Brasão pintado a mão está entre os documentos salvos do arquivo da UFSM; trabalho de recuperação pode levar até cinco anos

Brasão pintado a mão está entre os documentos salvos do arquivo da UFSM; trabalho de recuperação pode levar até cinco anos

Foto: Beto Albert (Diário)

A força-tarefa criada para salvar o arquivo da Universidade Federal de Santa Maria (UFSM), que foi atingido pelas fortes chuvas, já deu início a primeira etapa do processo de recuperação de mais de 90% dos documentos. Trata-se da técnica de congelamento dos materiais, utilizada para evitar a proliferação de mofo e fungos, responsáveis por acelerar a deterioração. Com esse método, os arquivistas ganham mais tempo para trabalhar na restauração. Conforme estimativa do Departamento de Arquivo Geral (Dag) da UFSM, o processo completo pode levar até cinco anos. 

– É um trabalho detalhado em que precisamos reorganizar todo o arquivo. É como se fosse um armário que foi todo bagunçado e agora será necessário reindexar todo o material. Mas esse tempo também vai depender do quanto teremos de equipe e de equipamentos disponíveis – explica a diretora do Dag e coordenadora do trabalho de recuperação, Débora Flores.

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Relembre o que aconteceu

Os documentos que compõem o acervo da universidade estavam armazenados no subsolo do prédio da reitoria, que foi inundado pelas fortes chuvas que atingiram Santa Maria no dia 30 de abril. Em visita ao local, a reportagem do Diário pôde registrar as marcas deixadas pela água. 

Foto: Beto Albert (Diário)

No total, 12 mil caixas de documentos foram retiradas do espaço. De acordo com Débora, o trabalho começou no mesmo dia e chegou a contar com 120 pessoas envolvidas, entre alunos, servidores, funcionários terceirizados e militares do Exército Brasileiro. 

O acervo ficou inundado por cerca de nove horas. Para interromper o fluxo da água, foram utilizadas bombas e caminhões de sucção. Segundo Débora, graças a essa corrida contra o tempo que boa parte do arquivo atingido pela água poderá ser salvo. 

Etapas do trabalho de recuperação

O processo de retirada das caixas das salas alagadas já foi finalizado. Os documentos foram levados para o Centro de Convenções da UFSM, onde são arejados, ensacados e congelados. A operação de congelamento é feita fora do campus em câmaras frias alugadas. O trabalho ainda passará pelas etapas de secagem em estufas, higienização e digitalização dos documentos. 

Agora, as ações são feitas por cerca de 40 pessoas que utilizam máscaras, luvas, avental e óculos de proteção. 

Foto: Beto Albert (Diário)

Brasão pintado a mão, segunda via de diplomas e outros documentos atingidos

O Arquivo Geral da UFSM carrega boa parte da história da instituição ao longo de seus 63 anos de existência. Um dos documentos encontrados – e já recuperado – foi o desenho original do brasão da universidade pintado à mão.

Foto: Divulgação/UFSM

Também integram o acervo atingido, os documentos que marcam a criação do Curso de Farmácia da universidade, que deu origem à instituição e ao Ensino Superior no interior do Rio Grande do Sul. Além desses registros simbólicos, o arquivo também era composto por documentos sobre a trajetória acadêmica dos estudantes, como segunda via de diplomas, e vida funcional de servidores

– Todos esses documentos são muito importantes, tanto para história e memória da universidade e da comunidade, quanto para a garantia de direitos dos servidores, alunos e ex-alunos – ressalta Débora. 

Segundo ela, cerca de 18% do material armazenado na sala inundada não poderá ser recuperado. No entanto, trata-se de documentos que não são considerados de guarda permanente ou que já contavam com uma segunda via e, por isso, não representam prejuízos à preservação da memória da universidade. 

Foto: Beto Albert (Diário)

O arquivo da UFSM deve mudar de local?

Após o alagamento do arquivo e a possibilidade de perda de registros importantes, um dos primeiros questionamentos feitos pela comunidade foi o por que ele estaria localizado em uma área tão baixa, sujeita a inundação. A resposta, de acordo com o Departamento de Arquivo Geral, é que o grande peso da estrutura do acervo não seria comportada em outro andar, tendo em vista que o prédio não foi construído com esta finalidade.

Além disso, até então, não havia o registro histórico de um volume de chuva tão excessivo capaz de invadir o subsolo da reitoria. A diretora do Dag lembra que o problema não ocorreu apenas em Santa Maria, já que mais de 80 arquivos sofreram com as enchentes em todo o Estado. 

A partir da experiência, a ideia é que um novo espaço mais seguro e adequado seja construído para abrigar o acervo no futuro. Até o momento, a UFSM recebeu o valor de R$ 8,5 milhões do Ministério da Educação (MEC) para recuperar os estragos causados pelas chuvas. Além do arquivo, também houve danos no telhado da Casa do Estudante Universitário e em outros prédios da instituição.

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