Coleta seletiva cresce em Santa Maria e já supera 600 toneladas em 2025

Coleta seletiva cresce em Santa Maria e já supera 600 toneladas em 2025

Foto: Vinicius Becker (Diário)

Hoje com 32 associados, a associação pretende chegar a 40, mas depende de espaço físico maior para separar setores como sigiloso, sucata e triagem.

A coleta seletiva de Santa Maria vem mostrando crescimento contínuo desde que começou a funcionar no novo modelo, em maio de 2023. Segundo a Secretaria de Serviços Públicos, de janeiro a outubro deste ano, 603,05 toneladas de recicláveis já foram recolhidas pela prefeitura e pela Associação dos Selecionadores de Materiais Recicláveis (Asmar). O número mantém a tendência de alta observada desde a implantação: foram 409,92 toneladas em 2023 e 750,04 toneladas em 2024, totalizando cerca de 1.760 toneladas de material coletado nos últimos 2 anos e seis meses.

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Os dados confirmam que, após anos de tentativas fracassadas, o sistema finalmente se consolidou em um modelo que funciona de duas formas: coleta porta a porta, em 12 bairros atendidos pelas rotas; e ponto a ponto, a partir de solicitações de condomínios, escolas, empresas e moradores. Desde que o novo formato entrou em vigor, o volume recolhido cresceu de forma contínua, e o aumento registrado até outubro de 2025 chega a 47%. Além do avanço na quantidade, a Asmar também observa melhora progressiva na qualidade do material entregue, com destaque para bairros como Camobi, hoje o mais engajado da cidade.

A Aasmar fica hoje na Rua dos Branquilhos, nº 79, no Bairro Nova Santa Marta -Foto: Vinicius Becker (Diário)


Rotas e equipe ampliadas, caminhão novo e adesão crescente

Margarete Vidal, coordenadora da Asmar, explica o funcionamento da coleta seletiva e os avanços conquistados desde 2023.Foto: Vinicius Becker (Diário)

Para a coordenadora da Asmar, Margarete Vidal, a mudança mais perceptível nesses dois anos e meio foi a capacidade maior de atendimento. Segundo ela, a chegada de um caminhão novo, adquirido por meio do do Ministério Público do Trabalho, permitiu expandir o raio de coleta e alcançar moradores que antes não recebiam o serviço.  Atualmente, a coleta é realizada de segunda a sábado, atendendo bairros, condomínios, empresas e instituições (confira o cronograma abaixo). 

Além disso, a adesão da população também evoluiu. Isso também é algo apontado pela prefeitura, que destaca o aumento no número de franquias do varejo que aderiram à coleta seletiva. 

— Quando começou (em 2023), a população estava acostumada com uma coleta diária. A gente já fazia uma coleta, mas não conseguia atender todas as regiões. Agora, conseguimos abranger mais partes da cidade. Além do aumento da quantidade de resíduos recolhidos, a qualidade do material e a nossa forma de trabalhar também tiveram um grande crescimento — explica.

E o crescimento da coleta também exigiu reforço na equipe. Desde 2023, a Asmar aumentou o quadro de cerca de 20 para 32 trabalhadores. Com mais pessoas, também aumentaram os custos com EPIs, uniformes, manutenção de equipamentos e horas de trabalho.

O contrato da Asmar com a prefeitura é válido até março de 2026, com valor atualizado de R$ 75.931,96 mensais, e pode ser estendido até 2028.

Com 32 trabalhadores, a associação ampliou a equipe em 13 pessoas desde 2023 para dar conta do aumento na demanda.Fotos: Vinicius Becker (Diário)

Cronograma nos bairros
Nesses locais, cada morador terá a responsabilidade de separar corretamente os resíduos, colocando os nas lixeiras em frente às suas casas

  • Tancredo Neves – Segunda e quarta-feira (coleta de dia)
  • Camobi – Terça, quinta-feira e sábado (coleta de dia)
  • Pinheiro Machado – Quarta e sexta-feira (coleta de dia)
  • Medianeira – Segunda-feira (coleta noturna)
  • Nossa Senhora de Lourdes – Terça-feira (coleta noturna)
  • Nonoai – Quarta-feira (coleta noturna)
  • Nossa Senhora das Dores – Quinta-feira (coleta noturna)
  • Patronato – Sexta-feira (coleta noturna)
  • Duque de Caxias – Sextafeira (coleta noturna)
  • Menino Jesus – Sábado (coleta noturna)
  • Nossa Senhora do Rosário – Sábado (coleta noturna)
  • Noal – Quarta (coleta noturna)
  • Centro + Conteinerizada + seletiva (para públicos específicos)

Atualmente, o Bairro Camobi é o que mais contribui, com grande volume e boa qualidade. Tancredo Neves e Pinheiro Machado também ampliaram a participação, segundo a prefeitura.

Foto: Vinicius Becker (Diário)


Como funciona o processo dentro da Asmar

Trabalhadores da Asmar separam manualmente os materiais que chegam da coleta seletiva. A etapa é essencial para garantir qualidade e destinação correta dos resíduos.Foto: Vinicius Becker (Diário)

Depois de ser recolhido, os recicláveis são descarregados na sede da Asmar e passam por diversos setores até chegar à venda final. Lá é feita a triagem, momento em que os trabalhadores veem o que, de fato, o que pode ser aproveitado e reciclado.

Processo de triagem.Foto: Vinicius Becker (Diário)


Documentos e materiais sigilosos, por exemplo, passam pela picotadora. Depois disso, papéis, plásticos e metais passam pela prensa para, finalmente, serem organizados em lotes e armazenados no galpão. Depois disso, já compactados em lotes, os materiais são encaminhados para empresas pelo transporte até as fábricas de reciclagem. Os únicos materiais vendidos diretamente pela Asmar são o vidro e a sucata retirada de eletrônicos e eletrodomésticos.

Já a venda é feita a cada 15 dias por falta de espaço físico para armazenamento. 

Na Asmar, o trabalho começa às 6h30min e termina às 19h, de segunda à sábado.Foto: Vinicius Becker (Diário)

Material sigiloso: 40% da renda mensal da associação

Equipe realiza a trituração de documentos com dados pessoais e empresariais.Foto: Vinicius Becker (Diário)


Os itens mais recebidos atualmente são papelão, papéis brancos/sigilosos e vidro. Em menor escala, entram outros plásticos e metais. Mas, um dos pontos mais fortes na operação é o chamado material sigiloso, que são documentos físicos que precisam ser fragmentados antes do descarte, como histórico de funcionários, registros bancários, dados pessoais e documentos sensíveis de instituições.

O serviço é contratado por empresas, lojas, supermercados, instituições e até pessoas físicas, que podem entregar o material diretamente na Asmar.

— Começamos com uma máquina fragmentadora feita por nós mesmos. Depois, fomos entendendo que muitas empresas tinham esse material com dados pessoais, que não pode ir para o lixo comum. Hoje, 40% da nossa renda mensal vem desse tipo de fragmentação.

Equipamento industrial tritura papéis sigilosos enviados por empresas e órgãos públicos.Foto: Vinicius Becker (Diário)


Fim de ano movimenta o trabalho

Container de vidro da Asmar, com capacidade para até 26 toneladas.Foto: Vinicius Becker (Diário)

Outra curiosidade sobre o trabalho da associação é a sazonalidade. De acordo com Margarete, entre novembro e março, tradicionalmente, períodos com maior volume de resíduos. O crescimento ocorre devido à limpeza das casas para as festas, descarte de embalagens de presentes, reformas e preparação para o início do ano letivo.

Na etapa final do ano, o vidro ganha protagonismo. 

— Em menos de 20 dias, nós enchemos um contêiner que recebe até 26 toneladas de vidro — conta Margarete.

Foto: Vinicius Becker (Diário)


Circ: a concessão regional que deve ampliar a coleta seletiva para 100% da cidade

Paralelamente, Santa Maria também se prepara para uma mudança estrutural no manejo de resíduos com a implantação da concessão regional do Consórcio Intermunicipal da Região Centro (Circ), que reúne 32 municípios. O projeto, estruturado há dois anos com apoio técnico da Caixa e previsto para ser licitado após a fase de audiências públicas, vai unificar e definir a melhor modelagem para coleta, transbordo, transporte, tratamento e destinação final dos resíduos domésticos e públicos.

Para o município, por ser o maior gerador de resídulos, a principal novidade será a possibilidade de sediar a estação de tratamento e o novo aterro sanitário, além de receber um galpão ampliado de 5.000 m² para a Asmar, com possibilidade de instalação de outros dois galpões conforme o aumento da demanda. A expectativa é que, com o modelo consorciado, seja possível ampliar a coleta seletiva porta a porta para 100% da cidade, algo que hoje é limitado pela capacidade física e operacional da associação.

Segundo o secretário municipal de Serviços Públicos, Rui Fabbrin, os estudos técnicos da concessão já estão concluídos e atualmente o processo passa ajustes dos documentos licitatórios, realização das audiências públicas e encaminhamento para aprovação nos legislativos municipais.

Na avaliação da prefeitura, o modelo traz vantagens que os municípios dificilmente conseguiriam alcançar sozinhos. Isso porque as exigências legais para o setor, previstas na Política Nacional de Resíduos Sólidos e no Plano Nacional de Saneamento Básico (Plansab) demandam investimentos altos e grande volume de materiais para viabilizar tecnologias de tratamento e destinação adequada. Ao reunir os municípios sob uma única concessão, cria-se uma escala suficiente para atrair aporte privado, reduzir custos operacionais e permitir que todas as etapas sejam executadas dentro dos padrões ambientais exigidos.

Como enviar os recicláveis

Fardos organizados ocupam todo o espaço disponível no galpão, uma das razões pelas quais a Asmar pretende ampliar a estrutura física. Na foto aparece o papelão, um dos itens mais recolhidos.Foto: Vinicius Becker (Diário)

Para garantir boa qualidade no processo, a Asmar reforça que o material deve ser entregue limpo, enxaguado e sem restos de alimentos.

— Enquanto está dentro de casa, pode parecer só lixo. Mas quando passa para dentro do nosso caminhão, ele é a nossa matéria-prima. Então, ela tem que chegar com qualidade — reforça Margarete.

Além da coleta porta a porta e agendada, também é possível levar os descartáveis diretamente na sede da Asmar, na Rua dos Branquilhos, 79, Bairro Nova Santa Marta, onde moradores também podem conhecer as instalações.

Os contatos da associação são:

📧 [email protected]
📱 (55) 98111-0146

Foto: Vinicius Becker (Diário)


O que pode ser destinado na coleta seletiva

Foto: Vinicius Becker (Diário)
  • Plásticos – Sacos/sacolas em geral, embalagens pet (de refrigerante, óleo, vinagre), canos e tubos de PVC e embalagens de produtos de limpeza
  • Vidro – Garrafas, frascos, potes e embalagens de remédios vazias devem ser colocados em recipientes separados, o indicado para o descarte é condicioná-los em embalagens de material firme, que podem ser caixas de papelão, por exemplo; vidros quebrados e outros materiais cortantes podem ser enrolados em material firme (caixa ou papel), bem como dentro de garrafas pet, para evitar acidentes
  • Metal, alumínio e aço – Panelas, torneiras, latas de refrigerante e de cerveja, ferragens, chapas, cobre, embalagens de marmitex, tubos de desodorante e enlatados
  • Papel e papelão – Jornal, revistas, folhas de papel, cartões, cartolinas, documentos, impressos em geral, caixas em geral e caixas de remédio
  • Eletrônicos – CPU’s, estabilizadores, nobreaks, placas eletrônicas em geral, celulares, tablets, notebooks, fios e impressoras
  • Sucatas – De ferro, cobre, arame e bens inservíveis de linha branca, como máquinas de lavar, de secar e de lavar louça, geladeira, freezers e fogão
  • Embalagens de Tetra Pak – Embalagens de suco e leite
  • Óleo de cozinha – Acondicionado em garrafas pet, bem fechadas

O que não pode

  • Resíduos orgânicos
  • Rejeitos
  • Plásticos dos seguintes tipos: copos descartáveis, embalagens PET coloridas, metalizados (embalagens que são coloridas por fora e metalizadas por dentro, como de salgadinhos e biscoitos), adesivos, esponjas de louça
  • Adesivos, papéis e guardanapos engordurados, fotografias, etiquetas
  • Porcelana e cerâmica
  • Isopor
  • Móveis
  • Lâmpadas fluorescentes e de led
  • Pilhas e baterias
  • Pneus
  • Materiais de construção civil

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