Foto: Reprodução
O Ministério Público de São Gabriel também denunciou o pai de Isabelly, o telemoto José Lindomar Brezzolin, por estupro de vulnerável e violência doméstica por ameaças à mãe da criança
O Ministério Público do Rio Grande do Sul (MPRS) denunciou à Justiça por homicídio culposo os pais da menina Isabelly Carvalho Brezzolin, 11 anos, que morreu no dia 8 de maio após ter sido internada no Hospital Universitário de Santa Maria. O pai, o telemoto José Lindomar Nunes Brezzolin, 55 anos, também foi denunciado por estupro de vulnerável e por ameaças à mãe da menina, no contexto de violência doméstica e familiar. O casal foi preso em 7 de maio. No momento, apenas José Lindomar segue detido.
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Conforme a denúncia feita nesta quarta-feira (28) pelo promotor de Justiça Mauricio Arpini Quintana, de São Gabriel, entre o fim de abril e 8 de maio de 2025, os pais de Isabelly deixaram de adotar as providências necessárias diante do agravamento do quadro de saúde da filha. “(...) devendo e podendo agir para evitar o resultado, omitiram-se, por negligência, na adoção das medidas necessárias e, assim, mataram Isabelly, pessoa menor de 14 anos, falecida em razão de insuficiência respiratória, sepse e coagulação intravascular disseminada decorrente de pneumonia necrotizante, também da otite e mastoidite, tudo conforme exames e o laudo pericial”, diz a denúncia.
Segundo o MP, dias antes da morte, Isabelly apresentou otalgia (dor de ouvido), dores abdominais, diarreia, otite e dificuldade respiratória. Mesmo diante do "evidente sofrimento da vítima", os pais teriam negligenciado a busca por atendimento médico. "A menina permaneceu acamada e sem alimentação adequada, chegando a cair dentro de casa e apresentar hematomas e inchaço no braço", informa a denúncia.
Somente no dia 7 de maio, quando a menina já não respondia mais aos estímulos, a mãe decidiu levá-la ao hospital Santa Casa de São Gabriel, sendo necessário que um motorista de táxi a carregasse nos braços até o veículo. A criança foi internada em estado grave e morreu no dia seguinte, após ser transferida para o Husm, em decorrência de insuficiência respiratória, sepse e pneumonia necrotizante, conforme laudos periciais.
“Em razão dessa demora na busca de atendimento, a menina foi piorando, ocorrendo pneumonia severa, sofrendo de alta dificuldade respiratória e a generalização da infecção, o que, finalmente, levou-a a óbito”, aponta o promotor Mauricio Quintana.
O pai também foi denunciado por estupro de vulnerável e por ameaças à companheira, Elisa Carvalho, 36 anos, mãe de Isabelly. De acordo com a investigação, entre março de 2023 e maio de 2025, ele teria praticado atos libidinosos contra a filha.
Além disso, conforme o MP, em três ocasiões José Lindomar ameaçou a companheira. Em uma das vezes, usou apontou faca em direção à mulher, depois de ser repreendido por seu comportamento abusivo com a filha. Segundo a denúncia, as ameaças foram praticadas para garantir a impunidade dos estupros.
Inquérito policial
A denúncia do Ministério Público tem como base o inquérito da Polícia Civil, que havia indiciado os pais pelos crimes de maus-tratos de estupro de vulnerável. O laudo da necropsia da menina não comprovou o estupro nem as agressões físicas que, inicialmente, teriam levado a polícia a pedir a prisão do casal.
Com a conclusão do inquérito, Elisa foi libertada a pedido da defesa em 19 de maio. Já José Lindomar segue preso. O local da detenção não foi informado.
O que dizem as defesas
Procurada pela reportagem nesta tarde, a advogada Rebeca Canabarro de Matos, que defende Elisa Carvalho, informou que deve se manifestar sobre a denúncia ainda nesta quarta-feira.
Já a Defensoria Pública, que atende José Lindomar, não se manifestou sobre a denúncia até o momento.