investigação

Jovem agredida pelo namorado sofreu queimaduras em 56% do corpo

João Pedro Lamas

A jovem argentina de 20 anos agredida pelo ex-namorado na madrugada da última sexta-feira em Santa Maria está com 56% do corpo queimado. Ele é suspeito de ter ateado fogo nela com materiais que usava para pirotecnia. Os dois trabalhavam como malabares na esquina das avenidas Nossa Senhora da Medianeira com Fernando Ferrari, Região Central da cidade, quando o crime aconteceu.

Por volta das 4h daquele dia, a Brigada Militar (BM) recebeu denúncia de que uma mulher havia sido vítima de violência doméstica. Ela recebia atendimento médico na Unidade de Pronto-Atendimento (UPA).

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No local, descobriram que por conta da gravidade dos ferimentos que sofreu, foi transferida para o Hospital Universitário de Santa Maria (Husm).

Ela contou aos policiais que o responsável pelo crime tinha sido seu namorado, também argentino. Ele jogou querosene e em seguida ateou fogo contra ela. As chamas causaram queimaduras de primeiro e segundo graus principalmente na parte superior do seu corpo. Testemunhas disseram que a vítima foi socorrida pela vizinhança. Foram essas pessoas que apagaram o fogo, prestaram os primeiros-socorros e chamaram a polícia. Ela foi encaminhada ao Husm por uma ambulância do Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu).

O suspeito do crime, já identificado, fugiu, e até o momento da publicação desta notícia não tinha sido localizado pela polícia.

HOSPITALIZADA

A jovem está internada na Central de Tratamento Intensivo (CTI) do Husm. Ela sofreu queimaduras nas vias respiratórias e respira com ajuda de aparelhos.

A mãe dela, que ficou sabendo de detalhes do que aconteceu via redes sociais, está com ela no hospital.

Ela chegou a Santa Maria na tarde desta segunda-feira. A tia da vítima foi quem a levou até o hospital de carro, partindo de Santa Fé, onde mora, uma viagem de mais de 1,2 mil quilômetros, que levou dias e começou assim que a mãe da jovem ficou sabendo o que aconteceu com a sua filha.

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A tia, por questões de trabalho, precisou voltar logo que as duas chegaram ao hospital, razão pela qual a mãe da jovem faz o acompanhamento do seu estado de saúde sozinha. Ele é considerado "estável" pelos médicos.

O consulado brasileiro disponibilizou um local para ela ficar, que fica próximo do hospital. Os familiares, na Argentina, estão organizando uma rifa para arrecadar os fundos necessários para que ela possa se manter no Brasil, bem como para dar conta da falta financeira que sua ausência em Santa Fé acarreta, já que está faltando o trabalho.

MOCHILÃO

A jovem estava fazendo um mochilão pelo Brasil e Argentina acompanhada do namorado, com quem ela trabalhava nas ruas fazendo malabares. Era uma forma de angariar os fundos necessários para continuar viajando.

Uma amiga da jovem, também mochileira, passou uma semana com o casal.

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Conforme o relato dela, as duas se conheceram e se deram muito bem, até tendo presenteado a jovem, iniciante nos malabares, com algumas hulas (aros para os malabares). Os gênios bateram tanto um com o outro que surgiu um convite para que saíssem para comer alguma coisa na quarta-feira de noite, convite ao qual o namorado não reagiu bem. Segundo ela, ele discutia e começava a brigar "por qualquer coisa", além de tratar a jovem "muito mal quando tentava acalmá-lo".

- No outro dia, fiquei sabendo pelo rádio que uma menina tinha sido queimada pelo marido. E que era argentina. De imediato me ocorreu: 'é ela'. Fui até a esquina onde estavam trabalhando no dia anterior e encontrei as coisas dela atiradas no lugar. Estava confirmado. Era ela - disse.

Foi ela quem fez a denúncia junto à polícia, bem como a publicação no Facebook que foi vista pela mãe da jovem ferida.

Os documentos de identificação da menina desapareceram. Não estavam junto das coisas que a amiga encontrou no local do crime.

A JOVEM

Antes de partir para a viagem, a vítima cursou até o terceiro ano de Educação Especial no "Instituto de Educación Superior nº 9.105 Dra. Sara Faisal".

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Foi nessa época que conheceu o namorado. Ele propôs a viagem, e ela topou. Sua mãe não gostou nada da ideia.

- Queremos que o caso seja solucionado, que ela não seja só mais uma vítima, que encontrem ele (o namorado, suspeito do crime). Agora que sabemos o que aconteceu, pudemos ir atrás de mais informações. Ele já ameaçou uma menina com uma faca, e abusou de outra. Que a Justiça seja feita - disse a irmã mais nova da vítima.

TRANSLADO

Agora, a família busca a disponibilização de um avião que possa fazer o translado da jovem até a Argentina.

- Queremos que ela possa ser encaminhada a Buenos Aires, onde há o hospital de queimados (fica mais próximo, e mais fácil, para a família do que se ela fosse transferida para Porto Alegre, onde há hospital especializado no atendimento a queimados). Falamos com o consulado brasileiro, e nos disseram que não há o avião apropriado para esse tipo de transporte disponível com o consulado argentino. Queremos que se encontre outra forma de transportá-la para que ela possa lutar essa luta aqui - disse a irmã, que está em Santa Fé, na Argentina.

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