos de Santa Maria), promotora de eventos e estudante do curso técnico em Enfermagem. Sempre foi uma referência nos movimentos culturais de Santa Maria, especialmente no universo das escolas de samba.
- Maria Gorette Silveira Brandão: Liderança comunitária no bairro Copriano da Rocha, mãe atípica e conselheira tutelar.
- Maria Helena Ferreira Nunes: Mantém um projeto social na Vila Lídia, em Santa Maria. Ao lado da filha Luana, prepara e distribui alimentos para pessoas em situação de rua, de forma autônoma e voluntária.
- Marta Iris Camargo Messias: É coordenadora do Núcleo de Estudos da Cultura Afro-brasileira (Neabi) - Unipampa, presidenta da Comissão Especial de Estudos sobre "História e Cultura Afro-brasileira e Indígena da Unipampa e atualmente é diretora Cultural do Museu Comunitário Treze de Maio.
- Silvia Leme: Também conhecida como Yalorixá Silvia de Osun é liderança comunitária na Vila Schirmer, representante estadual dos povos de terreiro e mãe de santo de Candomblé, à frente da única casa de axé em Santa Maria e também referência na região metropolitana. Desenvolve projetos sociais em sua comunidade, como escolinha de futebol para meninas e cozinha comunitária. Atualmente, é conselheira no COMPIR-SM (Conselho Municipal de Promoção da Igualdade Racial de Santa Maria).
*com informações da assessoria da deputada
Entrega da Medalha Preta Roza
- Porto Alegre: 23 de julho, às 14h, no Auditório do Ministério Público do Rio Grande do Sul (Av. Aureliano de Figueiredo Pinto, 80)
- Pelotas: 24 de julho, às 18h, no Auditório do Direito da UFPel (R. Félix Xavier da Cunha, 363)
- Evento aberto ao público

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