Foto: ssessoria de imprensa da Secretaria Pastoral João Luiz Pozzobon/Arquidiocese de Santa Maria
O anúncio da canonização de Carlo Acutis, no domingo (7), pelo papa Leão 14, aumentou a expectativa em torno da causa do gaúcho João Luiz Pozzobon, que pode se tornar o primeiro santo nascido no Rio Grande do Sul. O diácono, natural de São João do Polêsine, já é reconhecido como “venerável” pela Igreja Católica e aguarda a análise, por parte do Vaticano, de um possível milagre atribuído a ele. Se for reconhecido, pode levar à beatificação. Depois disso, ainda será necessário o reconhecimento de um segundo milagre para que ele seja oficialmente declarado santo.
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Acutis, conhecido como “padroeiro da internet”, foi canonizado em cerimônia na Praça de São Pedro, que reuniu cerca de 80 mil fiéis. O jovem italiano, que morreu de leucemia em 2006 aos 15 anos, usava seus conhecimentos em computação para evangelizar online. Seu processo incluiu o reconhecimento de um milagre ocorrido no Brasil, em Campo Grande (MS), sendo esse a cura de uma criança, que teria tocado em uma de suas relíquias em 2010.
História do diácono
O venerável João Luiz Pozzobon nasceu em 1904, em Ribeirão, localidade de São João do Polêsine, e se tornou conhecido por criar a Campanha da Mãe Peregrina de Schoenstatt, percorrendo mais de 140 mil km a pé, por 35 anos, levando uma imagem de 11 kg da Mãe Peregrina. O movimento hoje alcança quase 100 países. Ele faleceu em 1985, atropelado no caminho do Santuário de Schoenstatt.
De origem pobre, largou os estudos para ajudar o pai na lavoura. Em 7 de setembro de 1947, Pozzobon participou do lançamento da pedra fundamental do santuário de Schoenstatt, onde teve início o seu contato com a Mãe Peregrina. Ordenado diácono pelo bispo dom Érico Ferrari, em 1972. Passou a fazer casamentos, batizados e enterros. Em 1979, a fama de Pozzobon ganhou o mundo. Ele visitou a Europa, conheceu o papa João Paulo 2º e foi para a Argentina falar da Mãe Rainha.
Exemplo de fé
- Em 1950, o Diácono recebeu uma imagem da Mãe Rainha. Com o tempo, colocou como propósito rezar 15 terços por dia (825 preces);
- Ele deu a ideia de, a cada 30 famílias, colocar uma imagem da Mãe Peregrina, para passar de casa em casa. Ele distribuiu 2,7 mil imagens da Mãe pela região. Em 2011, havia mais de 200 mil réplicas da imagem em 96 países;
- João Pozzobon carregava 19 kg nas peregrinações. A imagem da Mãe Rainha pesava 11 kg, e a pasta que levava com vestes e outros materiais religiosos, 8 kg;
- Ele percorreu 140 mil quilômetros a pé com a imagem no ombro para visitar famílias, escolas, presídios e hospitais;
- Pozzobon criou a Vila Nobre da Caridade, no Cerrito, com 14 casas que abrigam famílias pobres. Ele ajudava a conseguir emprego e a fazer as crianças estudarem.
As etapas da santidade
- Servo de Deus – O candidato a santo tem de ter morrido, no mínimo, cinco anos antes de o processo ser sugerido e aceito pelo Vaticano. Quando isso acontece, o candidato recebe o título de Servo de Deus. Pozzobon ganhou esse título em 1994;
- Venerável – Se o Dicastério da Causa dos Santos, no Vaticano, aprovar a documentação do diácono, ele vira venerável. Isso significa que a Igreja afirma que ele é um exemplo a ser seguido, o que faz com que sua história e suas obras sejam ainda mais divulgadas;
- Beato – A partir do título de venerável, será necessário comprovar um milagre. Caso for comprovado, o título de beato é concedido pelo Papa e ele pode ser venerado publicamente (imagem nas igrejas, pedido de intercessão nas missas e cultos públicos...) em uma região ou comunidades específicas;
- Santo – É a canonização de fato. Após comprovar mais um milagre, que tem de ocorrer após a beatificação, o candidato é tornado santo e tem o seu nome inscrito na lista oficial da Igreja e poderá ser venerado em igrejas no mundo todo.