Foto: Gabriel Gomes/BWB
Lucas Chumbo é um dos concorrentes ao feito

A costa de Jaguaruna, no Sul de Santa Catarina, voltou a chamar a atenção do surfe mundial no fim de julho. A Laje da Jagua, formação rochosa submersa localizada a 5,3 km da praia e conhecida como a “Nazaré Brasileira”, em referência à vila portuguesa famosa pelas ondas gigantes, pode ter superado seu próprio recorde nacional de altura de onda surfada. O feito teria acontecido no dia 30, quando um ciclone extratropical provocou uma ondulação histórica na região.
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De acordo com a Big Waves Brasil (BWB), organização responsável por monitorar e certificar ondas gigantes no país, duas ondas registradas naquele dia podem ter ultrapassado 15 metros de altura, superando a marca atual de 14 metros, estabelecida no mesmo local. Os surfistas Marco Polo e Lucas Chumbo, que se deslocaram especialmente para Jaguaruna ao saber da previsão de mar extremo, são os protagonistas dessa disputa.
A previsão para ondas desse porte foi amplamente divulgada por órgãos de monitoramento como a Epagri/Ciram e a Defesa Civil catarinense, devido à intensidade do ciclone. O fenômeno gerou ventos fortes e persistentes, capazes de criar um swell de grande energia, termo usado no surfe para designar ondulações formadas por tempestades em alto-mar que se propagam por longas distâncias até atingir a costa.
Formação de ondas gigantes
A geografia da Laje da Jagua é o elemento-chave para a formação dessas ondas gigantes. Trata-se de uma elevação rochosa de cerca de dois quilômetros de extensão, que força a elevação abrupta das ondas quando estas se aproximam da costa, potencializando sua altura e potência. Esse processo é semelhante ao que ocorre em Nazaré, Portugal, um dos destinos mais famosos do surfe de ondas grandes no mundo.
Descoberta por surfistas em 2003, a Laje já foi alvo de estudos científicos que confirmaram seu potencial único. Em 2022, um levantamento reunindo mais de 300 registros fotográficos e de vídeo comprovou que o local abriga as maiores ondas já surfadas no Brasil. A relevância é tamanha que tramita na Câmara dos Deputados o Projeto de Lei 1960/2022, que pretende reconhecer Jaguaruna como a “Capital Nacional da Maior Onda do Brasil”.
Agora, o desafio é oficializar o possível novo recorde. Para isso, serão analisados registros fotográficos, vídeos e dados técnicos, como medições de altura e velocidade das ondas.