Rian Lacerda
Passageiros do transporte coletivo de Santa Maria foram pegos de surpresa no final da manhã desta segunda-feira (30) com a paralisação parcial dos ônibus em pleno horário de pico. Por volta das 11h40min, integrantes do Sindicato dos Trabalhadores e Condutores de Veículos Rodoviários (Sitracover) bloquearam totalmente duas faixas da Avenida Rio Branco, no Centro, com uma mobilização que se estendeu até as 13h40min.
A paralisação afetou dezenas de linhas, especialmente em direção aos bairros das regiões Oeste e Norte da cidade, além dos ônibus para a Universidade Federal de Santa Maria (UFSM) e todo o Bairro Camobi. Muitos passageiros precisaram recorrer a carros de aplicativo, que formaram filas na esquina entre a Rio Branco e a Rua Venâncio Aires.
Reivindicação salarial
Com faixas e megafone, o Sitracover cobrou a reposição salarial de 4,56% referente à inflação acumulada, além de 6% referentes a perdas não repostas durante a pandemia, totalizando cerca de 10%. Segundo o presidente do sindicato, Rogério Santos da Costa, já são cinco meses sem proposta de reajuste, desde a data-base em 1º de fevereiro.
– Nós estamos pedindo o INPC e também 6% das perdas salariais que a categoria teve na pandemia. O reajuste foi zero. A data-base é em fevereiro, e até agora o patronal alega que não tem como apresentar proposta por falta de subsídios da prefeitura – disse Costa.
Ainda nesta segunda-feira à noite, uma reunião do sindicato deve definir a data para o lançamento de um edital de greve geral. A paralisação futura, segundo Costa, pode atingir todas as seis empresas do transporte coletivo da cidade, por tempo indeterminado.
Relatos de passageiros
Com a suspensão das viagens, passageiros relataram transtornos e atrasos nesta segunda. Luciele Santos, 33 anos, que tinha uma consulta de pré-natal marcada no Hospital Universitário de Santa Maria (HUSM), não conseguiu chegar a tempo.
– E agora, como é que faz sem ônibus? A gente tem que dar um jeito, né? Porque não tem cabimento isso – lamentou.
O mesmo ônibus era esperado por Jeferson Luciano Alves Neves, 49 anos, que seguia para o trabalho em um supermercado e não conseguiu avisar o patrão do atraso.
– Eu estou aflito. Entro meio-dia e meia no trabalho. Ainda nem avisei o pessoal porque estou sem WhatsApp agora. Me pegou de surpresa – disse.
Posicionamentos
Em nota, a Associação dos Transportadores Urbanos de Passageiros (ATU) lamentou os transtornos causados pela mobilização e afirmou estar sempre aberta ao diálogo com a categoria.
Até a publicação desta reportagem, a prefeitura ainda não havia se manifestado.
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