Foto: Renan Mattos (Diário)
Uma das vítimas do assalto recebeu a equipe do Diário neste domingo
Não foi a primeira vez que a faxineira da agência do Banrisul presenciou um assalto. Desta vez, porém, além de assistir, foi levada como refém. Casada e mãe de uma filha, lembra que situações envolvendo a ação de criminosos parecem perseguir a família.
Leia mais:
VÍDEO: em assalto a banco, quadrilha faz 50 reféns em Santana da Boa Vista
Preso um dos assaltantes a banco de Santana da Boa Vista
VÍDEO: dois suspeitos de assalto a banco são mortos pela polícia
Há cerca de três anos, sua filha, que trabalhou em uma lotérica da mesma cidade, também se viu sozinha no estabelecimento durante outro assalto. O criminoso chegou a colocar um revólver na cabeça da moça, que deixou a cidade.Ela não se feriu. Confira a entrevista:
Diário - Em que momento a senhora se viu refém dos assaltantes?
Refém - Eu estava na cozinha, que fica na parte debaixo do banco, lavando uns paninhos. Dois jovens que arrumam ar-condicionado também estavam lá. Ouvimos gritos: "calma, calma...", parecia alguém passando mal. Aí, eles desceram e mandaram a gente subir, dizendo: fiquem tranquilos que não vamos machucar vocês. Vi que era assalto. Me escorei em uma parede. Eles levaram o dinheiro dos "caixas, do cofre e dos caixas eletrônicos. O cofre demora uns 10 minutos para abrir e, enquanto isso, estávamos com a mão na cabeça, e eles gritando: "todo mundo quieto". Aqueles minutos duraram horas.
Diário - E depois, a senhora foi levada?
Refém - Fomos eu e mais dois. Gritaram: "precisamos de alguém magrinho e pequeno". Daí disseram: "a senhora da limpeza". Colocaram a mão no meu pescoço e me levaram até o porta-malas. Não me machucaram nem ameaçaram. Lá dentro, eu e o idoso ficamos no porta malas, o outro na frente. Nós estávamos no meio do dinheiro.
Diário - E o carro não apresentou falhas mecânicas durante a fuga, conforme contaram alguns populares?
Refém - Não pareceu. Iam voando. E um dos caras dizia: "mais devagar que vai capotar". Lembro de alguém atirar pedra no veículo e de eu de bater as costas quando o carro passou o quebra-molas. O resto nem sei dizer. A gente não pensa em nada, só em sobreviver. Um deles (assaltantes) estava com tiro e me disse que estava ferido.
Diário - A senhora vai voltar a trabalhar. Está com medo de retornar?
Refém - Nesta segunda-feira volto. Preciso trabalhar e não tenho medo, não. Na verdade, agora que estou "acordando" e lembrando dos detalhes, parece que tive um sonho. Sorte que estou viva, mas não desejava que tivessem matado os assaltantes e, sim, que os prendessem. Eles são seres humanos e não machucaram ninguém.
Diário - Onde soltaram vocês depois da fuga?
Refém - Ajudei o idoso a desenrolar o pé que enroscou em uma das sacolas de dinheiro. Ele desceu antes, a uns 4 km do centro. Os assaltantes estavam nervosos. Quando soltaram eu e o outro refém, a uns 7 km do centro, disseram: "não olhem para trás". Descemos, caminhamos uns 100 metros e, logo, chegou a polícia e meu esposo, que vinha atrás para me buscar.