com a palavra

Cabeleireiro fala da carreira de mais de 20 anos

Gabriele Bordin

Fotos: Arquivo Pessoal

Antonio Brandalise, 58 anos, é cabeleireiro e proprietário do salão de beleza Tonyone Cabelereiros. Nascido em Vista Alegre do Prata, Tony mora em Santa Maria desde 1979. Ele acumula curso de cabeleireiro, pelo Serviço Nacional de Aprendizagem Comercial (Senac), e outros nos centros técnicos Longueras Argentina, em Buenos Aires, e Toni & Guy, em Milão, na Itália. Além destes, ele fez especializações em feiras e workshops em São Paulo, como a Hair Brasil e Beauty Fair. Filho de Alberto Brandalise e Venturina Aiolfi Brandalise, ele é o último de 11 irmãos. Tony tem quatro filhos, a enfermeira Tatieri, 33 anos, o técnico em cosmetologia Dieison, 32, e os estudantes João Vitor, 18, e Maria Antonia, 15.

Tony e a filha Tatieri em comemoração pelos 12 anos da empresa Tony Cabeleireiros, em agosto de 2018

Diário - Por quê Santa Maria?

Tony - Decidi mudar para Santa Maria para cursar as graduações de Física e Filosofia, na Universidade Federal  de Santa Maria (UFSM) na década de 1980. Por muitos anos, me sustentava trabalhando como garçom na praia, durante as férias de verão. Em um determinado período, houve uma greve de seis meses, que atrasaria minha ida à praia, me deixando sem recursos. Então, passei a descarregar caminhão no supermercado Trevicenter. Após, entrei para o BIG. No mercado, mudei de cargo até me tornar gerente. 

Diário - E como aprendeu a profissão de cabeleireiro?

Tony - Foi por acaso. Na época, em meados de 1990, o Senac destinou ao BIG quatro vagas para o curso de cabeleireiro e eu as distribui. Uma semana antes das aulas, um dos rapazes desistiu e devolveu a inscrição. Mesmo prestes a tirar férias, resolvi fazer o curso para cortar os cabelos dos empacotadores. Afinal, frequentemente, eu chamava a atenção deles sobre isso.

Equipe Tony Cabeleireiros comemorando o fechamento de metas

Diário - Quem foi o seu incentivador na profissão?

Tony - Meu professor e grande incentivador foi Eroci Pereira Gomes. Além de me ensinar a profissão, ele me deu dicas em relação ao comportamento no salão de beleza. Eroci também foi o guru de grandes cabeleireiros da cidade. O Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae) tem importante papel em minha formação como gestor. Agradeço, especialmente, ao gerente regional Centro do Sebrae, Carlos Karsten. 

Diário - Quando a tesoura se tornou prioridade? 

Tony - Após o curso, me ofereci para trabalhar de graça no salão de Eroci. Eu já estava apaixonado pela profissão. Larguei meu emprego e um bom salário. Foi uma loucura, mas deu certo. Ao final daquele mês, fui contratado. Como um dos melhores cabeleireiros do Estado, Eroci era palestrante ou convidado especial de grandes eventos, para os quais me levava como auxiliar. Fiz todos os cursos possíveis.

Momento especial com os filhos no Dia dos Pais, em 2018

Diário - E quando decidiu abrir o próprio salão? 

Tony - Comecei a montar meu salão de beleza devido à necessidade de ter uma equipe que pudesse dar força ao meu trabalho. O primeiro salão teve início na Vila Santos, em meados de 1993. Depois, abri com Yone Lucas Adamy, minha ex-esposa, o salão AntonYone, que logo virou TonYone Cabeleireiros. Mesmo separados matrimonialmente, trabalhamos juntos por mais oito anos. Com Tony Cabelereiros, passamos nove meses na Rua Niederaurer e, há 13 anos, atendemos no subsolo da Galeria Roth, no Calçadão Salvador Isaia. 

Diário - O que tornou a marca TonYone um referencial?

Tony - Como gerente de supermercado, passei por vários setores. Por meio desta experiência, aprendi muito sobre gestão, processos administrativos, admissão de pessoas, além de outras rotinas de trabalho, entre elas, como entregar um bom produto ao cliente. O investimento em bons produtos também é essencial neste conjunto. Talvez, não tenhamos o melhor espaço físico, mas utilizamos o melhor produto no cabelo do cliente. Nesta trajetória, o salão se destaca por uma mão de obra qualificada, bons materiais e segurança no atendimento. Somos um supermercado da beleza. Afinal, atendemos pessoas de todas as classes sociais, as quais têm ficado satisfeitas com o nosso trabalho. 

Festa de final de ano da empresa Tony Cabeleireiros, em 2017

Diário - Há profissionais que atuam em sua equipe há cerca de 10 anos. Como se dá esta formação? 

Tony - Tive a sorte de encontrar profissionais que entenderam a minha ideia. Hoje, conto com cerca de 40 colaboradores que abraçam a causa, sentem o coletivo e são sensíveis um ao outro. Não os avalio apenas pela produção, mas, também, pelo esforço em melhorar e o carinho especial dado ao cliente. Procuro não tirar a liberdade, espontaneidade e criatividade da equipe, mas, em reuniões periódicas, explico como deve ser realizado cada processo. Treinar pessoas que trabalham conosco é muito importante. Atualmente, organizamos cursos e eventos internos, ou seja, encontros técnicos. Nestes, não há um instrutor. O objetivo é compartilhar o que cada um sabe fazer melhor. 


Com o neto Matteo Brandalise

Diário - Então, o TonYone Cabeleireiros retornou à antiga parceria?

Tony - Sim. Como já existem dois salões com o nome Tony registrado em outros Estados, passamos a pensar nesta possibilidade e decidimos investir. Além do mais, nossa filha Tatieri sugeriu que uníssemos forças em um mesmo local. Para dar conta desta proposta, investimos na modificação do nosso espaço na Galeria Roth. 

Diário - Pensa em aposentadoria?

Tony - Não. Tiro férias apenas para descansar, mas não para fugir da rotina do trabalho. A cada dia, passo mais tempo no salão. Não deixo de me especializar e me alegro em ver a equipe feliz.

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