A volta do prefeito Luis Henrique Antonello (PSB) ao poder, na última segunda-feira, é o componente que faltava para conturbar o cenário político de Rosário do Sul. Cassado, no dia 5 de novembro, após acusação de fraude em licitação em uma Comissão Parlamentar Processante, por 12 dos 13 parlamentares, Antonello ressurgiu após uma liminar judicial, que apontou problemas na composição dos membros da comissão do Legislativo que deu origem ao processo que lhe tirou do cargo.
Além da antipatia pública e declarada do Parlamento, até os cinco vereadores da base governista votaram pela cassação, o atual prefeito também se afastou de sua vice, Zilase Rossignolo (PTB), que ocupou o cargo durante o período em que ele esteve fora. Assim que voltou ao poder, Antonello despejou a vice da sala que ela ocupava, localizada à poucos passos do seu gabinete. A medida seria uma retaliação as mudanças feitas pela vice durante a sua ausência.
No período, Zilase demitiu 10 dos 11 secretários e dispensou 70 dos 140 ocupantes de cargos em comissão (CCs) do Executivo.
- Não houve diálogo. Tínhamos uma boa relação - reclamou o prefeito.
Zilase, que agora trabalha em casa, diz que tomou as medidas por questões práticas. Com apoio maciço do Legislativo, a vice-prefeita ganhou força.
- Nunca fui chamada para falar sobre o governo. Nem era convidada para reuniões e solenidades. Era preterida no governo - justificou.
Diferenças pessoais
Mas o que deu início a esse abismo entre a dupla eleita em outubro de 2012 com 8.249 votos, o equivalente a 33,8% dos votos válidos no município?
Importantes nomes da política local dizem que tudo começou na formação da improvável dobradinha.
Antonello, que foi vereador em 1998, chegou ao pleito de 2012 apoiado pelo ex-prefeito Nei Padilha (PDT), de quem foi secretário. Já Zilase, herdou dos pais (José Luiz e Regina), que foram deputados estaduais, a popularidade e os macetes da política.
- O problema é que os dois (Antonello e Zilase) não tinham sintonia alguma. Isso ocorre, pois se formam chapas por questões partidárias. Mas creio que ali se errou feio - apontou uma liderança da cidade.
Zilase, discreta e comedida ao falar sobre o assunto publicamente, disse que Antonello mudou ao vencer a eleição.
- Elegemos uma pessoa e outra assumiu o governo - concluiu, ao se referir ao prefeito.
Antonello, por sua vez, foi menos incisivo, mas tomou medidas concretas ao romper com o PTB da vice, retirando a sigla do governo e exonerando os 18 CCs indicados pelo partido.
- Agora é hora de pensar no que é melhor para Rosário - desconversou o prefeito, ao falar sobre a briga.
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