plural

PLURAL: os textos de Marcio Felipe Medeiros e Rogério Koff

Confusão comum
Marcio Felipe Medeiros
Sociólogo e professor universitário

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É muito comum escutar discursos equivocados sobre Direitos Humanos. Como se ele fosse destinado a defender bandidos, ou pudesse ser destinado a um grupo ou outro de humanos ou ainda alguns dizem que são contra. Este equívoco advém, em grande medida, da falta de debate apropriado no espaço público. Mas o que de fato significa os direitos humanos? Se pudéssemos resumir, é um conjunto básico de direitos que todo ser humano deveria ter, como acesso à alimentação, à saúde, à educação e acesso à justiça, além de ter suas liberdades individuais garantidas, não ser preso injustamente, ter direitos políticos, direitos reprodutivos e não ser escravizado. Poder ler um jornal e se informar, por exemplo, é em si um item dos direitos humanos. Em suma, ser contra os direitos humanos é ser a favor da tortura, escravidão, da exclusão social e toda forma de arbitrariedade.

COMO SURGIRAM OS DIREITOS HUMANOS?

A história dos Direitos Humanos surge, como bem descreve Lynn Hunt em seu livro "A invenção dos direitos humanos" através do surgimento da empatia. É a perspectiva de se colocar no lugar do outro, através de projeções. Ao olhar uma situação no qual alguém sofre, de alguma forma, tentar se colocar no lugar daquela pessoa e pensar, o que eu faria no lugar. Este exercício foi crucial para que, por exemplo, as mulheres viessem a ganhar direitos. Como Hunt destaca, a literatura do século 18, ao trazer como protagonista mulheres que sofriam pelas condições a que eram submetidas na época, tendo sua liberdade individual suprimida em nome de convenções sociais, fez com que homens que liam os livros se colocassem no lugar daquelas personagens e repensassem os direitos para todos os indivíduos.

A partir do princípio de empatia, se estabelece que nenhuma discriminação por cor, etnia gênero ou credo poderia ocorrer. A lógica por detrás desta afirmação é só realizar uma pequena projeção. Se a pessoa é católica, basta dar uma olhadinha para a Nigéria, na qual neste momento milhares de cristãos estão sendo mortos e perseguidos injustamente por manifestarem sua fé. Para qualquer condição ou crença que temos, em algum momento histórico e/ou lugar no planeta alguém já foi perseguido por ser o que é. Realizar este tipo de exercício imaginativo é uma das bases constitutivas da proposta de Direitos Humanos.

COMO EXERCER A EMPATIA?

O grande exercício da empatia, bastante acessível, é a arte. Deslocar o olhar do nosso pequeno ser, para a imensidão de outros personagens através da literatura, altera a forma como nosso cérebro opera e amplia a capacidade empática, conforme apresentou o pesquisador canadense Keith Oatley. Quanto mais literatura, em especial ficção, a pessoa lê, mais empatia a pessoa desenvolve comparado com quem não tem este mesmo hábito. Em suma, negar os direitos humanos, como a ciência aponta, é um sinal evidente de ignorância.

Racismo como agenda midiática
Rogério Koff
Professor universitário

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Jornais norte-americanos noticiaram recentemente que a líder do movimento Black Lives Matter, Patricia Khan-Cullor, que se autodenomina "neomarxista", comprou uma casa de 1,5 milhão de dólares (cerca de 8 milhões de reais) nas proximidades das praias de Malibu. Detalhe: a região é habitada principalmente por brancos. A casa não representa exatamente uma fortuna para os padrões americanos, mas não é coisa de gente pobre e oprimida. Prova de que Patricia não é uma vítima indefesa da sociedade capitalista, visto que já tem diversos outros imóveis registrados em seu nome.

É salutar que as pessoas tenham direito à propriedade privada e progridam de acordo com o que produzem. Qual o problema, então? A moça é fundadora do BLM, se dedica exclusivamente ao movimento e se declara marxista. Mas seu ídolo, o velho barbudo do século 19, não defendia o fim da propriedade privada? Isso prova que marxistas ricos, que falam em nome dos pobres e injustiçados, são farsantes em potencial.

O próprio BLM já vem demonstrando uma mudança de postura. Em abril, um jovem negro foi morto por uma policial branca em Minneapolis, nos Estados Unidos. Houve protestos, mas nada parecido com a onda de destruições provocada pela morte de George Floyd. Não houve prédios queimados nem monumentos destruídos. Será porque, agora, o presidente é Joe Biden, declarado simpatizante da causa BLM? 

As manchetes de jornais também são suspeitas. Por que a cor da pele é constantemente citada apenas no caso em que negros são vítimas? Ou, simplesmente, é um fato que interessa à agenda midiática de esquerda? Na trilha dos acontecimentos, surgiu a entrevista do príncipe Harry e sua esposa Megan (foto) a respeito de práticas de racismo no Palácio de Buckingham, dias antes da morte de seu avô, o príncipe Philip. As acusações contra a família real são levianas, oportunistas e pegam carona no agendamento midiático do "racismo institucional". Puro sensacionalismo.

OSCAR DA DIVERSIDADE

Parte significativa da imprensa ficou insatisfeita com a merecida vitória de Anthony Hopkins como melhor ator no anunciado "Oscar da diversidade", por sua magnífica atuação em "Meu Pai". Talvez, porque o veterano ator de 83 anos não se enquadra nas ideologias das premiações "étnicas" ou "de gênero" por ser branco e heterossexual. 

Já demonstrei em artigos anteriores que as sociedades ocidentais desenvolvidas superaram o racismo há várias décadas. A própria justiça norte-americana já se encarregou de julgar e condenar o policial que matou George Floyd. Mas as pautas do racismo e do movimento LGBT ainda são as principais bandeiras da esquerda na atualidade e ocupam as manchetes nos jornais.

A discussão entre direita e esquerda tem suas origens no século 18, com o grande debate entre Edmund Burke e Thomas Paine sobre a Revolução Francesa. Paine defendia uma ideia de direitos naturais e foi um entusiasta de revoluções. Burke, mais cauteloso, preferia mudanças graduais e o respeito às tradições sociais. Trato deste tema na semana que vem.

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