Após desaparecimento de arandela do Theatro Treze de Maio, outras instituições confirmam o furto de itens das fachadas

Há uma expressão que costuma dizer que nada acontece da noite para o dia. Porém, tem sido exatamente na transição entre os dois turnos que Santa Maria tem visto elementos que fazem parte da preservação de sua memória desaparecem do centro da cidade. Na madrugada de quinta-feira (4), mais um item da história local somou-se aos bustos furtados na Praça Saldanha Marinho. Cartão-postal da cidade com sua imponente arquitetura, o Theatro Treze de Maio teve uma de suas três arandelas furtadas.

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A luminária do Theatro Treze de Maio não foi a única peça alvo de vandalismo na região da Praça Saldanha Marinho nos últimos tempos. A reportagem do Diário averiguou que o Clube Comercial e a Loja Maçônica Luz e Trabalho, ambos localizados na Rua Venâncio Aires, em frente à Praça, tiveram placas de bronze furtadas em 2023.

Tradicional clube da cidade, fundado em 1923 na Rua Dr. Bozano, o Clube Comercial hoje ocupa o Edifício Miguel Macedo, que leva o nome de seu primeiro tesoureiro. No ano em que completou 100 anos, a entidade teve as duas placas, que levavam as iniciais do Clube, furtadas da fachada. Conforme relato do proprietário do restaurante localizado no local, Rudnei Freitas da Silva, os furtos teriam acontecido no mesmo período em que três bustos foram furtados da Saldanha Marinho, em abril de 2023:

– Me dei conta quando fui fechar as portas do clube já que, quando estavam abertas, as placas não ficavam visíveis. Chegamos a fazer um boletim de ocorrência, mas não resolveu nada. A princípio, parece que nas câmeras teria aparecido o mesmo cara que teria furtado os bustos.

Quem passa pela Loja Maçônica Luz e Trabalho, ao lado do Comercial, pode observar um reboco à vista na fachada do Edifício Isidoro Grassi. No local, onde ficava uma placa centenária em bronze, que identificava a Loja, restam apenas os tijolos e o cimento que sinalizam que ali, em algum momento, já houve um registro da memória da cidade.

Segundo o Venerável de Honra da instituição, Dante Lotufo, um boletim de ocorrência foi feito na época, além de terem sido solicitadas as gravações das câmeras junto ao Ciosp.

– Foi identificada a pessoa, mas com a demora e a burocracia para prestar esta informação, a peça já deveria estar desmanchada. Era uma placa centenária. Temos que preservar a memória da cidade – salienta.

De acordo com Dante, nas filmagens aparece “um carroceiro arrancando placa e alguns cachorros o acompanhando”. A descrição se assemelha com as imagens da noite do furto do busto de Felippe D’Oliveira, onde um indivíduo com um carrinho de material reciclado aparece, com outros dois homens, e um cachorro no entorno.

Arandela do Theatro

As luminárias, instaladas na fachada do Theatro Treze de Maio em sua reinauguração em 1997, de origem francesa e fabricadas em 1910, foram adquiridas em um antiquário de Porto Alegre.
A diretora do Theatro, Ruth Péreyron, contou ao Diário que foi feito um boletim de ocorrência na quinta, comunicando o desaparecimento da peça.

Conforme ela, com os tapumes que cercam as obras de revitalização da Praça Saldanha Marinho, as câmeras do Centro Integrado de Operações de Segurança Pública de Santa Maria (Ciosp) acabam tendo seus registros comprometidos pela falta de visibilidade. A diretora informou que o Theatro possui apenas câmeras internas.

– É uma tristeza. Nunca teremos como recuperar isso. Nós estamos muito desprotegidos, sem poder recorrer às câmeras dali. Vai ficar tão feio aquilo assim, né? Faz parte de toda a fachada do Theatro, e agora que a praça vai ficar bonita, pronta...

Diante do contato com a Guarda Municipal, Ruth recebeu como orientação dos agentes que fossem retiradas as outras luminárias para evitar que também sejam furtadas.

Tombado pela prefeitura em 2014, o Treze de Maio é destaque pela sua importância cultural para Santa Maria e pela arquitetura de sua edificação de 1890. As luminárias da fachada são citadas no decreto de tombamento.

O que dizem os órgãos públicos

Prefeitura

Na tarde de sexta, a prefeitura informou que, logo que soube do furto da luminária do Theatro Treze de Maio, ainda na quinta-feira, uma equipe da Guarda Municipal compareceu à sede do Theatro e conversou com a equipe gestora do espaço. De acordo com a prefeitura, uma ocorrência foi registrada no sistema interno da Guarda Municipal. Quanto ao registro da ação pelas câmeras do Ciosp, foi informado que no local onde ocorreu o furto não foi possível capturar imagens. 

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Porém, afirma que a Guarda Municipal e o Ciosp estão trabalhando para pedir imagens de câmeras de estabelecimentos próximos, ainda acrescenta que já existe a confirmação de que a ação foi filmada.

“As imagens irão colaborar com as investigações sobre o crime, que estão a cargo da Polícia Civil.  A Guarda Municipal informa também que, diuturnamente, são realizadas rondas na Praça Saldanha Marinho e arredores para coibir qualquer tentativa de furto ou dano ao patrimônio. Estas rondas ocorrem de forma permanente, em diversos horários, inclusive de madrugada”, acrescenta na nota.

Quanto ao furto das três placas de bronze, a prefeitura informou que a condução da investigação dos casos está sob a responsabilidade exclusiva da Polícia Civil.

• 2023 termina sem notícia do paradeiro dos bustos furtados na Praça Saldanha Marinho e sem plano para reposição das obras

Polícia Civil

​A reportagem do Diário não obteve retorno por parte da 1ª Delegacia de Polícia (DP), responsável sobre o caso. Há cerca de duas semanas os delegados da Polícia Civil decidiram por não conceder entrevistas como forma de pressionar o governador a conceder aumento salarial.

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