Análise

Para especialistas, a crise chegou mais tarde em Santa Maria

Juliana Gelatti e Marcelo Martins

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A situação de crise econômica e instabilidade política, com insegurança em relação ao futuro, se não é inédita, é uma novidade para uma geração inteira de brasileiros, com até 30 anos de idade. Por isso, é difícil compreender a complexidade do que se vive hoje, com vários indicadores batendo recordes de décadas atrás, como a inflação, a taxa de juros e o desemprego, além de um governo que não tem apoio no Parlamento e não consegue se comunicar com a população, a qual prefere bater panela a ouvir pronunciamentos.

Para buscar esclarecer esses temas, o "Diário" reuniu cinco estudiosos (confira quem são eles na página ao lado) para um debate, cujo resultado você acompanha nessas páginas.

A crise econômica atinge todo o país, mas a repercussão é diferente em cada Estado e município. Os especialistas concordam que, no país, a crise econômica é conjuntural, causada por fatores que ocorreram ao mesmo tempo e, com a mudança desses fatores, tende a ser superada. No Estado, a questão é estrutural, causada pelo sistema de gestão pública, de tributação e de organização da economia. Não é de simples solução.

Levará mais tempo para o Piratini pagar a dívida com municípios e fornecedores e fazer investimentos do que para os indicadores de inflação, desemprego e superávit primário do Brasil se revertam. Mesmo assim, a estratégia adotada por Dilma Rousseff e José Ivo Sartori é semelhante: cortar gastos, incluindo arrocho salarial, represar investimentos e expandir a tributação.

Na cidade, a crise está chegando atrasada e mais leve, em comparação com regiões industrializadas, como Serra e Região Metropolitana. Por mais que tenha havido demissões na indústria local, não há a perspectiva de fábricas fecharem e há setores em expansão.

A crise começa a partir deste semestre no comércio local. Se tivesse de definir algum local em Santa Maria que está em crise, eu definiria (a Rua Floriano Peixoto) entre a Venâncio e a Andradas. Tem cinco lojas fechadas afirma Mateus Frozza, que acrescenta:

Aqui tem uma condição especial: quem dinamiza a renda no comércio e no setor de serviços é o funcionalismo público, que tem o seu emprego preservado. Então, o efeito mais direto é a perda do poder aquisitivo em função da inflação.

A crise era prevista

A queda nas vendas e na produção industrial, com estoques cheios e consequente aumento do desemprego, já era esperada quando a União passou a incentivar o consumo com redução de juros e tributos, como o Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI).

O modelo criado pelo governo Lula (em 2008) está em xeque. Veja o salário mínimo: ele cresceu acima da produtividade. O trabalhador está ganhando muito mais do que produz. Isso não é bom do ponto de vista econômico, mas é bom para a renda do trabalhador. O que estamos vivendo agora é um ajuste desse excesso diz o cientista político José Carlos Martinez.

Para Alexandre Reis, o governo de Fernando Henrique Cardoso fez um ajuste de valorização da moeda e tinha todas as oportunidades para criar modelos de aumento de produtividade, melhorar a questão tributária, e isso não foi feito.

O economista Anderson Denardim atribui a Lula a responsabilidade de ter dado seguimento ao trabalho iniciado anos antes de colocar a"

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