Vereadora Helen Cabral fala sobre mandato, pandemia e Lava-Jato

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Vereadora Helen Cabral fala sobre mandato, pandemia e Lava-Jato
Fotos: Pedro Piegas (Diário)

Rodeada de improbabilidades, a começar por atuar no mandato vigente do Legislativo de Santa Maria, Helen Cabral (PT), até então suplente, retornou à Casa do Povo na metade de fevereiro. Helen foi convocada temporariamente em função do afastamento do colega petista Valdir Oliveira, devido a complicações da Covid-19.

Acostumada com o funcionamento do poder público da cidade, Helen começou a atuar na militância política ainda em 1989. Desde o início da trajetória até os dias de hoje, mesmo com os altos e baixos do partido, a petista é fiel às “causas operárias”. Ainda antes de ingressar na política, foi a primeira mulher a presidir a Casa do Estudante da Federal e passou pelo movimento estudantil, UNE, Cpers e CUT.

Política mobilizada pela fome

Helen se elegeu vereadora duas vezes. Em 2008, quando foi a mais votada, e também em 2012. A professora da rede estadual também concorreu à prefeitura em 2012 e, depois, em 2016, como vice, mas não teve sucesso em nenhuma das empreitadas.

ATUAÇÃO

Prestes de completar dois meses na Casa, Helen já apresentou quatro propostas ao Legislativo. Todas têm como foco a pandemia e são voltadas ao binômio saúde e economia. Uma delas é a criação do “Fundo Santa Maria de Cidadania” para captação de recursos para apoio àquelas pessoas em vulnerabilidade social, também busca a expansão do Programa Juro Zero, e, ainda, pleiteia um auxílio emergencial municipal.

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Em entrevista à coluna, Helen fala sobre o mandato e também o contexto político do país.

ENTREVISTA

Diário – A senhora assumiu a vaga no Legislativo momentaneamente, uma vez que o vereador Valdir Oliveira está internado. Não esperaria assumir neste contexto, mas acabou acontecendo. Como a senhora tem lidado com isso tudo?

Helen Cabral – A pandemia foi um grande entrave na última eleição. Não acho que a saúde deve se opor à economia, mas sempre mantive a linha da preservação da vida. Achei a eleição completamente precipitada para aquele momento e respeitei as regras de distanciamento social severamente. Em minhas campanhas anteriores, sempre fui de casa em casa, para escutar, abraçar? Com a campanha remota e recursos escassos, foi bem mais difícil estabelecer um bom contato com a minha base, das comunidades, que não têm tanto acesso à tecnologia, se tratando de internet e aparelhos. Nosso povo ainda não tem essa educação pedagógica do remoto. Senti muita dificuldade.

Diário – Como está sendo o seu mandato neste período?

Helen – Ter assumido agora é um momento triste. Estou há um mês na Câmara e já apresentei quatro projetos, todos nesta linha de combate à fome agravada pela crise da pandemia. Já me reuni com o secretário de Finanças do município, Mateus Frozza, e tivemos uma ótima conversa sobre meus projetos, muito ampla. Meu objetivo é ver as pessoas poderem se cuidar, e, ao mesmo tempo, pôr o pão na mesa.

Diário – Acompanhando o cenário nacional e municipal, sem espaço para o PT no Executivo, a senhora crê que Santa Maria não queira mais o PT e a esquerda no poder?

Helen – Temos um projeto de país e sociedade que não cabe no Executivo municipal, estadual e nacional, a própria pandemia prova isso. Se estivéssemos no executivo das três esferas, não estaríamos vivendo esse caos, como exemplo o prefeito de Araraquara. Teríamos posto em prática um distanciamento social real e já vacinado quase toda a população. Em todos os âmbitos, vemos negação da ciência? No Estado e na cidade, está se maquiando um isolamento, com empresas fechando a cada dia. Vemos mortes acontecendo e a economia estrangulada. Lutamos pelos mais vulneráveis, pelos pobres. Isso faz com que não caibamos na política dos outros nem os outros na nossa.

Diário – O Brasil, desde que a pandemia eclodiu, virou uma arena entre ideologias de direita e esquerda. A senhora não acha que os dois lados opostos, neste momento, ao manterem o país dividido, estão contribuindo com a não resolução da pandemia?

Helen – O ex-presidente Lula, bem como os deputados Pimenta e Valdeci, e eu não torcemos contra o governo, mas buscamos ajudar. Se há polarização, não vem do nosso lado. Parece que só a esquerda quer briga. Se o Pozzobom olhar para os meus projetos, que são pela cidade, e se sensibilizar, se o governo tivesse a humildade de receber ajuda… Valdeci propôs muitas emendas e Lula aponta caminhos e soluções.

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Diário – Como o Executivo recebeu as suas propostas?

Helen – Consegui me reunir com o prefeito na última sexta-feira, junto da irmã Lourdes Dill, presidente do Conselho de Segurança Alimentar (Consea), Luiz Antônio Loreto, coordenador do projeto de Hortas Comunitárias, e Rogério Rosado, representando a União das Associações Comunitárias. Nesta oportunidade, apresentei meus cinco projetos em tramitação na Câmara a ele. O prefeito ouviu atentamente as propostas e está com os projetos em mãos para estudá-los nos próximos dias. Eu também já vinha conversando com secretários. Em minha conversa com o Frozza, por exemplo, ele encontrou viabilidade em meus projetos, como ampliação do programa Juro Zero, de 120 dias para 2 anos.

Diário – O PT viveu um momento quase que de euforia desde que as condenações de Lula, na operação Lava-Jato, foram anuladas. Lula voltou ao cenário político e se tenta esvaziar a Lava-Jato. É essa a estratégia do partido?

Helen – O Lula foi retirado em 2018 de forma totalmente intencional. No mundo, a Lava-Jato está sendo vista como o maior esquema jurídico lesa-pátria da nossa história, o que quebrou com a nossa economia. Conseguiu montar um esquema muito rápido e sem provas. Sérgio Moro foi tendencioso, partidário. Segundo nossas pesquisas, Lula teria sido eleito. Foram retirados todos os direitos dele, acarretando até mesmo em um impacto humano nefasto para a família. Só um fenômeno como o Lula para conseguir voltar em 2022 com condições reais de concorrer e ganhar uma eleição.

Colaborou Gabriele Bordin*

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