Movimento para uso de tecnologia em sala de aula é cada vez mais frequente nas escolas; entenda como o assunto é tratado em Santa Maria

Movimento para uso de tecnologia em sala de aula é cada vez mais frequente nas escolas; entenda como o assunto é tratado em Santa Maria

Foto: Beto Albert

Ainda em 2020, com a pandemia de coronavírus, a educação foi um dos eixos afetados, tanto pela falta de contato e socialização em sala de aula, quanto pelas ausências de acessibilidade com as tecnologias necessárias para o ensino fora dela. Passados quatro anos, os impactos da pandemia ainda são sentidos na educação. Além disso, uma onda de jovens criadores de conteúdo que utilizam e ensinam o uso de ferramentas e aplicativos para estudos cresce cada dia mais. Surge assim um movimento para a inserção de variadas tecnologias digitais no ensino.

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No fim de 2023, o Ministério da Educação (MEC) divulgou os resultados do Programa Internacional de Avaliação de Estudantes (Pisa) 2022. O trabalho é uma comparação internacional realizada a cada três anos pela Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE). A ideia é avaliar as habilidades de estudantes de 15 anos. Os dados do Brasil foram parecidos com os de 2018. Ao todo, 690 mil estudantes de 81 países responderam à pesquisa, que teve como foco a matemática. Do total, 65% dos alunos pontuaram que ficam distraídos nas aulas da disciplina por usarem dispositivos eletrônicos. 

Para entender o cenário em nível local, a reportagem do Diário conversou com responsáveis de escolas de Santa Maria para saber como está a inserção do mundo digital em sala de aula. 

O uso em sala

Colégio Fátima

O Colégio Fátima teve sua chegada em Santa Maria em 1951. Atualmente, são matriculados alunos desde o berçário até o Ensino Médio. A instituição conta com 1,4 mil estudantes, sendo quase 200 alunos no Ensino Médio. No colégio, ao atender uma demanda do Novo Ensino Médio, há uma disciplina chamada Tecnologia na Educação, onde os alunos são ensinados a formatar artigos e organizar trabalhos. Segundo a coordenadora do Ensino Médio do Fátima, Cláudia Athayde, há uma preocupação com os estudantes que serão profissionais no futuro: 

– Os estudantes e professores têm acesso aos chromebooks. A gente vai trabalhando com eles as metodologias científicas para que entrem nas universidades já preparados, sabendo realizar os processos. Além disso, todos os professores têm acesso na sala de aula a um computador utilizado para projetar livros, materiais do YouTube e assistir documentários. A chamada também é toda feita de forma digital. 

O estudante do 3° ano do Ensino Médio do Colégio Fátima Luigi Savian Moro, 17 anos, avalia como positiva a utilização do estudo por meio de tecnologias digitais. No dia a dia, um companheiro de Luigi é o tablet. Quando é autorizado pelo professor, ele faz o uso do mecanismo na sala de aula. Para ele, as ferramentas disponíveis auxiliam nas marcações de PDFs e produção de resumos

– Eu sempre gostei muito da tecnologia. Desde pequeno eu sempre pesquisava entender as coisas ao máximo, como isso funciona e também gosto muito do ensino. Estudo aqui no Fátima desde meus quatro anos. Pelo fato de incentivarem o protagonismo e a autonomia do aluno, isso me deu muita possibilidade para que eu pudesse dar meu melhor e conseguir utilizar todas as ferramentas.

Foto: Beto Albert

A 8ª CRE

Na educação pública, segundo o responsável pela 8ª Coordenadoria Regional de Educação, José Luis Eggres, os municípios de atuação da 8ª CRE receberam 6.878 chromebooks para alunos e professores. O investimento foi de R$ 11 milhões. Além disso, o Estado adota ensino por meio do Classroom, um aplicativo no qual é possível disponibilizar materiais online por meio de salas. Eggres pontua que os diários de classe, mais conhecido como as chamadas, também já são digitais: 

– Estamos trabalhando muito com essa questão das novas tecnologias, mesmo nossa realidade sendo um pouco diferente de escolas particulares. Nós temos os laboratórios móveis, que são os chromebooks. Fizemos um investimento bem amplo neste sentido. Estamos incentivando muito esse trabalho por meio dessas tecnologias. Este modelo continua em implementação.

E.E.E.M Professora Maria Rocha

A Escola Estadual de Ensino Médio Professora Maria Rocha possui 1,1 mil estudantes no total, que abarca alunos do curso médio normal, Técnico em Informática, Secretariado e Contabilidade, além do ensino médio em turno integral. Há cursos nos três turnos; manhã, tarde e noite. Alinhado com o que entende a 8° CRE, o colégio incentiva a utilização dos meios digitais como estratégia de pedagogia. 

Guardados em armários, os 190 chromebooks são conhecidos dos alunos para pesquisa e atividades em sala de aula:

– A escola tem a proposta dos cursos técnicos em informática, tanto pós-médio, quanto integrado com o Ensino Médio. Os alunos trabalham com esses recursos. Eles não só aprendem como trabalhar com o básico no computador, mas também com a montagem e manutenção dele. Além disso, também trabalham com a produção de aplicativos e utilizamos os chromebooks para pesquisa durante as aulas – explica a diretora da escola, Isa Cristina Barbosa Pereira. 

Foto: Beto Albert

Ao todo, o colégio conta com 10 salas específicas para trabalho prático em laboratório de informática e para manutenção dos computadores. Há possibilidade dos estudantes em informática trabalharem na programação do site da escola, entre outros projetos: 

– Trabalhamos com os professores essa formação informática e isso colabora também para abrir essa visão pedagógica do uso. Vejo que melhorou muito a questão do uso do celular em sala. Acredito que se uma turma for bem trabalhada, se os professores montarem seus acordos com os alunos no início do ano, o uso é positivo. Claro, se acontece alguma situação em sala de aula, o professor deve conversar com o aluno e retirar o celular. Isso é algo que não tem acontecido aqui.

Leonardo Luis Lemos Funk, de 17 anos, é estudante do 2° ano do Ensino Médio. Do ponto de vista da utilização, ele sente que há algumas coisas a se melhorar na utilização dos Chromebooks. Ele e Kauan Koslowski dos Santos, 16 anos, realizam um curso online na escola depois dos horários das aulas e por isso acabam utilizando mais ainda as ferramentas disponibilizadas. Contudo, Leonardo entende que são processos a serem melhorados com o tempo:

– Os Chromebooks nos dão muita liberdade e muitas opções, mas sinto que ainda tem alguns problemas. Não conseguimos acessar alguns sites, mesmo que seja de estudo, há uma limitação. Fazemos um curso online na escola mesmo, que nos dá esse suporte, mas se não tivéssemos internet da escola, com a ajuda do celular no acesso às contas, não conseguiríamos acessar. Mesmo com seus problemas, eles têm seus pontos positivos. Eles nos possibilitam essa pesquisa e nos dão o que precisamos.

Colégio Totem

Já no Colégio Totem, o diretor Carlos Henrique Pires Sardi explica que a tecnologia deve ser pensada como um auxílio. São 225 estudantes, distribuídos em 12 turmas, do 1° ano do Ensino Fundamental ao 3° ano do Ensino Médio. Segundo ele, no Ensino Médio são cerca de 100 alunos:

– O tema da utilização de tecnologias em sala de aula gera muito debate no mundo todo. Aqui no Colégio Totem Santa Maria entendemos que toda a ferramenta tecnológica precisa ser utilizada como suporte, com complemento, e nunca como meio principal no processo de ensino e aprendizagem. Tendo esta clareza, fica mais fácil de administrar com os estudantes a utilização em sala de aula, pois não dependemos da tecnologia, ao mesmo tempo, em que podemos explorar as ruas possibilidades.

Conforme Sardi, a depender do conteúdo trabalhado, é possível que o professor auxilie os estudantes no uso de aplicativos educacionais para atividades:

– Os nossos sistemas de ensino, do 1º ano do Ensino Fundamental ao 3º ano do Ensino Médio, possuem recursos de qualidade nas suas plataformas e aplicativos que podem potencializar muito a aprendizagem dos estudantes, por isso, os estimulamos para utilizarem. O professor utiliza projeções ou, quando necessário e previamente combinado, estimula o uso das plataformas e aplicativos pelo celular dos estudantes.

Outra visão 

G10

Foto: Beto Albet

Já o Colégio G10 tem 18 anos de história e conta com quatro turmas de Ensino Médio. Ao todo, são 120 alunos. Segundo o diretor do G10, Diego Crivellaro, de 2016 a 2018 a instituição passou por uma implementação de material digital. A conclusão na época foi de que não era o momento ideal para isso. A partir de 2019, o colégio optou pelo polígrafo físico

– Por mais que seja uma geração completamente digitalizada, eles não têm consciência do material digital. Eles utilizam redes sociais, acabam desvirtuando o processo para outros lados que desfoca de dentro de sala de aula. Por isso, em 2019, decidimos por não trazer mais o material digital e retornar para o físico, que nos traz mais resultado. Nossa metodologia é toda alinhada em cima do material produzido pelos nossos próprios professores. 

Apesar do movimento, Crivellaro entende que é preciso entender o uso do digital dos estudantes e manter esta interação com eles. Por isso, dependendo do conteúdo a ser trabalhado, o uso da tecnologia é aceito dentro da sala de aula: 

– Vivemos com uma geração que é completamente digital, então a gente interage com eles com aquilo que para eles é o normal ou a gente se perde dentro do processo. A escola trabalha muito com a metodologia ativa e dentro dela conseguimos trazer o uso da tecnologia de uma forma consciente, como, por exemplo, para apresentação de trabalho. Não descartamos, mas trabalhamos isso dentro da sala de aula de uma forma racional com o professor auxiliando. 

O que são chromebooks

Os chromebooks são computadores portáteis mais compactos. Eles possibilitam tarefas mais simples, como pesquisa na internet. Não executam aplicativos mais complexos como os computadores de sistema operacional Windows. 

Foto: Beto Albert

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