VÍDEO: Um ano após a cheia, moradores de Três Barras em Santa Maria relatam abandono e lutam contra o isolamento

VÍDEO:  Um ano após a cheia, moradores de Três Barras em Santa Maria relatam abandono e lutam contra o isolamento

Foto: Rian Lacerda (Diário)

O cenário de destruição ainda prevalece na localidade de Três Barras, no distrito de Arroio Grande, após mais de um ano após da cheias de maio de 2024. Estradas em péssimas condições, pontes caídas e desvios improvisados por dentro de propriedades particulares fazem parte da rotina de dezenas de famílias. A situação, que se repete em outras áreas do interior do município, coloca de um lado a urgência dos moradores, que se sentem abandonados, e de outro, a complexidade e a burocracia das obras de reconstrução.

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“A gente está precisando de ajuda”

Em Três Barras, o agricultor Ivan Pozzobon, 35 anos, conta que o primeiro acesso após a enchente do ano passado foi feito com maquinário particular.


– Agora, esse ano quem está dando um apoio é o prefeito Sandro Ferrigolo (PT), de Itaara, porque, até o momento, a gente não recebeu o auxílio da prefeitura de Santa Maria. A gente fica ilhado aqui em função de não ter a ponte – afirma Pozzobon.


Na mesma localidade, a aposentada e agricultora Dileusa Dambrósio Fernandes, 55 anos, vive uma rotina de incertezas. A ponte que ficava próxima a sua casa foi levada na enchente de 2024. Para não ficarem completamente isolados, as cerca de 12 famílias da vizinhança construíram uma passagem improvisada, uma "pinguela".

Foto: Rian Lacerda (Diário)

– São os moradores que construíram ela (a pinguela). E daí chove um pouco e já não dá mais passagem. A outra chuva que teve agora, nós estávamos com medo que fosse embora a pinguela – relata Dileusa.


O sentimento de falta de assistência é compartilhado por Irineu Ritz, 74 anos, morador da localidade há 12 anos. Ele confirma que a condição para se locomover está complicada desde as chuvas do ano passado e afirma que, até o momento, não recebeu nenhuma visita ou satisfação por parte do poder público.

Foto: Rian Lacerda (Diário)

– Lá em casa, nunca chegou ninguém. Nunca. Não deram satisfação ainda – relata o morador.


Cenário se repete em outras localidades

Foto: Tales Trindade (Diário)

A situação de Três Barras não é um caso isolado. Conforme o Diário já mostrou há aproximadamente um mês, na Estrada da Invernadinha, o que era campo virou uma cratera, e na Estrada de Arroio Lobato, o agropecuarista Júlio César Correa Carvalho, 51 anos, relata a mesma angústia.


– Qualquer chuvinha de 20 mm, 30 mm aí, o rio já sobe. Já estamos há um ano e dois meses nessa situação. A prefeitura vem aqui, dá uma amenizada, a gente reconhece. Mas toda vez que chove, a gente fica até uma semana sem conseguir trabalhar – desabafa Júlio.


Prefeitura fala em complexidade e dependência de recursos

Foto: Rian Lacerda (Diário)

Em entrevista à rádio CDN, na última quarta-feira (20), o secretário interino de Desenvolvimento Rural, Tiago Shuster, afirmou que a prefeitura está focada em garantir a trafegabilidade com passagens temporárias, mas admitiu a complexidade da situação.


– É muito complexo, é uma situação bem triste. Nós tínhamos algumas pontes ali com metragem de 20 metros, que, hoje, se forem construídas, elas vão ter que ter no mínimo 50 metros – explica Shuster.


Sobre a ajuda da prefeitura de Itaara, o secretário esclareceu que se trata de uma área de divisa e que a demora na intervenção ocorreu por uma questão de cronograma. Ele negou que haja famílias completamente ilhadas.

– Hoje, não tem nenhuma família ilhada, todas as famílias que estão ali, estão tendo acesso, estão tendo como sair de suas casas, assim como retornar – afirmou ele.


Shuster revelou a dimensão do problema: são nove pontes caídas apenas no distrito de Arroio Grande. A reconstrução definitiva, em concreto, depende de um longo processo.


– A gente acredita que, no próximo semestre, já venha a acontecer o processo de licitação para a construção dessas pontes. Esse recurso, nós dependemos que o governo federal libere. A gente já enviou o projeto – detalha.


Sobre a estrada corroída pelo rio, o secretário confirmou a gravidade, afirmando que seriam necessárias 700 cargas de pedra para a contenção, ou a desapropriação de áreas para a construção de um novo traçado.


– A gente depende de alguns recursos, tanto do governo federal, quanto do governo estadual. A prefeitura, a gente sabe, hoje, nós estamos numa contenção de gastos, não temos o dinheiro para fazer tudo o que deveria ser feito ali – concluiu Schuster. 


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