Foto: Charles Guerra (Arquivo, Diário)
Santa Maria é uma das cidades do Estado com o maior número de servidores públicos.
Celebrado em 28 de outubro, o Dia do Servidor Público é mais do que uma data comemorativa: é um momento de reconhecer a importância de quem mantém o funcionamento dos serviços essenciais e a estrutura administrativa do país. Instituída em 1939, durante o governo de Getúlio Vargas, a data marca a criação do Departamento Administrativo do Serviço Público (Dasp), órgão que organizou e profissionalizou as carreiras públicas no Brasil.
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De acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o país conta atualmente com cerca de 11,4 milhões de servidores públicos, o que representa aproximadamente 12% da força de trabalho nacional. Mais de 60% estão vinculados a prefeituras, 25% aos governos estaduais e 15% à União. Esses profissionais estão presentes em todos os setores — da saúde à educação, da segurança à infraestrutura — e garantem a execução das políticas públicas que sustentam a vida cotidiana da população.
O Funcionalismo Público em Santa Maria
Em Santa Maria, os servidores públicos — ativos e inativos — têm papel central não apenas na estrutura administrativa, mas também na economia e na identidade local. Segundo a Secretaria Municipal de Gestão de Pessoas, o município possui cerca de 4.183 servidores municipais ativos. A Universidade Federal de Santa Maria (UFSM), uma das maiores instituições públicas de ensino superior do país, concentra mais de 4.800 cargos ocupados. Embora não haja dados oficiais sobre o total de servidores estaduais e federais lotados na cidade, a estimativa é que mais de 20 mil profissionais atuem em diversas repartições, escolas, hospitais e órgãos públicos instalados no município.
O professor de sociologia Paulo Sérgio Machado contextualiza o papel histórico e social do funcionalismo público no Brasil e em Santa Maria.
– Os primeiros cargos públicos no país surgem ainda no período do Império, com a chegada da família real e a necessidade de organizar a sociedade. Mas é no governo de Getúlio Vargas, no fim da década de 1930, que o funcionalismo ganha protagonismo, ampliado com a construção de Brasília nos anos 1950. E em Santa Maria, a dependência do serviço público é evidente. Os servidores são a garantia da continuidade dos serviços essenciais e não mudam a cada troca de gestão. Isso os torna independentes da política e comprometidos com a população – explica o professor que também é um servidor público.
O Impacto na Economia Local
Essa presença faz de Santa Maria uma das cidades mais marcadas pela presença do serviço público no Estado — tanto por abrigar instituições de ensino e defesa quanto por atrair profissionais de diferentes regiões. Muitos nasceram na cidade e seguiram carreira no funcionalismo, enquanto outros se estabeleceram no coração do Rio Grande do Sul após a aprovação em concursos públicos. Essa característica, além de estruturar os serviços públicos, tem reflexos diretos na economia local.
Conforme Ademir José da Costa, presidente do Sindicato dos Lojistas de Santa Maria (Sindilojas), o impacto do funcionalismo no comércio é expressivo:
– Santa Maria se caracteriza como uma das cidades com maior número de servidores públicos do Estado, são cerca de 20 mil. Eles têm rendas fixas e, em média, ganham mais do que os trabalhadores do setor privado. Isso aumenta o consumo de bens e serviços, representando aproximadamente 40% da geração de renda no comércio local – analisa o lojista
Reforma da Previdência Municipal
Entre os desafios atuais do funcionalismo público municipal são as discussões em torno da proposta de reforma da previdência elaborada pela prefeitura e encaminhada à Câmara de Vereadores, que tem mobilizado sindicatos e toda a categoria em reuniões, assembleias e manifestações contrária à reforma que, segundo interpretam os servidores, vai de encontro a direitos adquiridos, principalmente daqueles servidores de carreira.