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Índices do Estado apontam tendência de redução de casos e óbitos na última semana

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Nas estatísticas, a quantidade de pessoas contaminadas pelo coronavírus no Rio Grande do Sul está em queda. A média de novos casos diários da semana entre os dias 21 e 27 de setembro é 38% menor do que entre 14 e 20, em cálculo feito com os dados disponibilizados pela Secretaria Estadual de Saúde. A média diária de óbitos também caiu: de 47 para 35 na última semana. Os dados apontam para uma retração na curva de contaminação nos últimos dias. Entretanto, há especialistas que alertam que os números podem não representar a realidade em amostras menores, como é o caso de Santa Maria, e que ainda é cedo para cravar uma retração da pandemia.

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A média de novos casos diários no Estado na semana de 21 a 27 ficou em 1.660, com 35 óbitos. Nos sete dias anteriores, foram praticamente 1 mil casos diários a mais: 2.667, com 47 óbitos. A semana de 7 a 13 de setembro foi mais baixa, com 1.993 confirmações da doença e 45 óbitos, mas a anterior, entre 31 de agosto e 6 de setembro, teve a média alta, com 2.563 novos casos diários e 49 óbitos.

EM SANTA MARIA

Para a infectologista Jane Costa, Santa Maria, na prática, não acompanha os números estaduais.

- O que nós estamos observando é um aumento do número de casos. São nichos familiares inteiros, empresas inteiras. Não sei onde estão vendo diminuir. Não é o que a gente observa na nossa realidade  -  argumenta Jane.

Já o infectologista Fábio Lopes Pedro observa os dados com otimismo. O coronavírus estaria seguindo o ciclo natural da doença, e o estágio descendente, após algumas semanas de platô, para ele, é uma tendência que deverá se manter.

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- A doença vem, faz o ciclo dela, contamina um número "x" de pessoas e, depois de um certo percentual de infectados, ocorre uma decadência no número de novos casos. Mas a doença se mantém - explica.

Para o especialista, é o momento de flexibilizar regras e retomar atividades, como em escolas, com estratégias de prevenção. Na prática, em Santa Maria, Pedro observa uma redução nos atendimentos a novos casos, tanto de teleconsultas como em serviços presenciais. Por outro lado, ele pondera que, em hospitais, ainda há um movimento maior de pacientes. O infectologista ressalta a importância de procurar atendimento médico logo no primeiro sinal de aparecimento de sintomas.

Também há quem pregue cautela na hora de observar os últimos dados. É o caso do médico epidemiologista da Vigilância em Saúde Marcos Lobato, que também é coordenador do Centro Municipal de Referência em Covid-19. Para ele, ainda é cedo para identificar que há uma queda nos números de contaminação no Estado.

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-  O que vi é que temos um certo platô, realmente. Não chega a ser uma queda propriamente. Parece que existe alguma estabilidade, mas é um pouco cedo para falar em queda. Pode acontecer da gente pensar que está estabilizando e ter um novo crescimento em algum momento - explica.

Lobato ressalta que é preciso ter cuidado na análise dos dados mais recentes, que ainda não estariam consolidados, por conta da demora na coleta e sistematização das informações. Por isso, é preciso de mais tempo para identificar uma queda na curva de novos casos. Dados como número de óbitos e internações hospitalares representariam melhor a realidade do coronavírus. O epidemiologista também chama a atenção para o fato de que números médios de todo o Estado podem não representar de forma ideal as realidades locais, como é o caso de Santa Maria. Os números estaduais englobam estatísticas de regiões mais populosas, como a de Porto Alegre, e de áreas mais afastadas, como o pampa gaúcho.

NO ESTADO

Outro indicador é o Modelo de Distanciamento Controlado do governo estadual. Em mapa definitivo divulgado na última segunda-feira, todas as regiões foram classificadas com bandeira laranja - risco médio de contaminação -, algo que não acontecia desde o dia 14 de junho. Nesta 21ª rodada, todos os 11 indicadores, na média estadual, melhoraram.

A redução mais significativa está no número de novos registros semanais de hospitalizações confirmadas com Covid, que caiu 25% nas duas últimas semanas: de 1.061 para 793. Os casos ativos caíram 9%, de 10.793 para 9.805, e os óbitos 19%, de 338 para 273, no período analisado para a definição da bandeira.

Na mesma linha de Lobato, o infectologista Ronaldo Hallal, membro do Comitê Covid da Sociedade Riograndense de Infectologia, também percebe uma tendência de declínio nos números da pandemia após um período de platô, mas ainda não afirma qual o significado disso e a perspectiva daqui para frente. A pandemia tem se desenvolvido de forma diferente aqui do que em países europeus ou asiáticos, onde a curva de contaminação cresceu mais rapidamente, mas caiu logo depois.

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- Todas as epidemias têm um período inicial onde as pessoas mais suscetíveis, mais expostas, são mais rapidamente infectadas. É possível que as pessoas mais vulneráveis tenham se infectado, desenvolvido doença grave ou até mesmo morrido. Pela evolução natural da epidemia, há uma tendência a redução de casos - explica.

Porém, para ele, há ainda muitas dúvidas a serem respondidas para afirmar o motivo da tendência de redução no número de casos. Ainda não se sabe se parte da população possui um nível de imunidade que influencia na curva epidemiológica, ou se a parte da população que consegue praticar o isolamento seguirá desta forma, protegida. O certo, para ele, é que o problema seguirá ainda por bastante tempo.

- Não podemos assumir que a pandemia já passou ou foi resolvida. É bem possível que a Covid-19 permaneça em uma característica não tão epidêmica como ocorreu nos primeiros meses, e ela persista afetando de forma desproporcional algumas populações em relação a outras, como as populações que mais se expõem _ analisa Hallal.

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A redução no número de internações e mortes também pode ser explicado pelo perfil de infectados. Conforme Hallal, nos últimos meses a população jovem tem se exposto mais e, mesmo infectados, há a tendência de quadros clínicos leves ou assintomáticos. Isto e a melhora no atendimento de saúde, com a maior preparação de profissionais que aprenderam a lidar melhor com a doença pode ter influenciado em uma não linearidade do número de novos casos com o número de internações de casos graves e mortes. Apesar do crescimento do movimento na circulação de pessoas, esse fato não tem se refletido no crescimento do número de casos. A situação, conforme Hallal, também é explicada pela adoção do uso de máscaras, que reduz a transmissão.

- Esperávamos que com uma grande circulação de pessoas, tivéssemos um grande aumento no número de casos, mas isso não está ocorrendo nesta proporção. Entretanto, não é suficiente o mantra de que estamos seguindo todos os protocolos. É o mínimo que se deve fazer, como uso de máscara e distanciamento social. Mas não é o suficiente para garantir o controle da pandemia com o tipo de transmissão que a Covid tem - explica.

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Hallal é contra a retomada de atividades como aulas presenciais e eventos esportivos. Para ele, não é hora de flexibilização. Isso apenas deveria ocorrer quando os índices de transmissão caírem consideravelmente, assim como a incidência de casos novos e as taxas de ocupação de leitos, principalmente de UTIs. Ele também ressalta a necessidade de controle de surtos e o aumento da capacidade de diagnóstico com testes, além do desenvolvimento da vacina.






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