“Estamos fazendo de tudo para não vivenciar novamente um surto desse porte”, afirma superintendente da Vigilância em Saúde sobre a dengue

Em 2023, o cenário da dengue no Brasil registrou índices alarmantes. Segundo o Ministério da Saúde, o número de casos confirmados apresentou aumento de 15,8%, passando de 1,3 milhão em 2022 para 1,6 milhão neste ano. Em Santa Maria, o quadro também chama a atenção. Sofrendo com surtos de dengue há cerca de três anos, o município não havia registrado mais de 250 casos por ano.

+ Receba as principais notícias de Santa Maria e região no seu WhatsApp

Segundo a Secretaria Estadual da Saúde, Santa Maria emitiu mais de 10 mil notificações da doença apenas em 2023. Deste quantitativo, 8.013 casos foram confirmados, 2.025 descartados e sete seguem em investigação. Além disso, foram registrados também os primeiros óbitos em decorrência da dengue em toda a série histórica do município.

Em entrevista ao Diário, o superintendente da Vigilância em Saúde de Santa Maria, Alexandre Streb, analisou o cenário e falou sobre as estratégias para combater a doença para 2024.

Cenário

Santa Maria começou 2023 com alta demanda de atendimento por suspeita de dengue em unidades de saúde e de emergência. Os meses de março e abril foram os de maior incidência, tanto no número de casos confirmados quanto no número de hospitalizações em decorrência da doença. De acordo com o Streb, as notificações recebidas pela Vigilância em Saúde foram registradas em diversos bairros e distritos do município.

– Podemos dizer que foi um surto geral. Embora tenhamos as regiões Oeste e Leste com mais casos, praticamente não escapou nenhum bairro. Foi um surto generalizado e o maior já registrado em Santa Maria, o que nos colocou em alerta.Hoje, isso nos leva a pensar em alternativas para lidar agora com um possível surto, que poderá vir nos meses de fevereiro, março e abril – afirma.

Neste processo, o Laboratório Central de Saúde Pública do Estado (Lacen) e os laboratórios locais conveniados foram essenciais na análise dos materiais coletados, e consequentemente, na confirmação dos diagnósticos. Apesar de 2023 estar terminando com mais de 8 mil casos de dengue, houve queda no número de confirmados nos últimos meses.

– Nos meses de outubro, novembro e dezembro, nós tivemos uma grande queda nos números. Tivemos seis casos em outubro; três casos em novembro e agora em dezembro, não tínhamos nenhum caso registrado. Mas isso é fácil de explicar. Temos conhecimento da dinâmica do próprio vetor, que não se propaga em altas temperaturas com a mesma intensidade com a qual ele se propaga em temperaturas mais amenas. Por isso, temos uma maior incidência de pessoas infectadas no final de fevereiro, pegando março, abril e também início de maio – comenta Streb.

Dengue em números*

Nº de notificações – 10.074
Casos confirmados – 8.013
Em investigação – 7
Casos inconclusivos – 29
Descartados – 2.025
Hospitalizações – 3 pessoas, sendo duas em leitos clínico adulto e uma em UTI adulto
Óbitos – 5

*Atualizado em 19 de dezembro de 2023

Fonte: Painel de casos de dengue RS

Força-tarefa e estratégias para 2024

Em Santa Maria, o aumento acelerado dos casos de dengue levou a Vigilância em Saúde a criar uma força-tarefa, em maio, para atuar na prevenção à proliferação e circulação do Aedes aegypti.

Entre as ações realizadas com auxílio do Exército, estava a vistoria de imóveis, limpeza e eliminação de objetos com água parada. No período de maior incidência da doença, a presença do mosquito foi registrada em mais de 45 locais, entre bairros e distritos. Conforme Streb, o monitoramento da doença hoje é realizado pelos agentes de saúde, que atuam em um raio de 150 metros ou no quarteirão inteiro, quando há notificação da doença:

– Tem uma força tarefa atuando nesse momento. E se propõe para os meses de janeiro e fevereiro de 2024, uma força mais intensiva com propaganda na rua e com carro de som. Pretendemos também que o exército nos ajude semelhante ao que foi feito em 2023.

O planejamento para 2024 também envolve a contratação de novos agentes de saúde, conforme já solicitado pela Secretaria da Saúde. Em novembro deste ano, o município adquiriu uma máquina de pulverização a ser usada em um dos veículos da prefeitura. Segundo Streb, a entrega técnica do equipamento ocorreu no início de dezembro. A equipe aguarda agora pela chegada do inseticida comprado pela prefeitura.

Responsabilidade coletiva

Neste processo, a população também deve algumas medidas para combater o mosquito Aedes aegypti como manter a caixa d’água sempre fechada; encher de areia, até a borda, os potes e os vasos de plantas; não deixar a água da chuva acumular em recipientes; utilizar inseticidas, entre outras.

– Estamos fazendo de tudo para não vivenciar novamente um surto desse porte em Santa Maria. Então, é muito importante que a população entenda que tem um papel fundamental nisso. Nós nunca venceremos a dengue, por mais que tenhamos novas tecnologias, porque ela veio para ficar. Nos municípios onde ela chega, ela não vai embora, né? Só diminui a incidência. Então, as pessoas precisam limpar seus pátios, tirar toda a água parada e observar pelo menos por 10 minutinhos por semana suas residências. As pessoas precisam entender que estamos vivendo uma situação muito grave, por conta das mudanças climáticas e a adaptação do vetor ao clima – reforça Streb.

Fique atento aos sintomas

Considerada uma das 10 principais ameaças à saúde global pela Organização Mundial de Saúde (OMS), a dengue exige cuidado com os sintomas. Fique atento a: