
Durante a 40ª edição da Semana Cultural Italiana de Vale Vêneto, distrito de São João do Polêsine, o aroma e o sabor marcante do bife à milanesa confirmam a fama do prato como o mais aguardado pelos visitantes. Com cerca de 1,5 mil quilos previstos para serem servidos ao longo da programação, o tradicional corte empanado ganha protagonismo nos jantares e almoços da festa, dividindo espaço com outras delícias da culinária italiana, como sopa de agnolini, galeto, risoto e cucas.
O evento, que ocorre paralelamente ao Festival Internacional de Inverno da UFSM, reúne atividades culturais, religiosas e gastronômicas em um ambiente de celebração às raízes italianas da região.
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O bife à milanesa é servido à noite, logo após o recital de professores da Universidade Federal de Santa Maria (UFSM), que ocorre na Igreja de Corpus Christi, cartão postal do distrito. Em seguida, o jantar é embalado pela apresentação de grupos musicais que, a cada noite, animam o salão paroquial com canções típicas da cultura italiana.

Em tom de brincadeira, Tomáz Bortoluzzi, coordenador da Semana Cultural Italiana, comenta que muitos visitantes querem saber o segredo do prato.
– Todo mundo pergunta qual o segredo do bife, mas se eu contar, não tem graça. Tem que vir até Vale Vêneto e provar – diz Bortoluzzi.
Segundo ele, o sucesso da receita está na qualidade da carne adquirida e na atenção dedicada ao processo de preparação.
É na cozinha comunitária que dezenas de voluntários se dedicam diariamente ao preparo dos pratos — do corte da carne à finalização à mesa. Todo o cardápio é feito no mesmo dia em que será servido. Nenhum alimento é reaproveitado ou requentado.
– É tudo novo, feito com muito cuidado e carinho. Isso também faz diferença no sabor – destaca o coordenador

Uma receita com raízes italianas
Apesar de amplamente incorporado ao gosto brasileiro — especialmente no Sul —, o bife à milanesa tem origem na cidade de Milão, no norte da Itália. Conhecido originalmente como cotoletta alla milanese, o prato surgiu entre os séculos 18 e19 e se baseia em um pedaço de carne de vitela empanado em farinha de rosca e frito em manteiga.
Na tradição italiana, o corte costumava manter o osso e era servido de forma mais espessa, diferentemente da versão brasileira, geralmente feita com carne bovina fina, empanada em ovo e farinha de rosca e frita em óleo. A versão local também ganhou adaptações regionais, como o acompanhamento com arroz, massas e saladas — uma mescla que ajuda a explicar o sucesso do prato em festas como a de Vale Vêneto.
O preparo, que exige técnica e dedicação, tornou-se símbolo do esforço comunitário da festa.
– É um trabalho feito com muito carinho por todos os voluntários, que se revezam nas equipes de cozinha para manter a tradição viva – destaca Tomás Bortoluzzi.
A Semana Cultural Italiana
A Semana Cultural Italiana de Vale Vêneto teve início em 1985, idealizada por moradores e lideranças locais com o objetivo de preservar e valorizar o legado dos imigrantes italianos que colonizaram a região no final do século 19. Desde então, o evento tornou-se uma das principais celebrações da cultura italiana no Rio Grande do Sul, atraindo visitantes de diversas cidades do estado e também de fora dele. A programação integra música, dança, fé, gastronomia e história, sempre com forte engajamento da comunidade local.

A programação segue até o próximo domingo (3), com atividades diárias e um cardápio que reforça o papel da culinária como símbolo da identidade cultural de Vale Vêneto.