Caça aos hidrômetros, desafios da rotina e emissão da fatura: conheça o trabalho dos leituristas que percorrem a cidade

Fotos: Tales Trindade (Diário)

Faça chuva ou faça sol, Martha Helena Martins de Souza, 42 anos, passa de casa em casa para uma missão importante. É ela uma das responsáveis por registrar a leitura, que aponta o consumo de água de um imóvel. A partir desse número, a fatura é emitida. Para entender como funciona esse processo, feito por profissionais da Corsan, a reportagem do Diário acompanhou o trabalho desses trabalhadores, cujo Dia do Leiturista é neste domingo (20).

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Terça-feira, 10 de junho. Na palma da mão, Martha tem detalhado os imóveis que precisa percorrer a cada dia. São aproximadamente 300 nas proximidades da Avenida Presidente Vargas, no Bairro Nossa Senhora de Fátima. O primeiro passo é localizar o hidrômetro e conferir o número que aparece em uma espécie de etiqueta. É como se cada equipamento tivesse uma identidade.

– Cada hidrômetro é diferente. Não existem dois com o mesmo número – explica Martha.

Martha é agente da Corsan há um ano e meio

Depois de conferir a leitura indicada pelos números pretos no medidor, o registro é feito no sistema – o mesmo que guia Martha durante o percurso. O próximo passo é emitir a fatura do mês. Nessa etapa, o sistema indica se a conta será enviada por e-mail ou deve ser deixada impressa. No segundo caso, a leiturista reitera que a orientação é deixar com o cliente ou na caixa de correio. Só em último caso, a fatura é colocada no portão, de forma que fique bem visível. Todos os passos são registrados no celular.

São 14h50min. Martha se aproxima de uma das residências e comenta:

– O hidrômetro está ali, dentro do pátio e o proprietário não está em casa.

Na maior parte dos imóveis, o hidrômetro fica dentro do imóvel

Nesse caso, a leiturista entra em contato com a equipe, que atua como um suporte interno, e pede o contato do consumidor, já que o profissional não pode entrar nas residências sem autorização. Na ligação, explica que precisa acessar o imóvel para conferir a leitura. Pacientemente, esperou que um conhecido desse acesso ao local. E assim, a rota seguia. No meio do caminho, uma pausa para trocar o rolo de papel para impressão. Cada um emite cerca de 70 faturas.

Por falar em fatura impressa, Martha lembra que uma situação que pode pegar o consumir de surpresa é o aviso de débito, que muitas vezes é confundido como uma segunda fatura.A gerente institucional da Corsan, Andreia Zanini, que acompanha o trajeto, reforça que a conduta funciona como um lembrete e também uma nova oportunidade de pagamento:

– No momento da emissão da fatura, podem sair dois documentos. O primeiro documento é a fatura que foi de fato medida o consumo e um aviso de débito. Nesse caso, a emissão é feita porque existe alguma pendência anterior. Não significa que a pessoa tenha recebido duas faturas no mesmo mês.

Essa é a rotina de Martha nos últimos 18 meses. Apesar dos desafios do clima, que por vezes coloca os termômetros próximo dos 40ºC e em outras obriga a tirar uma capa de chuva do armário, é o que gosta de fazer. Ela conta que a profissão uniu duas paixões: o exercício físico e o contato com o público. Características que resumem bem as funções que procura no mercado de trabalho:

– Estou caminhando, na rua e lidando com o público, então, junta duas coisas que eu gosto: lidar com o público e estar em atividade física. E o principal em profissões como essa é gostar de estar com as pessoas.

A gerente institucional da Companhia reforça a importância dos agentes de campo, ou leituristas, como são chamados:

– O trabalho do leiturista é muito importante dentro do contexto geral da Corsan. É por meio dessa visita que o leiturista consegue identificar a medição dos hidrômetros, fazendo a leitura.

Também é o agente que nos traz todas as informações de cadastro. Então, é de extrema importância essa atividade, assim como a orientação que é passada para os agentes que executam a tarefa e abordam os clientes.

Se o proprietário estiver no imóvel, a fatura é entregue em mãos

“O cão está para te proteger, mas não me conhece”

Perto da residência indicada para o registro da leitura, Martha sinaliza o hidrômetro, que está a cerca de um metro da calçada. É nessa hora que aciona um instrumento importante: a vareta – similar a uma mangueira e que é usada para abrir a caixinha do hidrômetro.

– Agora vocês vão descobrir para que serve”, anuncia.

A identificação do hidrômetro é uma parte importante do processo

Na mesma casa, um aviso anunciava que ali morava um “cão bravo”. Questionada sobre acidentes envolvendo ataques caninos, ela afirma ser uma das maiores preocupações. Com ela, foram dois episódios durante o período de trabalho como leiturista.

– Olhei e não tinha nada. No que eu encostei… apareceu uma mini fera (risos). Outra vez, fui colocar a fatura no correio e o cachorro saltou no meu braço – conta.

Além de cães e mau tempo, outros contratempos podem acompanhar a rotina. A contestação de contas é uma delas. Nesse caso, uma equipe na retaguarda faz o monitoramento:

– A equipe faz a avaliação e se verificar que está tudo correto, libera para o cliente e ele recebe a conta. Se for identificada alguma situação atípica, o cliente recebe um aviso e a conta é entregue com o valor correto – afirma Andreia.

Cuidados com o hidrômetro

Uma das funções do leiturista é o cuidado com o hidrômetro. Andreia explica que dentro do regulamento de serviços da Corsan, existe a previsão de que o hidrômetro precisa estar acessível para os serviços da Companhia, como execução da leitura ou qualquer outro serviço de manutenção.

– O leiturista observa se esse acesso está de acordo, se existe algum impedimento ou necessidade de ser reposicionado, muitas vezes, para a frente do imóvel para que consiga fazer o acesso mensal.

Andreia falou sobre a importância do trabalho do leiturista

Por isso, a Companhia recomenda alguns cuidados com o hidrômetro:

Fazer inspeções de tempos em tempos para verificar se há vazamentos ou falhas.
Manter a área ao redor limpa e desobstruída, sem objetos que atrapalhem o acesso.
Pedir manutenção técnica se o hidrômetro estiver danificado ou com o visor embaçado.

Aferição do hidrômetro

Outra situação recorrente é o questionamento do consumidor sobre o consumo ou valor da fatura. Nesse caso, pode ocorrer uma confirmação da leitura ou uma aferição do hidrômetro que passa por uma avaliação técnica.

– Sempre orientamos os moradores para que se certifiquem de que não é um problema interno ou de vazamento que muitas vezes não está visível. Caso a leitura esteja correta e não haja vazamento interno, é possível que seja feita a aferição do hidrômetro, que nada mais é que uma perícia nesse hidrômetro para verificar se ele realmente está medindo corretamente. É uma oportunidade dada ao cliente para verificar a medição.

Apenas o titular da conta de água pode solicitar esse serviço, usando os canais de atendimento da concessionária. O pedido deve ser feito antes do vencimento da fatura que está sendo questionada.

O que acontece se a leitura não é feita?

A leitura pode ser feita de duas maneiras:

Manual: um profissional verifica o mostrador do hidrômetro, onde o consumo é registrado.
Automática: um sistema remoto envia diretamente para uma central de monitoramento.

Conforme a gerente institucional, a prioridade é realizar a fatura manual. Mas algumas situações como portões fechados, cachorro no pátio e qualquer situação que ofereça risco ao agente, podem impedir o registro. Nesse caso, a fatura é emitida pela média dos últimos meses.

Como saber se o hidrômetro está com problema?

Você pode perceber que algo não está certo com o hidrômetro se notar: