Foto: Emater
Gustavo da Silva (a partir da esq.) acompanha o trabalho dos produtores Carlos Coradini e Tiago Coradini na agroindústria da família. Também no registro, o técnico da Emater de Ivorá, Nilmar Stefanello
Por meio de um decreto, a prefeitura de Ivorá regulamentou a instalação e o funcionamento de agroindústrias que trabalham com produtos de origem animal, como pescado, mel, ovos, carne, salame, queijo, e outros derivados de leite e embutidos. Desta forma, pelo Sistema de Inspeção Municipal (SIM), as famílias poderão vender para mercados da cidade e em feiras.
Chefe do escritório da Emater no município, o técnico em agropecuária Nilmar Stefanello explica que o documento apresenta, entre vários itens, regras sobre higienização do local de produção, como controle de insetos e roedores, uso de água clorada, limitação do fluxo de entrada de pessoas e utilização de rótulos e embalagens. Outra exigência para se legalizar é que o responsável faça o curso de Boas Práticas de Fabricação de Alimentos, em nível estadual.
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Conforme Stefanello, há cerca de 10 agroindústrias em Ivorá. Em pelos menos duas delas, os responsáveis demonstraram interesse na regulamentação, visto que nutrem o sonho de ampliar a estrutura e alcançar mais consumidores, principalmente de Santa Maria.
- A regulamentação vai colaborar com quem deseja ter uma renda extra, no que se refere à estrutura da empresa.
Para ele, muitas pessoas ainda irão preferir trabalhar na informalidade, mas não serão todas.
Para o técnico em agropecuária, zootecnista e professor do Colégio Politécnico da Universidade Federal de Santa Maria (UFSM) Gustavo Pinto da Silva, Ivorá deu um passo importante na qualificação da economia local.
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Mas, segundo Gustavo, para se continuar vendendo para outras cidades, após a vigência de um decreto emitido pelo governador Eduardo Leite (PSDB), é necessário que as agroindústrias estejam cadastradas no Sistema Unificado Estadual de Sanidade Agroindustrial Familiar, Artesanal e de Pequeno Porte (Susaf):
- O governador editou um decreto provisório que possibilita a comercialização fora do município, mas apenas durante a pandemia. Isso é válido ainda que a agroindústria não esteja cadastrada no Susaf. Ivorá está caminhando para melhorar o setor, e o SIM vai proporcionar esse desenvolvimento.
O SIM prevê multas em dinheiro para cadastrados que descumprirem normas referentes à fabricação e ao transporte dos alimentos. A verificação, por exemplo, se o produto nas gôndolas tem procedência ou não, fica por conta da fiscalização da Vigilância Sanitária. Mercados são proibidos de comercializar produtos que não estejam regulamentados no novo sistema.
AUMENTAR A RENDA
O produtor rural Tiago Coradini, 31 anos, é proprietário de uma agroindústria de embutidos derivados da carne de porco. Ele pretende regularizar a agroindústria no SIM para vender a produção para supermercados e, desta forma, aumentar a renda familiar.
- É uma grande oportunidade. Produzo salame, morcilha, torresmo, banha e quero fazer presunto - diz Coradini, que é presidente do Conselho de Desenvolvimento Rural de Ivorá.
Por enquanto, o criador de porcos e agricultor consegue, vendendo direto ao consumidor, uma renda bruta de R$ 4 mil mensais. Com a regulamentação, Coradini pretende aumentar o faturamento e, ainda, gerar de dois a três empregos. Ele também planta fumo e verduras.
*Colaborou Rafael Favero