Dois terços das vítimas da Covid em 2022 não tinham esquema vacinal completo

Os dados vacinais das 35 vítimas da Covid-19 registradas em 2022 em Santa Maria apontam que dois terços dos mortos não estavam com o esquema vacinal completo. O perfil das vítimas também é bem definido: 32 das 35 tinham mais de 60 anos. Para especialistas, o dado comprova que a chance de desenvolver um caso grave e morrer por conta do coronavírus é maior para quem não se vacina.

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Ao todo, foram registradas 35 mortes em 2022. Está incluído na contabilidade um homem de 74 anos que morreu em 7 de dezembro do ano passado, mas teve o caso divulgado apenas em janeiro. Conforme dados da prefeitura, do total, 24 não estavam com o esquema vacinal completo, composto por duas doses mais o reforço. Todos as vítimas estavam em idade para receber o reforço até a data do óbito, com a exceção de um dos registros, que é de uma criança de 7 anos. 

SITUAÇÃO VACINAL DE ÓBITOS POR COVID-19 EM 2022

• 11 vítimas com três doses
• 12 sem vacina
• 10 apenas com duas doses
• 2 apenas com uma dose

São diversos os motivos que levam uma pessoa a não completar o esquema de vacinação, como doença ou a simples recusa. Desde a última segunda-feira, a prefeitura divulga a situação vacinal da vítima junto dos comunicados emitidos sobre as mortes.

Para o infectologista Ronaldo Hallal, professor de Medicina da Universidade Feevale, os números seguem uma tendência e evidenciam o maior risco de morte para quem não se vacina contra a Covid-19.

- Uma análise básica é pelo universo de pessoas que receberam uma, duas, três ou nenhuma dose. A situação epidemiológica em Santa Maria nesse sentido não surpreende. Os dados mostram que as pessoas que não receberam nenhuma dose de vacina tem, proporcionalmente, mais risco de morrer do que as que foram vacinadas - explica o especialista.

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Conforme dados do vacinômetro da prefeitura, 233 mil primeiras doses ou doses únicas foram aplicadas em Santa Maria. Em um cálculo que leva em conta a população estimada do município pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), de 285 mil pessoas, são cerca de 50 mil pessoas sem nenhuma dose da vacina, incluindo adultos e crianças. O dado não é preciso, pois podem estar incluídas pessoas de fora do município que eventualmente receberam a vacina na cidade, por exemplo. De qualquer forma, o universo de pessoas sem vacina é menor do que o de pessoas vacinadas na cidade, e mesmo assim as mortes entre não-vacinados supera o de pessoas com o esquema vacinal completo.

- Isso reflete o que está acontecendo no país. A maioria das pessoas que estão internando, principalmente em UTI, são de não vacinados ou com esquema incompleto. Isso mostra que a dose de reforço, principalmente em relação a variante ômicron, faz uma grande diferença - afirma a infectologista Andréa Dal Bó, integrante da Sociedade Riograndense de Infectologia (SRGI).

Para Dal Bó, a vacinação faz diferença na contenção das mortes por Covid-19. Mortes de pessoas com todas as vacinas em dia seriam a exceção nesse momento da pandemia.

- Ter um esquema vacinal completo é o que faz a diferença. É ainda um número pequeno de óbitos em relação ao que tínhamos em momentos anteriores. Houve uma redução de mortalidade - diz a especialista.

MORTES DE VACINADOS

Dos 35 óbitos registrados em 2022, 11 estavam com o esquema vacinal completo. Isso acontece pois as vacinas não garantem uma proteção de 100%. Conforme Hallal, é importante seguir com medidas como uso de máscaras adequadas para conter a transmissão.

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- A ômicron tem um risco maior de escape vacinal já que apresenta diversas mutações. As vacinas não são uma abordagem tudo ou nada. É uma abordagem de redução do risco de casos graves, de complicações, do tempo de transmissibilidade - explica o infectologista.