Pessoas que não puderam comprar presentes contaram com a solidariedade

Em Santa Maria, mais de 5 mil beneficiários dependem do Bolsa Família. Muitos moradores de bolsões de miséria contaram com a solidariedade para não ficar de mãos e barrigas vazias neste Natal. No Km3, por exemplo, os irmãos Lucas, 10 anos, Mateus, 8, Natanael, 6, João Vitor, 5, e Gabrieli Rister de Menezes, 1 ano e 6 meses, brincavam na tarde desta quinta-feira com os presentes que ganharam em uma festa de voluntários na Vila Schirmer na última sexta-feira.

Rute Lucas de Almeida, 24 anos, não tinha muito mais do que um abraço e uma tinta de cabelo para presentear a mãe, Maria de Lourdes Lucas, 62, na noite de Natal. A compra da tinta fez com que não sobrasse nenhum tostão na casa, que fica no Km3. Nas panelas, havia apenas arroz e feijão, mas feitos com muito carinho.

A gente é pobre, não tem um presentinho, mas tem fé em Deus. Então, que ele nos dê saúde, que já está bom diz dona Maria.

Na casa da família Machado, no Km2, apenas Thalia, 7 anos, ganhou presente neste Natal. E isso porque contou com a solidariedade de voluntários que passaram pela rua distribuindo presentes. Toda faceira, ela mostrava o relógio cor-de-rosa no braço. E não foi por falta de vontade que a doméstica Sandra Valéria Machado deixou de fazer uma ceia mais incrementada, de montar um pinheirinho ou de presentear seus quatro filhos.

Pedir, eles pediram. Mas não tive como atender. Um deles queria um celular, o outro, um tablet, e a Thalia queria um tablet de brinquedo. Todos desejos muito distantes da nossa realidade lamenta Sandra.

Mas, para quem pensa que isso foi motivo de muito sofrimento na pequena casa onde mora a família, Rafael, 15 anos, o filho mais velho de Sandra, tem uma resposta que enche a mãe de orgulho:

A minha mãe nos criou mostrando que o presente não é o mais importante nessas datas. O que importa é estarmos juntos, unidos, em família. Isso é o Natal de verdade.