exclusivo

'A gente não pensa em nada, só em sobreviver', diz refém de assalto em Santana da Boa Vista

18.302

Foto: Renan Mattos (Diário)
Uma das vítimas do assalto recebeu a equipe do Diário neste domingo

Não foi a primeira vez que a faxineira da agência do Banrisul presenciou um assalto. Desta vez, porém, além de assistir, foi levada como refém. Casada e mãe de uma filha, lembra que situações envolvendo a ação de criminosos parecem perseguir a família.

Leia mais:
VÍDEO: em assalto a banco, quadrilha faz 50 reféns em Santana da Boa Vista
Preso um dos assaltantes a banco de Santana da Boa Vista 
VÍDEO: dois suspeitos de assalto a banco são mortos pela polícia 

Há cerca de três anos, sua filha, que trabalhou em uma lotérica da mesma cidade, também se viu sozinha no estabelecimento durante outro assalto. O criminoso chegou a colocar um revólver na cabeça da moça, que deixou a cidade.Ela não se feriu. Confira a entrevista:

Diário - Em que momento a senhora se viu refém dos assaltantes?

Refém - Eu estava na cozinha, que fica na parte debaixo do banco, lavando uns paninhos. Dois jovens que arrumam ar-condicionado também estavam lá. Ouvimos gritos: "calma, calma...", parecia alguém passando mal. Aí, eles desceram e mandaram a gente subir, dizendo: fiquem tranquilos que não vamos machucar vocês. Vi que era assalto. Me escorei em uma parede. Eles levaram o dinheiro dos "caixas, do cofre e dos caixas eletrônicos. O cofre demora uns 10 minutos para abrir e, enquanto isso, estávamos com a mão na cabeça, e eles gritando: "todo mundo quieto". Aqueles minutos duraram horas.

Diário - E depois, a senhora foi levada?

Refém - Fomos eu e mais dois. Gritaram: "precisamos de alguém magrinho e pequeno". Daí disseram: "a senhora da limpeza". Colocaram a mão no meu pescoço e me levaram até o porta-malas. Não me machucaram nem ameaçaram. Lá dentro, eu e o idoso ficamos no porta malas, o outro na frente. Nós estávamos no meio do dinheiro.

Diário - E o carro não apresentou falhas mecânicas durante a fuga, conforme contaram alguns populares?

Refém - Não pareceu. Iam voando. E um dos caras dizia: "mais devagar que vai capotar". Lembro de alguém atirar pedra no veículo e de eu de bater as costas quando o carro passou o quebra-molas. O resto nem sei dizer. A gente não pensa em nada, só em sobreviver. Um deles (assaltantes) estava com tiro e me disse que estava ferido.

Diário - A senhora vai voltar a trabalhar. Está com medo de retornar?

Refém - Nesta segunda-feira  volto. Preciso trabalhar e não tenho medo, não. Na verdade, agora que estou "acordando" e lembrando dos detalhes, parece que tive um sonho. Sorte que estou viva, mas não desejava que tivessem matado os assaltantes e, sim, que os prendessem. Eles são seres humanos e não machucaram ninguém.

Diário - Onde soltaram vocês depois da fuga?

Refém - Ajudei o idoso a desenrolar o pé que enroscou em uma das sacolas de dinheiro. Ele desceu antes, a uns 4 km do centro. Os assaltantes estavam nervosos. Quando soltaram eu e o outro refém, a uns 7 km do centro, disseram: "não olhem para trás". Descemos, caminhamos uns 100 metros e, logo, chegou a polícia e meu esposo, que vinha atrás para me buscar.

Carregando matéria

Conteúdo exclusivo!

Somente assinantes podem visualizar este conteúdo

clique aqui para verificar os planos disponíveis

Já sou assinante

clique aqui para efetuar o login

Anterior

Quarto assaltante de banco é preso na rodoviária em tentativa de fuga

Próximo

Homem morre em acidente em Santana da Boa Vista