‘Parecia ser um dinheiro que era meu’, afirma estudante que usou R$ 13 mil que eram destinados para a formatura da própria turma do curso de Farmácia da UFSM

‘Parecia ser um dinheiro que era meu’, afirma estudante que usou R$ 13 mil que eram destinados para a formatura da própria turma do curso de Farmácia da UFSM

Foto: Arquivo pessoal

A turma foi campeã da última CopaFarma, realizada em novembro deste ano. A colega responsável por usar o dinheiro não participou do evento.

​O que era para ser um momento importante na reta final da graduação acabou virando uma grande dor de cabeça para os acadêmicos da 121ª turma do curso de Farmácia da Universidade Federal de Santa Maria (UFSM). Para a surpresa de todos os colegas, a responsável pelo gerenciamento das contas bancárias usou R$ 13 mil do caixa para fins pessoais, quantia destinada para o pagamento do pacote da colação de grau e que nunca chegou até a empresa contratada. Agora, a turma une esforços para recuperar o valor arrecadado desde 2019, recolhido por mensalidade, rifas, vendas de lanches e festas. 

Como tudo aconteceu

Segundo Emanuele Saul Saraiva, 22 anos, uma das responsáveis pela comissão de formatura, os colegas começaram a desconfiar em julho deste ano, logo após a turma ter organizado a CopaFarma, festa tradicional do curso, e organizada pelos próprios acadêmicos, com o objetivo de levantar recursos para a formatura. A estudante responsável pela tesouraria teria mostrado resistência para repassar o lucro total do evento, cerca de R$ 7.500 mil, para a empresa contratada.

— Ela queria repassar só R$ 4 mil e dizia que o pessoal não estava pagando (as mensalidades) e era melhor deixar algum valor na conta para o mês seguinte. Mas, na verdade, muitos pagamentos ainda não tinham chegado até a empresa, que estava nos cobrando. Até que ela disse que não poderia mandar todo o dinheiro porque precisou emprestar para mãe dela, mas tinha avisado outra colega da comissão.

Desde agosto, foram muitas desculpas e promessas que garantiam a devolução do valor. Ao conferir a planilha dos pagamentos e comprovantes dos pagamentos recebidos, foi constatado que grande parte do dinheiro nunca havia chegado até a empresa. Após inúmeros pedidos, os comprovantes das duas contas administradas pela colega foram enviados para a turma, porém, alguns estavam pela metade, cortados ou borrados.

Para tentar suprir o prejuízo, que até então era motivado pela falta de pagamento dos colegas, a turma organizou uma festa para tentar reverter a situação, mas o saldo foi negativo. Com isso, a turma foi a fundo na investigação e descobriu que o dinheiro estava sendo usado para fins pessoais e o valor retirado da conta era maior do que o esperado.

— A gente não queria acreditar, achamos que a planilha poderia estar errada, mas quando peguei os extratos e vi as movimentações, comecei a bater as informações. Percebi que toda vez que a gente saía, quando ela ia fazer tatuagem, colocar piercing, tinha dinheiro saindo da conta.

A turma registrou boletim de ocorrência na Delegacia de Polícia Civil de Santa Maria (DPPA) e aguarda o início das investigações.

Joice Gabriele Soares, de 23 anos, é uma das 32 pessoas prejudicadas com o roubo e conta que a colega sempre foi próxima da turma e, por isso, não levantou suspeitas. Desde que tudo foi descoberto, Joice enfrenta crises de ansiedade e convive com o medo de não recuperar o valor e perder as fotos de formatura.

—  A minha mãe tem dois empregos e a rotina de trabalho dela é muito puxada, o sonho da vida dela é minha formatura, então ela me ajudou a pagar as prestações mensais. Imagina a minha situação, como foi difícil contar para ela que esse dinheiro suado que pagamos foi usado por uma colega para bancar futilidades? Ela era responsável por uma coisa muito delicada, que era cuidar do dinheiro da formatura, um sonho de muitos colegas. Me sinto tão traída…

A turma realizava diversas atividades para arrecadar o valor e garantir o pagamento à empresa.

O outro lado da história 

A estudante, que não quis ser identificada, assumiu ter gasto o dinheiro arrecadado pela turma e explica que uma parte do valor, cerca de R$ 1 mil, já foi repassada para a empresa contratada, mas adianta que não será possível repor todo o dinheiro. Ao Diário, ela explica o que aconteceu:

— Todo esse dinheiro que foi gasto sempre foi no intuito de devolver, nunca foi no intuito de ficar para mim e sumir com esse dinheiro. Por um erro meu, e erro deles também, nunca foi cobrado um extrato, eles simplesmente confiaram e eu entendo, mas acho que se fosse pedido desde o começo, eu acho que eu não teria feito isso. Parecia ser um dinheiro que era meu, entendeu? Porque tudo estava no meu nome, tudo era eu que assumia. Não que justifique eu ter gasto, mas na minha cabeça parecia ser meu — explica.

A situação trouxe problemas para a estudante, que irá buscar medidas judiciais a respeito das ameaças e xingamentos que sofreu desde que o fato foi descoberto. Ela conta que a rejeição dos colegas desencadeou uma crise depressiva.

— Mesmo tendo dado todos os extratos, mesmo tendo feito tudo que eu podia e mais um pouco, sabe, para eles nada era o suficiente. Sei que quando o assunto dinheiro é muito delicado, ainda mais dos outros, mas parece que eles nunca vão errar na vida e são perfeitos, sabe? 

Com a ajuda dos familiares, ela também busca formas de arrecadar o valor através de uma vaquinha, mas ainda sem previsão para a devolução total do valor.

Ajude a 121

Faltando menos de oito meses da colação de grau e dois meses para as tão esperadas fotos de formatura, a turma une esforços para arrecadar o valor perdido, através de uma vaquinha online, divulgada nas redes sociais. No total, a turma pede R$ 15 mil reais para repor o valor usado pela colega e também o prejuízo causado pela festa organizada para cobrir os valores que, até então, ela alegava não ter recebido dos colegas. As contribuições podem ser feitas por meio do pix e depósito em conta corrente:


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Vitória Parise

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