Dia Mundial de Luta Contra Aids

No Dezembro Vermelho, profissionais explicam como é possível ter vida saudável com HIV

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Fotos: Reprodução

O Dia Mundial de Luta Contra Aids, celebrado nesta terça-feira, lembra a milhares de pessoas da prevenção. Porém, além disso, também é lembrada importância de fazer exame para descobrir se a pessoa tem HIV.

E se o teste der positivo? Não é preciso se desesperar. Diferente do coronavírus, que ainda não tem tratamento eficaz comprovado, nos últimos anos, o tratamento para HIV deu um salto a ponto de, hoje, se poder afirmar: é possível viver com esse vírus e ter uma vida saudável. Quem explica a afirmação é a enfermeira Márcia Gabriela Rodrigues de Lima, coordenadora da Política Municipal HIV/Aids, Infecções Sexualmente Transmissíveis (ISTs) e Hepatites Virais.

- Se a pessoa faz o teste, descobre que tem HIV e começa a fazer o tratamento de forma correta, com certeza, é possível que ela viva uma vida normal e de forma saudável. Os medicamentos que fazem parte da terapia antirretroviral, atualmente, causam cada vez menos efeitos adversos e são muito eficazes - afirma a profissional.

A médica infectologista Jane Costa endossa a afirmação da enfermeira e explica, ainda, como o medicamento age, baixando a carga viral a níveis indetectáveis no organismo e mantendo alta a imunidade do paciente.

- O grande objetivo do tratamento antirretroviral é o controle da quantidade de vírus circulante (viremia). Com a redução da viremia há a diminuição da eliminação de vírus pelas secreções e, com isso, da transmissibilidade. Para que se alcance este objetivo, é condição básica que o paciente tenha adesão absoluta ao tratamento podendo, com isso, viver normalmente.

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TRATAMENTO CORRETO
Aderir ao tratamento de forma correta quer dizer tomar o medicamento antirretroviral todos os dias, sem falhar nenhum. Em Santa Maria, conforme dados da Secretaria de Saúde do município, 2,5 mil pessoas vivem com HIV (1520 homens e 980 mulheres). Desse universo, 1.824 optaram por aderir ao tratamento, que é gratuito e distribuído pelo Sistema Único de Saúde (SUS).

Porém, alguns soropositivos, por diferentes motivos, optam por não realizar a terapia com os medicamentos cedidos pelo SUS. Atualmente, em Santa Maria, 676 pessoas com o diagnóstico positivo para HIV não seguem o tratamento. O fato preocupa, visto que, sem o remédio, o organismo com HIV segue produzindo o vírus e comprometendo a imunidade, deixando as defesas vulneráveis a desenvolver Aids. No último ano, 17 pessoas que não aderiram ao tratamento morreram em função do HIV. 

A médica Jane Costa explica que não há motivos para não aderir ao tratamento, visto que, hoje em dia, os esquemas de terapia antirretroviral estão cada vez mais seguros e com menores efeitos colaterais, além de apresentarem potência significativa.

- Com estas considerações podemos afirmar que, desde que o paciente apresente adesão ao tratamento, terá controle da sua infecção com não detecção da viremia e aumento progressivo/ estabilização da imunidade (CD4). Com isso, vida normal - afirma a médica.

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PREVENÇÃO
Em 2020, Santa Maria também está investindo na prevenção contra o HIV. Além da distribuição de preservativos, a cidade fez a adesão à distribuição dos autotestes de HIV e a disponibilização da Profilaxia Pré-Exposição (PrEP), método de prevenção à infecção pelo HIV, que consiste em tomar, diariamente, um comprimido que impede que o vírus infecte o organismo, antes de a pessoa ter contato com o vírus. O foco, segundo Márcia, é nas ações que auxiliam no diagnóstico precoce e na prevenção do HIV. 

CONTEÚDO INFORMATIVO
Com 39 mil seguidores no TikTok e 12 mil no Instagram, o administrador e criador de conteúdo digital santa-mariense Lucian Ambros, que convive com HIV há 11 anos, produz vídeos informativos e divertidos a respeito de como é sua rotina. Porém, nem sempre ele foi seguro e bem informado a respeito de HIV. No começo, ele achou que iria morrer em função disso. Depois de aderir e entender como o tratamento é eficaz e de alcançar o status de indetectável, o jovem passou a viver uma vida normal e até mais saudável do que antes. 

- Com o tempo, eu entendi como o HIV age no organismo. Consciente disso, aderi ao tratamento. Hoje, indetectável, vivo uma vida normal e saudável. Quem convive com HIV e se trata é uma pessoa como qualquer outra, pode namorar, ter filhos, ir à academia... A diferença é que vou tomar dois comprimidos por dia pelo resto da vida.

Lucian acredita que muitas pessoas têm medo de fazer o teste e de receber o resultado positivo em função da falta de informação e, também, do preconceito e da discriminação.

- As pessoas têm medo de se testar e de dar positivo por achar que é uma sentença de morte. Já ouvi relatos de gente que não se testa para não descobrir se tem. Assim como tem gente que prefere se relacionar com quem não conhece a própria sorologia do que com uma que vive com HIV. O que não faz sentido, afinal, quem se trata e está indetectável não transmite o vírus. Diferente de alguém que não se testa e pode ter carga viral alta.

DIREITOS

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A advogada Deborá Cristina Thomaz Evangelista é mestre em Direito, Cidadania e Desenvolvimento e atua como assessora jurídica da ONG Igualdade, de Santa Maria. Por lá, ela ajuda as pessoas que vivem com HIV a intenderem seus direitos, como o saque do FGTS, a compra de um carro zero com desconto de impostos, isenção do imposto de renda e auxílio doença, em alguns casos. 

- Como Assessora da ONG Igualdade, agente dá assessoria jurídica, dá orientação, encaminha para os lugares onde os pacientes podem buscar seus direito. Não entramos com a ação, mas orientamos. Em alguns casos, em que as pessoas precisam de advogado e não têm condições de contratar um, explicamos como elas podem procurar a defensoria publica. Ninguém sai da ONG sem saber seus direitos, onde buscar mais informações e o caminho que precisam fazer para conseguir acessar.

O Atendimento na ONG, que fica na Rua Paul Harris 109, é gratuito. O agendamento deve ser feito pelo WhatsApp (55) 999357607, de segunda a sexta-feira, no período da tarde.

- O agendamento é importante, para não ficar esperado, ou não perder a viagem, se a gente estiver atendendo fora do escritório, finaliza Débora.

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ATENDIMENTO

  • O quê - Casa Treze de Maio 
  • Onde - Rua Riachuelo, 364.
  • Horário de atendimento - De segunda a sexta-feira, das 8h às 12h e das 14h às 16h30min. Telfone 3921-1263
  • Serviços - Teste rápido de HIV, distribuição de preservativo, auto teste HIV, PreP, consultas, entre outros

DEZEMBRO VERMELHO
Por causa da pandemia de coronavírus, a campanha municipal do mês Dezembro Vermelho, de combate e prevenção à Aids, vai ser realizada em formato online, por meio da plataforma Google Meet. A inscrição é gratuita e se dará pelo link. Amanhã é o Dia D de testagem rápida para HIV, Sífilis, Hepatite B e Hepatite C nas Unidades Básicas de Saúde (UBSs). A programação é entre hoje e amanhã, com bate-papos e o Dia D de testes rápidos (quarta).

Programação

Terça-feira (1º de dezembro)

  • 13h15min: abertura online com autoridades da secretaria de Saúde
  • 13h30min: Mesa Redonda "Discussão de dados do HIV/AIDS e entraves para o diagnóstico e manutenção do tratamento no Município", com a participação da equipe da Casa Treze de Maio, enfermeiras e farmacêuticas
  • 14h30min: Mesa Redonda "Prevenção combinada: a Profilaxia Pré-Exposição (PrEP) como tecnologia de prevenção ao HIV", com a participação do integrante do projeto ImPrEP, Paulo Alencastro, e do infectologista da Casa Treze de Maio, Guilherme Weber

Quarta-feira (2)

  • Dia "D" de teste rápido para HIV, Sífilis, Hepatite B e Hepatite C: realização de testagem aos usuários nas Unidades Básicas de Saúde, conforme o horário de atendimento de cada local
  • 9h: roda de conversa e acolhimento "Precisamos falar sobre o HIV/Aids!", em formato presencial com pessoas que são atendidas pela Casa Treze de Maio e que demonstraram interesse em participar da atividade, conforme medidas sanitárias para evitar o contágio por coronavírus. Será no salão do Núcleo de Educação Permanente em Saúde de Santa Maria (Rua Tuiuti, 1.626)
  • 13h15min: Mesa Redonda "Desafios para prevenção e tratamento do HIV na população chave e prioritária no cenário atual", com a participação da professora do curso de enfermagem da Universidade Franciscana (UFN), Martha Helena de Souza, da integrante do Programa DST/Aids de São José do Rio Preto (SP), Maria Amélia Zanon, e da Integrante do Corpo Discente de Doutorado da Escola de Enfermagem de Ribeirão Preto (EERP-USP) e Paula Daniella de Abreu.

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