No primeiro dia de greve dos servidores da Universidade Federal de Santa Maria (UFSM), algumas bibliotecas do campus de Camobi já estavam fechadas pela manhã desta quinta-feira (14). Esse era o caso, por exemplo, da Biblioteca Central e da Biblioteca Setorial do Centro de Ciências Sociais e Humanas (BSCCSH). Nas portas dos locais, havia avisos indicando que as unidades vão ficar sem atendimento ao público durante o período de paralisação dos técnico-administrativos em educação.
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Na manhã desta quinta-feira (14), alguns estudantes que chegavam nas bibliotecas tentaram entrar nos locais, mas se depararam com os avisos de greve. Na Biblioteca Central, alunos relataram que costumam utilizar os espaços para estudar e que não sabiam que a greve já estava ocorrendo.
A equipe da Biblioteca Setorial do Centro de Ciências Rurais (BSCCR) vai aderir à greve, mas decidiu permanecer com o atendimento nesta quinta-feira (14) até as 15h, horário em que está marcada a assembleia geral da categoria.
O Diário também verificou que a Biblioteca Setorial do Colégio Politécnico não vai aderir à greve e seguirá funcionando normalmente.
Ainda nesta quinta-feira (14), haverá decisão sobre como ficará o funcionamento do Hospital Universitário (Husm) e do Restaurante Universitário (RU) durante a greve. Por lei, 30% dos serviços essenciais devem ser mantidos em períodos de paralisação.
Segundo Alessandra Bastos, coordenadora geral da Associação dos Servidores da UFSM (Assufsm), em greves anteriores, foi feita a distribuição de alimentos para os moradores da Casa do Estudante.
Sindicatos de 55 universidades do país já aprovaram greve
Em todo o país, servidores de 55 universidades já aprovaram greve por tempo indeterminado (conforme a Federação de sindicatos de trabalhadores técnico-administrativos em educação das instituições de ensino superior públicas do Brasil – Fasubra). Segundo Alessandra, depois da categoria ficar sete anos sem reajuste, em 2023, o governo federal aprovou aumento salarial de 9%. A coordenadora conta que, desde então, os técnicos federais estão negociando o reajuste salarial para os próximos anos. A reestruturação da carreira também está em debate. Contudo, até o momento, não houve consenso entre os sindicatos e o governo federal.
O governo Lula havia oferecido reajuste salarial de 4,5% em 2025 e 4,5% em 2026, mas os trabalhadores pedem 10,34% já neste ano, além do mesmo percentual em 2025 e 2026. A alegação é que, em sete anos sem reajuste, os salários estariam defasados em 52%.
– A nossa proposta foi rechaçada pelo governo federal, que apresentou essa proposta de 9% em duas parcelas em 2025 e 2026. Então, teríamos 0% de reajuste em 2024. Já temos acumulado mais de 50% de perdas salariais pelos sete anos sem reajuste. Hoje, o salário inicial no nível D, que é o assistente em administração, ganha menos que dois salários mínimos. Nossa categoria tem os salários mais baixos do Executivo federal e o governo não está avançando com as negociações – afirma Alessandra.
De acordo com a coordenadora da Assufsm, a expectativa é que, a partir da greve, o governo federal inicie novas negociações para atender os pedidos da categoria.
– Esperamos que, assim como com outras categorias, o governo federal negocie de forma rápida, como aconteceu com o Banco Central, com a Receita Federal, que, em menos de 30 dias houve uma contraproposta que atendia as demandas da categoria. Esperamos que, conosco, aconteça a mesma situação e logo possamos voltar – espera Alessandra.
O Diário tentou contato com a reitoria da UFSM, mas não obteve retorno até a publicação dessa reportagem.
Como ficam os serviços
Bibliotecas que aderiram à greve
- Não haverá atendimento, disponibilidade de espaços de circulação e possibilidade de retirada para empréstimos
- As datas de devolução dos itens emprestados serão adiadas, acompanhando a permanência da greve
- Não serão aplicadas taxas de atraso durante esse período e as reservas estarão suspensas
Restaurante Universitário
- Dos 144 trabalhadores que atuam nos restaurantes universitários, apenas 23 são técnico-administrativos. Com isso, atendimento aos usuários será mantido
Husm
- O Hospital Universitário conta com cerca de 800 servidores técnico-administrativos da UFSM, além dos trabalhadores contratados pela Ebserh, empresa que administra o Husm
- Assufsm garante que 30% da equipe seguirá trabalhando para não impactar nos atendimentos