ideb 2017

O exemplo de escolas que superaram média no principal índice de qualidade do ensino

Foto: Renan Mattos (Diário)

A divulgação do Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (Ideb) pelo Ministério da Educação (MEC) retomou a discussão sobre a qualidade do ensino em todos os níveis no Brasil. Em Santa Maria, apesar de a maioria das escolas da rede municipal ter ficado abaixo da média nacional de 5,5 para o 5º ano do Ensino Fundamental (séries iniciais) e de 5,0 para o 9º ano (anos finais), algumas instituições obtiveram índice acima da meta e se destacam pelos resultados obtidos. A adoção de medidas simples, mas nem por isso menos trabalhosas, ajudaram na conquista das notas.

VEJA aqui as notas de escolas de Santa Maria no Ideb

A Escola Duque de Caxias é uma delas. A instituição alcançou média 7,4 nos anos iniciais e 5,2 nos anos finais. Localizada no Bairro Duque de Caxias, conta com cerca de 570 alunos, da pré-escola ao 9º ano do Ensino Fundamental.Para a diretora, Silvia Beatriz Borges da Silva, um diferencial está na valorização do professor, não apenas na questão salarial, mas na motivação, no respeito e na capacitação como profissional.

- É claro que os investimentos em educação precisam melhorar. Mas debatemos com nossa equipe a responsabilidade do educador, reforçando a importância da escolha dessa profissão. Para isso, trabalhamos com desafios, com propostas que incentivem o professor a fazer e a dar o seu melhor pelos alunos - avalia Silvia.

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O comprometimento profissional também é uma ação de destaque na Escola Municipal Miguel Beltrame, com cerca de 170 alunos e localizada no Bairro Pé de Plátano. Segundo a vice-diretora, Itanara Rodrigues Debus, a formação e o comprometimento do professor são fundamentais para se obter resultados positivos.

- É um trabalho contínuo, de progressão e crescimento. A equipe tem liberdade e oportunidade de se capacitar, seja por meio da formação na própria escola, seja pela qualificação profissional, com a participação em cursos de mestrado e doutorado. Isso ajuda a criar um ambiente agradável e de trocas pedagógicas - explica Itanara, justificando a média de 5,7 nos anos finais, a mais alta na rede municipal, ao lado da Escola Maria de Lourdes Bandeira Medina.

PARCERIAS
A responsabilização dos alunos e a participação dos pais são vistos como diferenciais por duas instituições da rede municipal de Santa Maria. A coordenadora pedagógica da Escola Maria de Lourdes Bandeira Medina, Eliane Di Francani, explica que, para atingir o índice de 5,7 nos anos finais, foi preciso investir no acompanhamento e aprendizado dos seus 210 alunos.

- O resultado não vem apenas pelo trabalho com uma turma. Ele decorre de um plano de ação que inclui todos os níveis. Além do conteúdo, os alunos são cobrados pela disciplina e responsabilidade. Os pais também têm seu papel, e são convidados a participar de palestras e atividades relacionadas ao desempenho de seus filhos - relata Eliane.

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Na Escola Gabriel Bolzan, que obteve a maior média da rede municipal na avaliação dos anos iniciais - 7,6 -, o envolvimento das famílias é uma das ferramentas para se obter resultados positivos. Segundo a coordenadora pedagógica, Maria Salete Grazzioli, as parcerias promovem a construção de um ensino de qualidade.

- É claro que muita coisa precisa ser melhorada. Mas é possível, sim, ter um ambiente que promova o crescimento. Para isso, priorizamos o planejamento integrado, a realização de atividades variadas e o encaminhamento dos casos que precisam de atenção - destaca Maria Salete, apontando que a escola, localizada no Bairro Camobi, conta com cerca de 190 alunos, da pré-escola ao 5º ano do Ensino Fundamental.

Em nota, o Sindicato dos Professores Municipais de Santa Maria (Sinprosm), afirmou que "a simples comparação dos dados postos e a consequente classificação de escolas entre boas e más exclui uma série de variáveis fundamentais para que se compreenda a realidade da escola pública de Santa Maria". Além disso, o sindicato considera impossível avaliar a qualidade do ensino sem considerar a situação socioeconômica da comunidade onde a escola está inserida. Confira, abaixo, a íntegra da nota:

"A divulgação do Índice de Desenvolvimento do Ensino Básico pelo Ministério da Educação nesta segunda-feira (3) exige da sociedade santa-mariense uma análise mais aprofundada. A simples comparação dos dados postos e a consequente classificação de escolas entre boas e más exclui uma série de variáveis fundamentais para que se compreenda a realidade da escola pública de Santa Maria.

Antes de mais nada, não é possível avaliar qualidade de ensino sem que se considere a situação socioeconômica da comunidade onde a escola está inserida. A maioria das nossas escolas municipais localizam-se em regiões periféricas, onde o acesso a serviços básicos nem sempre é garantido e onde muitas vezes a escola é a única referência positiva da presença do poder público. Subemprego, baixa escolaridade de pais, violência, exclusão social e falta de infraestrutura urbana são características prementes destas comunidades. A aprendizagem em si e as taxas de aprovação, fatores avaliados pelo índice, estão diretamente relacionadas a estas condições.

Qualidade de ensino também se faz com investimento. Grande parte das escolas municipais não possui biblioteca, quadra de esportes, secretaria, sala de reuniões, refeitório, quadro funcional suficiente para seu funcionamento adequado. A inexistência de investimento real em infraestrutura torna permanente a busca de recursos pelas direções das escolas através de rifas, festas, risotos e outras iniciativas, que são aplicados em melhorias nas instalações elétricas, manutenção de telhados, compra de equipamentos, dentre outras obrigações do poder público. Como garantir qualidade desta forma?

Investimento em educação também significa remunerar adequadamente professores. O Sinprosm luta incessantemente pela aplicação da Lei do Piso Nacional, tendo apenas evasivas como resposta por parte da administração municipal. A valorização do principal personagem do processo educacional, o professor, continua não sendo prioridade em Santa Maria.

Evidentemente existem exceções, cujo trabalho não pode ser ignorado. No entanto, para quem conhece a realidade da educação pública em Santa Maria, todas as condicionantes elencadas acima são facilmente detectáveis no resultado do IDEB. Exatamente por isso o "ranqueamento" é injusto: desconsidera a formação integral do cidadão e compara os desiguais.

Sindicato dos Professores Municipais de Santa Maria "

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