Crise hídrica

Chuvas melhoram os níveis das barragens e afastam os riscos de desabastecimento

Chuvas melhoram os níveis das barragens e afastam os riscos de desabastecimento

Foto: Eduardo Ramos (Diário)

Há quatro anos, o Rio Grande do Sul enfrenta os problemas causados pela estiagem, que afetam o setor econômico, agrícola e social. Neste ano, 39 municípios da Região Central do Estado decretaram situação de emergência no período de seca. A falta de chuvas causou desabastecimento de água e deixou um prejuízo superior a R$ 3 bilhões para a agricultura, conforme dados da Emater. Em Santa Maria, a barragem Rodolfo Costa e Silva chegou ao nível mais baixo já registrado e a do DNOS ficou abaixo da capacidade ideal. Em outras cidades, como Itaara e Caçapava do Sul, a Companhia Riograndense de Saneamento (Corsan) precisou utilizar caminhões-pipa para suprir a crise hídrica e não afetar a população. No início do mês de maio, com as intensas chuvas no Estado, as barragens e os rios começaram a recuperar os níveis e se afastar da situação crítica que apresentavam. Ações estão sendo realizadas pela Corsan para reduzir os prejuízos para o próximo ano, se a estiagem continuar severa. 

Segundo dados da BaroClima Meteorologia, alguns municípios da região passaram o acumulado de 200 milímetros (mm) de chuva. Assim, a situação da crise hídrica na região começa a mudar de cenário, a partir de agora, para uma recuperação gradual dos volumes de água. O meteorologista Gustavo Verardo afirma que uma massa de ar seco e frio manterá o tempo estável com muito sol e temperaturas baixas logo cedo até a próxima segunda-feira. Já as chuvas vão voltar no final do mês.

– Um evento mais expressivo de chuva tende a acontecer apenas em meados de 21 de maio (ainda incerto na questão de posicionamento), com chuva de até 50mm. A chuva que caiu foi muito importante e expressiva, afinal foi o maior evento desde julho de 2022. Santa Maria e diversos municípios da Região Central já estão com a chuva de maio acima da média histórica.

Chuva observada durante o período de 1º a 07/05 na Região Central:

  • Caçapava do Sul - 307mm
  • São Sepé - 259mm
  • Lavras do Sul - 245mm
  • Vila Nova do Sul - 230mm
  • Tupanciretã - 195mm
  • Rosário do Sul - 186mm
  • Quevedos - 175mm
  • Toropi - 167mm
  • Dona Francisca - 165mm
  • Restinga Sêca - 156mm
  • Cruz Alta - 151mm
  • Jari - 150mm
  • Júlio de Castilhos - 126mm
  • Jaguari - 125mm
  • Nova Palma - 108mm
  • Faxinal do Soturno - 89mm
Gráfico: Baroclima com informações do cemaden, INMET e estações particulares

Cenário atual das barragens que abastecem Santa Maria

Aqueles que conhecem a barragem do DNOS, localizada no Bairro Campestre do Menino Deus, uma das que abastece Santa Maria, têm percebido nos últimos anos a redução de volume de água do local. Em 2023, o cenário não foi diferente e a seca castigou a barragem. Para o construtor e morador da região há oito anos, Marco Antônio Oliveira de Souza, 58 anos, antes das chuvas, já estavam aparecendo os canos que captam a água da barragem. Apesar deste cenário, o município não precisou fazer racionamento de água ou usar caminhões-pipa para o abastecimento.

– Teve um ano que as ruínas (que deveriam ficar submersas na barragem) apareceram tanto que podíamos quase entrar lá dentro. Agora, está aparecendo só a parte de cima. Dentro da barragem, tem como se fosse uma ilha, e outro ano ela apareceu. Neste ano, não aconteceu isso. Ela já esteve um pouco mais baixa do que ficou dessa vez – relata o morador. 


Morador há oito anos da localidade próxima a barragem do Dnos, Marco Antônio Oliveira de SouzaFoto: Eduardo Ramos (Diário)

Conforme o superintendente regional da Corsan, José Epstein, a barragem do DNOS  chegou a ficar em 7,40 metros abaixo do nível normal. Isso representa um pouco mais de 15% do volume útil da represa. Mas, em outros anos, como comentou o morador da região, o local esteve em uma situação bem mais crítica, chegou até a secar.


– Depois das chuvas, a coleta de informações foi feita em 8 de maio, e o DNOS está com 6,90 metros abaixo do vertedouro. Está subindo alguns centímetros por dia. Se as chuvas continuarem neste ritmo vai levar em torno de 40 a 60 dias para chegar ao nível máximo – explica Epstein.

Foto: Eduardo Ramos (Diário)

Ao total, Santa Maria é abastecida por três reservatórios: a barragem do DNOS, Rodolfo Costa e Silva e a Saturnino de Brito, que recebe água da barragem Rodolfo, localizada no município de Itaara, ou seja é um reservatório que está sempre cheio.  Neste ano, a Rodolfo chegou ao nível mais baixo já registrado.

– Na Rodolfo Costa e Silva constatamos o nível mais baixo historicamente, mas, mesmo assim, ainda sem problemas no abastecimento. É a mesma situação da DNOS, vai demorar em torno de 40 a 60 dias para chegar a capacidade total – ressalta o superintendente da Corsan.   

Barragem do DNOS 

  • Altura máxima de 12 metros
  • Atualmente está com 6,90m abaixo do vertedouro
  • Já ficou com 7,40m abaixo do nível ideal 
  • Ao total, o DNOS comporta 3,8 milhões m³ de água
  • É retirado por dia 19 mil m³ de água 

Barragem Rodolfo Costa e Silva (localizada em Itaara)

  • Altura útil de 28 metros
  • Chegou a ficar 9m abaixo do nível máximo
  • Depois das chuvas, encontra-se com 6,7m abaixo da capacidade total. Recuperou em torno de 2m 
  • Ao total a barragem comporta 28 milhões de m³ de água
  • É utilizado 60 mil m³ de água por dia   

Barragem Saturnino de Brito (localizada em São Martinho da Serra)

  • É considerado um reservatório de nível, que recebe água de outra barragem
  • 15m de altura
  • Está sempre cheia
  • Comporta 310 mil m³ de água 
Barragem Rodolfo Costa e SilvaFoto: Eduardo Ramos (Diário)

Atualizações das barragens da região 

O município de Itaara decretou situação de emergência e estava, até o último domingo (07), sendo abastecido por caminhões-pipa. A cidade é abastecida pela barragem do Lago da Socepe, que ficou apenas com 10% da capacidade total. Segundo Epstein, na região choveu em torno de 200mm, o que permitiu a barragem atingir o volume total e começar a operar com 100% da capacidade total.

– Desde 1º de fevereiro, estávamos com uma logística de carro pipa para abastecer parte do volume necessário, com águas de Santa Maria. O fornecimento variava em torno de 70% e o que faltava utilizamos do Lago da Socepe. Agora, o abastecimento público do município já está em situação normal. 

Barragem do Lago da Socepe

  • Chegou a ficar com 10% da capacidade total
  • Tem 4,40m o nível total e 1,40m o volume útil utilizado
  • Recuperou 100% do nível 
  • Comporta 278 mil m³ de água 
  • Utiliza 1400 m³ de água por dia

Silveira Martins é a única cidade da Região Central que não decretou situação de emergência em função da estiagem, o que fez do município uma exceção. A barragem Arroio do Veado tem um histórico de seca, por isso foi feita uma ampliação desse reservatório. Neste ano, a situação estava crítica, mas como a estrutura recebe água de córregos, o processo de recuperação está acontecendo de forma gradativa.

Barragem Arroio do Veado

  • Tem profundidade média de 2,11m e altura máxima de 8m
  • Estava em torno de 40 cm abaixo do vertedouro com as últimas chuvas 
  • Tem um volume de 88 mil m³ e são retirados 700 m³ de água diariamente

Em Restinga Sêca, a barragem Santa Gertrudes tem 4 metros de altura útil e reduziu para 0,95 centímetros o nível total do reservatório. Com esse cenário, a Corsan precisou utilizar uma barragem intermediária nas proximidades do rio Vacacaí Mirim. Além disso, foi feito uma transposição do Rio Jacuí para o abastecimento da cidade. 

 Barragem Santa Gertrudes (abastece Restinga Sêca)

  • Altura útil de 4m, que comporta 400 mil m³ de água 
  • Chegou a um nível de 0,95cm, ela ficou com apenas 7900 m³ de água
  • Para o município é captado em torno de 2400 m³ por dia 
  • Atualmente, encontra-se com 3,50m, ou seja 85% do volume total do reservatório

Barragem do Arroio Mathias (abastece o município de Formigueiro) 

  • Altura 8,4m
  • Profundidade 4,41m 
  • Tem capacidade de 210 mil m³ de água e é retirado 700 m³ diariamente
  • Não apresentou problemas críticos em relação ao nível da barragem
  • Baixou no máximo 1m 
  • Com as chuvas recuperou um pouco do nível normal do reservatório

Situação de Caçapava do Sul e Santiago  

A cidade de Caçapava do Sul é abastecida por duas barragens: Fonte do Mato e a do Salso. A primeira, praticamente, secou no período mais crítico da estiagem. De acordo com o superintendente regional da Corsan da região do Pampa, Maximiliano Alves de Moraes, o abastecimento público do município foi feito parciamente pela barragem do Salso, de forma precária, e o resto por caminhões-pipa, com água de uma antiga reserva de calcário. Além disso, para Moraes, essa foi a pior crise hídrica dos últimos tempos para os municípios que ele atua na cobertura.

– Não foi preciso racionamento e não interrompemos o abastecimento em momento nenhum. Depois das chuvas, estamos com as duas barragens cheias. Utilizamos 70% da água da Fonte do Mato e 30% da do Salso. Essa última não é uma barragem de acumulação, porque ela está sempre vertendo, é como se fosse um reservatório intermediário, mas temos previsão de aumentar a capacidade dela – detalha Moraes. 


Foto: Ary Figueiredo Gestor/Divulgação Corsan Caçapava do Sul

Barragem Fonte do Mato

  • Altura de 7m para verter a água
  • Já voltou ao nível normal 
  • Chegou a 80 cm no período mais crítico 

O abastecimento hídrico na cidade de Santiago não foi modificado. No entanto, o superintendente da Corsan da região do Pampa explica que houve uma tensão em relação ao nível da água do reservatório, porque se não chovesse nos próximos 30 dias, seria preciso entrar no racionamento público.
– Foram perfurados dois poços artesianos, um deles está pronto. Vamos deixar ele como reserva, porque choveu. O outro ainda está sendo perfurado, junto a barragem e é para ter grande vazão. Os poços vão servir para auxiliar o reservatório e diminuir as consequências das próximas estiagens. Estamos realizando alguns estudos para os próximos verões, para aumentar o nível da barragem, mesmo com os poços. 

Barragem Lajeado Pinheiro

  • Altura de 8m 
  • Chegou a 2,30m 
  • Atualmente, está em 6,62m de nível 

Aumento no volume dos rios da região 

Em 4 de maio, a Defesa Civil do município recebeu uma notificação de alerta do Centro Nacional de Monitoramento e Alertas de Desastres Naturais (Cemaden) sobre a possibilidade de chuvas acima de 200mm. Por isso, áreas de possíveis alagamentos e deslizamentos foram monitoradas pelo órgão. 

Conforme o coordenador da Defesa Civil, Adão Lemos, o Rio Vacacaí ficou acima do normal, mas não afetou nenhuma das casas, como no Balneário do Passo Verde, que choveu quase 300mm e sofre com enchentes, quando o rio transborda. Para complementar, os rios Vacacaí Mirim, o Arroio Cadena, Cancela e o Passo das Tropas não chegaram a transbordar.

– Mesmo que não teve alagamento com as chuvas, tivemos muitos chamados para a entrega de lonas. E no Bairro Km 3 tivemos uma situação de emergência, mas a prefeitura já começou a resolver o problema – destaca Lemos.

Foi atingido pela chuva? 

Serviço da Defesa Civil ​

  • WhatsApp da Defesa Civil: 99110-7940
  • (55) 3174-1552 ramal 
  •  Ciosp
  • (55) 99217-8122 (WhatsApp)
  • (55) 99167-4728 (WhatsApp)
  • (55) 99167-8452 (WhatsApp)
  • Guarda Municipal  Telefone: 153

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