Foto: Renan Mattos (Diário)
Local, que fica no Parque Itaimbé, já foi um espaço cultural dos santa-marienses
De prazo em prazo é que se pode contar a história que envolve a tão aguardada reabertura do Centro de Atividades Múltiplas Garibaldi Poggetti, conhecido como Bombril, em Santa Maria. No último sábado, o local, que já foi, em passado recente, referência em efervescência cultural da cidade, completou seis meses de uma promessa feita pela prefeitura: a reabertura em definitivo do espaço cultural depois de concluída a reforma do prédio. Mas, levando em conta o histórico que traz o espaço, encravado no Parque Itaimbé, entende-se por que as datas se acumulam e o local segue a portas fechadas.
Quando foi interditado, em 2010, o Bombril tinha prazo de passar por adequações e obras e, assim, ser entregue em um ano. O que nunca aconteceu. E, de lá para cá, já são nove anos de espera para a conclusão do espaço que deixou a cidade órfã de um local que contemple os mais variados espetáculos e manifestações culturais de Santa Maria. Já são duas administrações diferentes - de Cezar Schirmer (MDB) e, agora, de Jorge Pozzobom (PSDB) - que tentam dar cabo a esse gargalo.
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À frente do problema, já por um bom tempo, a secretária de Cultura, Marta Zanella, afirma estar mais otimista e arrisca dizer que "agora, a obra está na reta final". Nem por isso, ela sinaliza com prazo.
- A obra do Bombril é como uma obra de casa. À medida que se avançou, se percebeu a necessidade de adequações e de novas frente de trabalho. Estamos, agora, nos finalmente. Já na próxima semana, a empresa deve concluir a parte dos cabeamentos (da rede elétrica). E, depois disso, temos de ter a vistoria dos bombeiros. Estamos empenhados para trazer esse importante espaço de volta à cena cultural da cidade - afirma.
Acontece que, não bastasse todo atraso, os serviços de recuperação somente se iniciaram, de fato, em 2014. À época, a prefeitura sinalizou com novo prazo de inauguração: 2015. Mas o que já se mostrava ruim, com a interdição em 2010, agravou-se ainda mais. Em 2017, o Bombril sofreu nova interdição e, com isso, o local passou a ser alvo de vandalismo.
OUTROS PROBLEMAS
Além da demora na entrega da obras, a reabertura do Bombril ainda envolveu problemas na execução. O primeiro entrave se deu em 2013, quando a empresa que venceu a primeira licitação para obras - Reinstein Construções, de São Vicente do Sul - não chegou a iniciar os serviços. Em 2015, após a liberação de um aditivo financeiro pela prefeitura, a empresa retomou a obra. À época, a Reinstein alegou, entre outras situações, que o aditivo visava garantir uma acústica melhor. Mesmo com a liberação de R$ 450 mil, a empresa abandonou os serviços.
Em agosto do ano passado, após nova licitação, a Bel Construções, de São Pedro do Sul, retomou as obras a um custo de pouco mais de R$ 220 mil. A empresa pegou a obra em andamento e efetuou, de 2018 para cá, várias frentes de trabalho: reformas do piso/teto, bancadas, um reservatório de água, pôs os equipamentos (extintores, hidrantes etc) do Plano de Prevenção Contra Incêndio (PPCI) e, agora, chegou na fase final, que é a rede elétrica.
Guarda Municipal presente para evitar problemas maiores
A secretária de Cultura, Marta Zanella, acredita que os próximos dias sejam de encaminhamento da reta final dos trabalhos. Ainda assim, a titular da pasta guarda com cautela um eventual desfecho dessa longa novela do Bombril. Segundo ela, o que falta é a instalação dos cabos de energia elétrica. Ou seja, é preciso realizar a ligação dessa estrutura "desde a caixa de medidores de energia, que fica na área externa do prédio, até a parte interna".
Mas a secretária afirma que nada preocupa e causa maior mal-estar à administração do que a preocupação com a segurança da estrutura física do local. Segundo Marta, a situação, que já foi preocupante - com sucessivas depredações, atos de vandalismo e de pichação -, só não é pior porque a prefeitura mantém uma equipe da Guarda Municipal no local:
- É claro que queremos entregar a obra e trabalhamos para isso. Mas, antes, ainda tínhamos outro problema grave: as depredações e os atos de marginais que entravam para vandalizar o Bombril. Desde então, temos mantido a Guarda Municipal no local e, é claro, depois de entregue, vamos mantê-los lá.
Enquanto o palco do Bombril não é liberado, e a cultura não volta à cena, a presença dos guardas municipais agrada aos moradores. O que, por si só, é motivo de comemoração, disseram moradores à reportagem, na última sexta-feira.
- Ainda que a prefeitura não consiga concluir a obra, pelo menos temos, agora, a presença da Guarda. Antes, isso daqui era um espaço para consumo de drogas e de bebidas. A vinda da Guarda foi a melhor coisa feita pela prefeitura. Mas é aquilo, a prefeitura nunca faz tudo por completo, é sempre pela metade - avalia Angela Schutz, que mora em um prédio localizado nos fundos do Bombril.