entrevista

Assistente social fala os desafios de trabalhar com adolescentes em situação de risco

Da Redação

Foto: Arquivo Pessoal
Leila com o companheiro Anderson

Formada em Assistência Social pela Pontifícia Universidade Católica de Pelotas (PUC), Leila Moura, 58 anos, concluiu a graduação em 1982. Ela nasceu em Bagé, mas se criou no município de Pinheiro Machado, região sudeste do Estado. Filha de Jalcira Gomes de Moura (falecida em 1996) e de Laudelino Cunha de Moura (falecido em 2015), Leila conta que passou a infância e adolescência ao lado dos irmãos Louracy, 65 anos, Laudelino Júnior, 62, Sant-Clair Francisco de Moura Neto, 61, e Rogerio, 48. Ela também é mãe da economista e acadêmica de Serviço Social Cristiane Madruga de Moura, 40, e do engenheiro de software Pedro de Moura Garcia, 28.

Confira, na íntegra, a conversa de Leila. Ela fala dos desafios e da satisfação em aplicar as políticas públicas a quem precisa.

Diário - Por que a senhora ingressou no curso de Assistência Social?
Leila Gomes de Moura -
Bom, para falar sobre isso, cito meus pais. Eles eram pessoas muito solidárias. Comecei com o exemplo e adorava estar envolvida nas causas junto deles. O pai foi prefeito de Pinheiro Machado por muitos anos, e estava sempre preocupado com os problemas da comunidade. Os dois foram meus grandes incentivadores de entrar no curso de Assistência Social. 

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Diário - Como foi atuar na Fundação de Atendimento Sócio-Educativo (Fase) por 32 anos?
Leila -
Quando eu assumi, ainda na antiga Febem (Fundação Estadual do Bem-Estar do Menor), era um trabalho mais voltado para o voluntário. Lá em Pelotas, íamos às vilas, tínhamos experiências com meninos e meninas de rua. A fundação tinha convênio com instituições que atendiam crianças e adolescentes, repassavam recursos e nos davam capacitações na área. Após o advento do ECA (Estatuto da Criança e do Adolescente), a Febem foi dividida em dois eixos. A FPE (Fundação de Proteção Especial) cuida dos doentes. Já a Fase cuida dos que cometem atos infracionais. Com isso, em 1991, me mudei para Santa Maria, para atuar na coordenação dos assistentes sociais. 

Foto: Arquivo Pessoal
Em 1997, em uma conferência estadual

Diário - Na implementação do ECA, quais desafios que enfrentou?
Leila -
Sempre fui muito apaixonada pelo meu trabalho. Até o ordenamento da Febem para Fase, tudo corria em ordem. Meu grande desafio era lidar com a violência contra crianças e adolescentes. Isso me chocava muito. A partir do momento em que as casas do interior do Estado foram criadas, os adolescentes foram transferidos para as regiões de origem. Mesmo com 16 anos de formada, na época, não tinha experiência com o ato infracional. A maior parte das minhas colegas, da época, também eram recém-concursadas. O final da década de 1990, foi uma época bem difícil, a equipe precisou amadurecer muito rápido. Por alguns anos, também assumi a vice-direção da fundação, até conseguirmos controlar os conflitos que eram constantes, mas que pararam ao longo do tempo. Tivemos algumas confusões mais tranquilas e outras nem tanto. Um dos episódios começou em um domingo à noite e só acabou na terça. Foi o mais difícil de amenizar. 

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Diário - Por que escolheu atuar na Fundação de Atendimento Sócioeducativo?
Leila -
Na época tinha algumas opções de trabalho. Tive certo receio de trabalhar com idoso pela perda e, achei que, com criança e adolescente tinha um potencial maior. Quando comecei, em Pelotas, éramos seis assistentes sociais. Adorava e ainda gosto de encarar desafios. 

Foto: Arquivo Pessoal
Leila (a partir da esq.), com o filho, a nora Renata Maciel e a filha em uma confraternização em família

Diário - Depois de tempos atuando na assistência às crianças, por que decidiu mudar o viés do trabalho para às mulheres?
Leila -
Depois que me aposentei, cadastrei-me na perícia estadual e federal. Mesmo assim, tive muita dificuldade em ficar aposentada, já que sou muito ativa. A Marlene Sager me convidou para cuidar do Blog Mulheres Donas de Si e embarquei nessa aventura do mundo tecnológico junto dela. Conversamos e vimos que o blog não poderia ficar restrito ao mundo virtual e começamos a pensar maneiras de expandir o negócio. Hoje, somos conhecidas na cidade mais pelos eventos e projetos do que propriamente pelo site. Os projetos Café Filosófico, Mulheres que se cuidam, o Roda de Conversas e Mulheres Donas de Si Mundo Afora são sempre abertos à comunidade e, principalmente, têm por objetivo de arrecadação de donativos para instituições da cidade. 

Foto: Arquivo Pessoal
Festa do Lar das Vovozinhas, com a colega do blog Mulheres Donas de Si, Marlene Sager

Diário - Com o blog, vocês também produziram um documentário?
Leila -
Sim, também fizemos vários documentários. O primeiro é chamado fotos arquivo pessoal Mulheres Donas de Si Celebrando a Vida. Ele conta a história de 12 mulheres que venceram o câncer de mama, e foi lançado em outubro de 2015. A proposta do documentário é de alertar sobre a doença. Isso é muito importante, queremos empoderar a mulher que esta passando por isso. A pedido do Lar das Vovozinhas, também realizamos outro documentário para comemorar os 70 anos da entidade, e falamos sobre as políticas públicas para idosos e como envelhecer e viver com qualidade. E o terceiro é #EusouEuqueroEuposso. Esse documentário traz à tona discussões atuais, que afetam a vida das minorias. Claudia Nunes é quem dirige nossos documentários.

Colaborou Natália Venturini

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