Após quase 40 anos

VÍDEO: pela primeira vez, residência em Cirurgia Geral no Husm forma turma exclusivamente feminina

Arianne Lima

data-filename="retriever" style="width: 100%;">Fotos: Eduardo Ramos (Diário)

Nesta sexta-feira, o grupo composto pela cerro-larguense Bruna Polanski Costa, 32 anos; a colombiana Angela Bedoya, 31; a chapecoense Francine Burtet, 28; a lagoense Ellen Cristina Moreira de Lima, 29, e as santa-marienses Júlia Cardoso Brum, 27, e Katiellie Medianeira da Rosa, 32, entrará para a história do Hospital Universitário de Santa Maria (Husm). Após quase 40 anos, esta é a primeira vez que a residência em Cirurgia Geral da instituição forma uma turma exclusivamente feminina. 

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Para Bruna, o momento é de orgulho e reconhecimento por poderem dizer que, além de serem médicas, são cirurgiãs.

- Para nós, seis mulheres, foi uma grande conquista. Fomos quebrando paradigmas ao longo dos dois anos, e muita gente achou que não ia dar certo seis mulheres juntas. Mas, nos tornamos grandes amigas e com certeza, hoje, faremos parte de um marco para o Husm, para Santa Maria e, talvez, para o Rio Grande do Sul - afirma. 

Angela veio da Colômbia e ficou sabendo sobre a especialização na UFSM. Ela destaca como louvável os recursos ofertados pelo hospital e a diversidade de pacientes. A origem das colegas, que são de cidades do Rio Grande do Sul e Santa Catarina, também é comentada.

- Minhas colegas também vêm de diferentes partes. Então, acho que isso foi uma grande experiência para mim - diz. Entre os momentos marcantes vividos pelo grupo, está uma cirurgia de apêndice realizada em Francine. Em abril de 2021, durante o trabalho, a residente se sentiu mal e teve que ser operada pelas próprias colegas.

- Foi muito importante para mim, por reforçar nosso vínculo e também para a minha profissão como cirurgiã ser paciente. Eu tive uma apendicite, que é uma infecção comum, e necessitei de tratamento cirúrgico. Todo o meu diagnóstico foi no hospital. Me internaram, prescreveram o procedimento e me deram todo o suporte dentro do bloco cirúrgico. Com certeza, estar junto delas e com todos os nossos professores foi muito importante para mim - afirma Francine, ressaltando que passou a ter o hábito de segurar a mão dos pacientes antes da anestesia. 


As dificuldades em conciliar a vida profissional e pessoal são destacadas por Ellen Cristina. Ela argumenta que o processo de preparação para ser um médico-cirurgião exige sacrifício, que resultam em um profissional melhor. Sabendo da importância que os conselhos têm nessa trajetória, Ellen deixa uma mensagem para jovens que sonham em seguir o mesmo caminho:

- Se eu fosse falar alguma coisa para quem está pensando em começar, eu diria para aguentar muito, porque vai ter que engolir muito sapo. Mas, no final, se olhar para si, verá o quanto  cresceu.

A sensação de desenvolvimento ligada a passagem do tempo e as experiências também é avaliada por Júlia:

-É muita novidade. Nós aprendemos muito. São situações que pensamos que nunca iriamos passar na vida e o fato de novas responsabilidades. Então, nesse tempo de residência, acho que cada dia conta.

Sem medo, Katiellie relata que o mais complexo na formação como cirurgiãs ainda são criticas machistas.

- Eu brinco: acham que não temos destreza para usar um bisturi? Quero ver eles passarem um delineador como nós passamos. Estamos conquistando o nosso espaço. Estamos crescendo - argumenta. 

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FUTURO 

A solenidade de encerramento da residência no Anfiteatro Gulerpe, a partir das 18h30min desta sexta-feira, é apenas um ponta-pé para sonhos maiores. Quatro das seis médicas começarão novas residências a partir de março. Bruna ingressará na residência em Cirurgia Vascular em Passo Fundo, enquanto Angela irá para São Paulo, onde fará a residência em Cirurgia Plástica. Francine se dedicará à Cirurgia Pediátrica no Rio de Janeiro. Ellen Cristina se mudará para a Capital, onde o foco será a residência Oncológica. 

Em março, Katiellie começará a trabalhar no Hospital Geral de Santa Maria (HGeSM). Apesar de já fazer planos para o futuro, Júlia prefere esperar algumas apostas se confirmarem. Além do grupo, a médica Khadija Deodoro, 33 anos, irá passar pela solenidade de encerramento da residência em Cirurgia Vascular. Ela, que desde 2019 já conta com o título de cirurgiã geral, encontrou novas experiências e se apaixonou mais pela profissão.

- Foram desafios novos. Cada especialização que nós fazemos vai afunilando o conhecimento e, ao mesmo tempo, ampliando. É toda uma área diferente que exploramos um pouquinho na primeira especialização e entra mais a fundo na segunda. Foi onde eu descobri minha paixão. Mergulhei de cabeça, e foram experiências maravilhosas - relata.

AVANÇOS

Quando fala sobre o marco, a supervisora do Programa da Residência Médica da Cirurgia de Cabeça e Pescoço pela UFSM no Husm, Maria da Graças Vidal, inicia uma retrospectiva sobre a presença feminina na área. Para ela, que também é símbolo de pioneirismo, os resultados celebrados no contexto atual fazem parte de um processo de quebra de estereótipos no meio cirúrgico.

- Eu fui a primeira residente da cirurgia de Cabeça e Pescoço no Rio Grande do Sul e quem formou o serviço no Hospital Universitário. Tradicionalmente, as residências em Cirurgia Geral, Traumatologia, Vascular, Aparelho Digestivo sempre tiveram mais homens, porque havia uma certa resistência nos anos 1980. E aos poucos, foi sendo construído um trabalho, mostrando que não precisa ter força bruta. A mulher tem plenas condições de realizar uma cirurgia complexa com pericia e técnica. E as meninas provaram isso - afirma Maria da Graça.

Madrinha da turma, Maria da Graça comenta sobre o período de dois anos em que acompanhou o grupo. Durante a residência no hospital, as médicas se mostraram profissionais muito unidas e determinadas.

- Elas se ajudaram mutuamente. Enfrentaram vários desafios e dificuldades dentro da residência até porque pegaram uma parte grave da pandemia no primeiro ano. Mas elas conseguiram transpor todas essas dificuldades - ressalta. 

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A solenidade de encerramento da residência em Cirurgia Geral ocorrerá nesta sexta-feira, a partir das 18h30min, no Anfiteatro Gulerpe

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