12% das crianças brasileiras apresentam suspeita de atraso no desenvolvimento, segundo pesquisa

Uma pesquisa do Ministério da Saúde aponta que 12% das crianças brasileiras de até cinco anos têm suspeita de atraso no desenvolvimento e não apresentam os comportamentos e habilidades esperados para essa faixa etária. O estudo – que faz parte do projeto Primeira Infância para Adultos Saudáveis (Pipas) realizado em parceria com a Fundação Maria Cecilia Souto Vidigal e o Instituto de Saúde – foi lançado na semana passada durante a 10ª edição do Simpósio Internacional de Desenvolvimento da Primeira Infância, em Brasília. O documento mostra, ainda, que a incidência de atraso cresce entre as famílias socialmente mais vulneráveis. Os dados foram coletados entre agosto e outubro de 2022, em 13 capitais do país.

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Estudo

O principal objetivo da pesquisa, que abrangeu as cinco regiões do Brasil, é disponibilizar informações para a tomada de decisão sobre ações, programas e políticas voltadas ao desenvolvimento na primeira infância. ​Ao todo, 13 mil crianças de 0 a 5 anos foram avaliadas pelo estudo, já que é nesse período que elas desenvolvem suas habilidades motoras, cognitivas, de linguagem e socioemocionais.

Os primeiros dados indicam como as desigualdades podem afetar o desenvolvimento infantil. Crianças de famílias com menor renda, menor escolaridade e em situações de insegurança alimentar têm maiores chances de ter atraso no desenvolvimento. De acordo com o levantamento, a quantidade de estímulos que a criança recebe aumenta de acordo com a renda familiar, sendo assim:

  • Entre as crianças cujas famílias participam de programas sociais, 46,3% tinham o nível de desenvolvimento abaixo da média verificada em seus municípios
  • Entre os que não eram beneficiários desse tipo de programa, a frequência era de 35,3%
  • Em famílias cujos pais e cuidadores se encontravam em situação de insegurança alimentar, 45% das crianças apresentavam desenvolvimento abaixo da média do município
  • Entre os que não estavam nessa condição, o índice era de 35%

Conforme a pesquisa, as desigualdades criam barreiras para pais e cuidadores em situação de vulnerabilidade social, dificultando a oferta de atividades de estímulo adequadas às suas crianças, como ler ou olhar figuras de livros, contar histórias, cantar, passear, jogar, brincar, nomear, contar ou desenhar. 

  • A oferta de quatro ou mais atividades de estímulo à criança ocorreu em 66% das famílias em posição socioeconômica mais vulnerável, comparadas a 86% daquelas em condições mais favoráveis.

O levantamento aponta ainda que:

  • cerca de 25% das crianças ouvidas não esteve envolvida em pelo menos quatro atividades de estímulo – como conversar, cantar e contar histórias – nos três dias anteriores à pesquisa. 
  • Entre as crianças de 4 ou 5 anos, 9% não estavam matriculadas em escolas, dado que varia de 3% a 23% entre as capitais estudadas.

A saúde das crianças também depende de uma série de ações dos pais e cuidadores, como o pré-natal e o atendimento da criança na primeira semana de vida. O estudo comprova que:

  • 14,8% das crianças não foram atendidas por equipes de saúde na primeira semana de vida – percentual parecido com o de mães que fizeram menos de seis consultas pré-natais 

A respeito da alimentação

  • a pesquisa demonstra que 57,8% das crianças menores de seis meses recebiam aleitamento materno exclusivo
  • 15% das famílias se encontravam em situação de insegurança alimentar

Revelância

Para a coordenadora de Atenção à Saúde da Criança e do Adolescente no Ministério da Saúde, Sônia Venâncio, os indicadores de desenvolvimento infantil integral nas capitais brasileiras ajudam a colocar luz na necessidade de novas políticas públicas, com recortes locais que podem dar ainda mais eficiência ao trabalho dos gestores.

– Esse projeto não substitui as pesquisas de abrangência nacional, que apresentam um panorama do país, mas essa média nacional, muitas vezes, pode mascarar diferenças regionais. Como nosso foco é disponibilizar os dados para a realidade local, eles variam muito de contexto para contexto, e cada local pode pegar seu conjunto de dados para planejar as ações mais apropriadas que podem garantir o desenvolvimento na primeira infância – destaca.

Além de reforçar a importância do comparecimento nas unidade básica de saúde (UBS) para fazer o acompanhamento do desenvolvimento da criança, a iniciativa deve resultar na retomada de outras medidas como a impressão e distribuição da Caderneta da Criança. O material, normalmente entregue nas maternidades, traz calendário de vacinação, orientações sobre a saúde do bebê e sobre alimentação adequada, além de marcadores de indicadores de desenvolvimento infantil.

– Estávamos há três anos sem essa distribuição nacional, mas a caderneta voltará a ser distribuída nos próximos meses – comenta Sônia. 

*com informações do Ministério da Saúde


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