Alta do gás ressuscita o fogão a lenha

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Alta do gás ressuscita o fogão a lenha
Foto: Fabiano Marques (Diário) Como não tem recursos para comprar gás, a recicladora Maria Evanir recorre ao uso da lenha que consegue nos fundos de casa 

Em tempos de pandemia e enfraquecimento da atividade econômica, um item essencial da cozinha de qualquer brasileiro está ficando inacessível para parte da população. O gás de cozinha, com os valores balizados pela atual política de preços da Petrobras, chega a custar quase R$ 100 em Santa Maria. Sem recursos, famílias precisam encontrar alternativas e apostam na lenha como solução, mesmo que temporária, para conseguir colocar a comida cozida na mesa.

É o caso da recicladora Maria Evanir da Silva Souza, 54 anos. Moradora do Bairro Maringá, na zona leste de Santa Maria, Maria carrega no semblante o desgaste provocado pela vida que não tem sido nada fácil. Ela sai todos os dias de casa e percorre as ruas do Centro para catar lixo e conseguir comprar comida para ela, o marido e dois filhos que moram com ela – fora a ajuda periódica para os outros oito filhos que já não residem na mesma casa.

No primeiro cômodo de uma casa simples de madeira, o cheiro típico do feijão misturado com lenha queimada chama a atenção. Para alguns, cozinhar no fogão a lenha é sinônimo de conforto, principalmente nos dias frios. Porém, para Maria, é uma questão de sobrevivência diária.

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– Para mim, não tem como usar sempre o gás. Olha o preço que está. Quem trabalha na reciclagem, não tem como. A lenha busco aqui no mato porque não dá para comprar, também – relata, ao apontar para os fundos da casa, onde vai todos os dias catar pedaços de madeira.

Contudo, o preço cobrado pelo botijão é decidido bem distante do Bairro Maringá. No Rio de Janeiro, a Petrobras decidiu balizar os preços do gás acompanhando a flutuação do mercado internacional. Com as commodities em alta em todo o planeta e a desvalorização do real, com dólar passando dos R$ 5,25, a tendência é uma só: elevação dos preços. Com isso, a promessa do presidente Jair Bolsonaro (sem partido) antes de eleito, de vender o gás de cozinha por R$ 30, está cada vez mais distante da realidade.

– Nos últimos 15 dias, não tivemos reajuste, mas o aumento do início de abril foi altíssimo. O nosso gás subiu de R$ 85 para R$ 95 de uma só vez. Eu não apoio essa política (da Petrobras). A gente deveria ter uma maneira de manter os níveis de preço porque isso afeta diretamente quem mais precisa. Para mim, quanto mais barato for, mais vende – relata Patrick Faliza, proprietário da revenda Gás Pistóia.

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Fogão elétrico vira opção, mas pode pesar na conta de luz 

Cada vez mais comum nas cozinhas, o fogão elétrico começa a ser adotado pelos lares brasileiros – e a alta no gás tem papel fundamental nesse processo. Além de não precisar guardar espaço para o botijão, o fogão elétrico custa pouco, com preços a partir de R$ 90 para os de uma boca, e é mais preciso quanto à temperatura para cozinhar.

No entanto, apesar de não usar gás como combustível para gerar calor, ele precisa de eletricidade. Mas afinal, quanto custa essa troca no final do mês?

Utilizamos como exemplo um fogão elétrico vendido em uma grande rede de lojas do país. Com 2 mil watts de potência, se cozinharmos todos os dias do mês durante uma hora, o consumo na conta de luz será de 60 kw/h.

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Segundo a professora titular do Departamento de Eletromecânica e Sistemas de Potência da Universidade Federal de Santa Maria (UFSM) Alzenira da Rosa Abaide, o consumo do fogão elétrico seria equivalente a um terço da conta de luz de uma família brasileira.

– O consumo médio por família é de 158 kw/h, não contando o fogão elétrico. Isso contempla geladeira, ferro elétrico, televisão, iluminação, entre outros. O fogão seria, mais ou menos, um terço da conta de luz de um cliente – explica.

Com isso, é necessário fazer os cálculos e decidir o que vale mais a pena para cada família, se cozinhar com gás ou eletricidade. No entanto, uma constatação é certa: custará cada vez mais caro cozinhar. 

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