Foto: João Risi/MS
O Ministério da Saúde iniciou, na semana passada, a implementação do teste de biologia molecular DNA-HPV no Sistema Único de Saúde (SUS). Trata-se de um método moderno e inovador que representa um avanço para o rastreamento organizado do câncer de colo do útero. No Rio Grande do Sul, o novo teste vai beneficiar, neste período, cerca de 87 mil mulheres no município de Pelotas.
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Ofertada inicialmente em 12 estados brasileiros, a tecnologia 100% nacional detecta 14 genótipos do papilomavírus humano (HPV), identificando a presença do vírus no organismo antes da ocorrência de lesões ou câncer em estágios iniciais. Segundo a pasta, a medida possibilitará o rastreamento precoce em cerca de 5,6 milhões de mulheres em cinco anos, nos estados nos quais a iniciativa já começa a ser oferecida gradualmente.
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– O câncer do colo do útero ainda é um dos tipos que mais mata mulheres. No Brasil, são 20 mortes por dia, até seis vezes mais que os casos de feminicídio em alguns estados. Com diagnóstico mais rápido e tratamento precoce, podemos salvar muitas vidas. Estamos aproveitando a infraestrutura criada durante a pandemia para os testes de biologia molecular, o que permitirá reduzir o tempo de espera e iniciar o tratamento o mais rápido possível – explicou o ministro da Saúde, Alexandre Padilha.
A implementação começa por um município em cada estado, sendo ampliada conforme a finalização da troca do método. A meta é que, até dezembro de 2026, o rastreio esteja presente na rede pública de todo o território nacional, beneficiando 7 milhões de mulheres de 25 a 64 anos por ano. Além do Rio Grande do Sul, a iniciativa já começa a ser oferecida gradualmente no Rio de Janeiro, São Paulo, Ceará, Bahia, Pará, Rondônia, Goiás, Paraná, Pernambuco e Minas Gerais e no Distrito Federal.
O que é HPV?
O HPV é a principal causa do câncer do colo do útero, terceiro tipo mais incidente em mulheres, com 17.010 casos novos estimados por ano, no triênio 2023-2025. Estimativa do Instituto Nacional de Câncer (INCA) aponta 15 casos da doença a cada grupo de 100 mil mulheres. Por isso, a oferta do novo modelo de rastreamento é considerada um marco para a saúde da mulher em vista de uma série de benefícios.
Além de conferir maior sensibilidade diagnóstica, o novo teste reduz a necessidade de exames e intervenções desnecessárias, com intervalos maiores entre as coletas quando o resultado der negativo. Outra vantagem é o rastreamento equitativo e de alta performance, que alcança mulheres em áreas remotas ou com menor oferta de serviços.
Produzido pelo Instituto de Biologia Molecular do Paraná, ligado à Fiocruz, o teste molecular de DNA-HPV substituirá o exame citopatológico Papanicolau, que passará a ser realizado apenas para confirmação de casos em que o teste DNA-HPV der positivo. O processo segue as Diretrizes Brasileiras de Rastreamento do Câncer do Colo do Útero, que conta com medidas para um rastreamento organizado e com foco em mulheres de 25 a 64 anos, público-alvo da iniciativa, para realizar o exame.
A elaboração das diretrizes foi coordenada pelo INCA com a participação de 81 especialistas que representaram a cinco Secretarias do Ministério da Saúde, além da Organização Pan-Americana da Saúde (OPAS) e outras 37 instituições de todas as regiões do país, incluindo universidades, hospitais, sociedades médicas e organizações da sociedade civil.
O público-alvo do rastreamento organizado são as mulheres cisgênero, incluindo homens transgênero, indivíduos não binários, de gênero fluido e intersexuais nascidos com sistema reprodutivo feminino. Para ter acesso ao novo teste molecular DNA-HPV, basta marcar uma consulta ginecológica regular nas Unidades Básicas de Saúde. O estado também usará o cruzamento de informações de pessoas não vacinadas contra o HPV.
* com informações do Ministério da Saúde