júri da kiss

'Tentaram o extintor e não conseguiram', relembra sobrevivente sobre noite do incêndio na Kiss

Leonardo Catto

data-filename="retriever" style="width: 100%;">Foto: Reprodução (TJRS)

O último depoimento do segundo dia do júri do Caso Kiss foi do sobrevivente Lucas Cauduro Peranzoni, 40 anos. Ele iria tocar como DJ na festa em que o incêndio ocorreu.

Foi cogitado que a oitiva fosse adiada. O juiz Orlando Faccini Neto mencionou, antes do intervalo do jantar, que Lucas precisou de atendimento psicológico. Entretanto, a fala foi mantida. O depoimento, que começou por volta das 21h, foi inicialmente um relato sobre aquela noite.

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SAÍDA
Lucas demorou a lembrar quem segurava o objeto pirotécnico que iniciou o fogo. Depois, ele conseguiu relatar como percebeu o incêndio.

- Quando tocou a música, ele (Marcelo de Jesus do Santos) colocou a luva. Eu percebi o que estava acontecendo quando tentaram apagar. Tentaram o extintor e não conseguiram. Meu colega veio pedir o extintor que estaria onde eu fico, mas não deu tempo - contou sem conseguir lembrar se havia de fato o extintor. O colega mencionado é Érico Paulus Garcia, que será ouvido na sexta-feira.

Depois, o representante da Associação dos Familiares de Vítimas e Sobreviventes da Tragédia de Santa Maria (AVTSM), Pedro Barcellos Jr., perguntou se Lucas saiu da boate por conhecer a estrutura ou por sorte. A resposta foi pela primeira opção.

Ao MP, Lucas relatou com mais detalhes a saída da boate. Em alternância entre momentos mais diretos e outros em que se emocionava, o sobrevivente relatou não ter conseguido socorrer outras vítimas porque desmaiou e foi pisoteado por quem corria para fora da Kiss. Ele contou que perdeu "muitos colegas, muitos amigos e conhecidos de casa". Sobre sequelas emocionais, o sobrevivente não conseguiu responder. 

- O silêncio fala também - tranquilizou o magistrado. 

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A TRABALHO
Lucas já tinha tocado em uma outra festa na noite do incêndio. Ele ainda iria tocar depois do show da Gurizada Fandangueira. No momento do incêndio, ele estava na cabine de DJ, que ficava exatamente na frente do palco, mas no outro lado da boate, acima do nível da pista. 

- Nesse momento, eu vi uma imagem preta muito, muito densa. Eu olhei para ele e falei "vamos sair daqui". Não tinha mais nenhuma pessoa na pista  - lembrou.

O juiz também perguntou sobre recorrência de uso de pirotecnia, saídas de emergência e outras estruturas da boate. Na sequência, foi a vez do Ministério Público (MP) fazer os questionamentos, como o gesto feito pelo vocalista da banda Gurizada Fandangueira durante a música que tocava no momento do incêndio, com o braço para cima e segurando o artefato de fogo de artifício.

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OS RÉUS
A defesa de Elissandro Spohr questionou sobre a relação de Lucas com quem o contratava na casa. Também foi questionado sobre os materiais utilizados. O depoente explicou como funcionava o passo a passo da preparação anterior ao começo das festas. Depois, disse não acompanhar o Kiko nos eventos, mas que lembra do réu ser presença recorrente na Kiss.

 - Era um local bom de trabalhar - afirmou Lucas à defesa sobre a boate.

A defesa de Luciano Bonilha Leão perguntou sobre a função do réu na banda. Lucas também relatou que "era feliz" como DJ, mas que não exerce mais a função.

- A gente trabalha com música, quer levar diversão, felicidade - afirmou.

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O sobrevivente disse que conhecia Mauro Hoffman apenas por outra boate, o Absinto, na qual ele nunca tocou. À defesa do réu, Lucas afirmou que nunca o viu na Kiss, mas que lembra de ter sido contratado pelos dois sócios da boate, ainda que lidasse diretamente apenas com Elissandro.

Quando o depoimento fechava uma hora, a defesa de Marcelo de Jesus dos Santos iniciou os últimos questionamentos. Foram repetidas perguntas sobre o momento do começo do incêndio e da estrutura da boate. A representante do réu questionou se DJs têm orientação de cortar o som em caso de adversidades.

- Não sei se consigo lhe responder pelo fato de que não tem como comparar essa situação com nada - resumiu Lucas.

À defesa, ele voltou a falar sobre as tentativas de apagar o fogo, inclusive por parte do vocalista da banda. 

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