Após cura de leucemia por transplante de medula 100% compatível, doadora e receptora se conhecem em festa de casamento

Após cura de leucemia por transplante de medula 100% compatível, doadora e receptora se conhecem em festa de casamento

Foto: Arquivo pessoal

Para realizar um transplante de medula óssea é preciso que a pessoa transplantada seja compatível com a doação. Segundo dados do Registro Brasileiro de Doadores Voluntários de Medula Óssea (Redome), estima-se que há 25% de chances de se encontrar alguém compatível na família. Em caso de não compatibilidade, a busca é feita pelo banco de dados do Redome. Foi o que aconteceu com Stephanie Funari Amaral Gusmão de Faria, 36 anos, de Presidente Prudente, em São Paulo, que encontrou 100% de compatibilidade em Miréia Xavier, 37 anos, de Lajeado, no Rio Grande do Sul. Stephanie buscava a cura para a leucemia descoberta em janeiro de 2022. Antes de completar dois anos de transplante, Stephanie conheceu Miréia, no último sábado (24), na sua festa de casamento (leia mais abaixo).   

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Doadora e receptora

Natural de Cachoeira de Sul, Miréia viveu até os 15 anos em Santa Maria, onde estudava na Escola Medianeira. Depois, mudou-se com a família para Lajeado e se formou em Pedagogia pela Unopar. A ligação dela com o transplante de medula ocorreu em 2013, em uma ação em um evento, aos 26 anos, quando descobriu que poderia ser uma doadora de medula. Desde então, sempre doava sangue. No local, já realizou a coleta para ficar no banco de dados. No ano de 2022, Miréia foi chamada. Ela lembra a data: 17 de outubro, em Porto Alegre:

– Foi na campanha que descobri que poderia doar medula também, além da doação de sangue. É muito gratificante por saber que salvou uma vida. É uma sensação indescritível. Conversando com os médicos, eles comentaram que a doação foi aceita como se fosse dela mesma, de tão compatível – explica.

No começo, Miréia disse que não tinha o interesse de conhecer a quem fez a doação. Sua boa ação tinha sido feita e isso bastava, mas vinha o sentimento de saber se tinha auxiliado no tratamento do outro e em como a pessoa estava. O desejo era o mesmo do outro lado:

– Depois da doação, eu ficava me questionando como ela estava, mas tinha um pouco de medo de conhecer a quem doei. Não sei por que, era apenas um receio. Foi quando recebi o contato do Redome para conhecer ela, e aceitei. O acolhimento dela e da família foi incrível. Fui muito bem recebida por todo mundo. Foi emocionante.

Stephanie e Miréia. Foto: Arquivo pessoal

Stephanie trabalha como auxiliar administrativa. Ela descobriu a leucemia em janeiro de 2022 e desde lá vinha tratando. Ao sentir mal-estar, ter sinusite, petéquias (pequenas manchas) e ter a boca na cor branca, ela começou a investigação com alguns médicos. Foi quando a sua otorrinolaringologista solicitou um hemograma. Por conta das manchas, havia também suspeita de dengue. A partir dos testes, Stephanie descobriu a leucemia:

– Quando eu descobri, perguntei para o médico o que aconteceria caso eu não fizesse o tratamento. Ele me disse que seriam 20 dias no máximo de vida por conta da gravidade. Depois dos exames, percebemos que eu estava morrendo. Uma semana depois, já comecei a quimioterapia. Eu tive muita febre, passei muito mal. A febre subia muito, mas não podia tomar remédio, pois tinha acabado de tomar.

Stephanie foi compatível com três pessoas que não eram da família. Com Miréia a compatibilidade foi de 100%. Em 28 de julho de 2022,Stephanie faria o transplante. Foi quando, em exame, testou positivo para coronavírus. Neste período, sentiu que algo estava estranho e descobriu que, apesar do tratamento, a doença havia voltado 15%:

– Fiz quimioterapia de resgate. Fui para a Unidade de Terapia Intensiva (UTI). Fiquei entubada. Saí da UTI, mas continuei internada. Foi depois deste período que fiz o transplante. Além do tratamento, fiz muitos amigos durante o processo. Perdi alguns deles também para a leucemia.

Felipe, Cláudia, Stephanie e Rodolfo, amigo conhecido no hospital que faleceu. Foto: Arquivo pessoal

Stephanie conta que durante o tratamento rezava todos os dias. Não chegou a prometer nada, mas disse que incentivaria quem pudesse para realizar a doação:

– Durante o tratamento, eu ia vivendo um dia após o outro. Foram momentos muito difíceis. Eu fiquei no compromisso de falar com todo mundo que quisesse saber sobre a doação e incentivar as pessoas. O transplante salvou minha vida. E foi o que falei para a Miréia. Ela salvou a minha vida.

Revelação


O encontro das duas foi na tão sonhada festa de casamento de Stephanie e Marcos Tadeu Fernandes de Faria, 40 anos, seu marido, no último sábado (24). Foi dele que partiu a iniciativa de realizar o encontro. Até a data da festa, era surpresa. Os dois haviam casado no civil em fevereiro de 2021, e, por conta da pandemia, optaram por não celebrar naquele momento. O marido de Stephanie conversou com Miréia e ela viajou até São Paulo para conhecê-los. O momento para as duas é verbalizado como emocionante e único.

Foto tirada no domingo com médicos, doadora e receptora e seus maridos. Foto: Arquivo pessoal

O Redome não compartilha informações e dados de doadores nem quem será o transplantado. Contudo, é permitida uma quebra de anonimato, a chamada revelação. Após seis meses da infusão, o doador pode solicitar informações sobre o estado de saúde do receptor. Após um pouco mais de um ano é autorizada a quebra de confidencialidade entre eles. Tudo é assinado e orientado pelo Redome.

Como se tornar um doador

Para se tornar um doador, primeiro é preciso notificar o hemocentro mais próximo de sua cidade sobre o desejo. Em Santa Maria, o Hemocentro Regional pergunta se há o interesse em ser um doador. Caso a resposta seja positiva, é coletada uma amostra e encaminhada ao Hospital de Clínicas de Porto Alegre. Por consequência, ela é colocada em um banco de dados do Redome.

Há alguns requisitos para ser doador:

  • Ter entre 18 e 35 anos; o doador permanece no cadastro até 60 anos e pode realizar a doação até esta idade;
  • Um documento de identificação oficial com foto;
  • Estar em bom estado geral de saúde;
  • Não ter nenhuma doença impeditiva para cadastro e doação de medula óssea, conforme lista disponível

Procure o Hemocentro de Santa Maria

  • Endereço – Alameda Santiago do Chile, 1-59 - Bairro Nossa Senhora das Dores, Santa Maria - RS, 97050-685
  • Telefone – (51) 3287-2549
  • Mais informações pelo site

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