data-filename="retriever" style="width: 100%;">Foto: Eduardo Ramos (Diário)
Às vésperas do júri da boate Kiss, Flávio Silva, pai de Andrielle Righi da Silva e presidente da Associação dos Familiares de Vítimas e Sobreviventes da Tragédia de Santa Maria (AVTSM), em um vídeo inédito publicado na página da associação, no início da tarde desta sexta-feira, fez revelação que até então guardava somente para si.
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Em uma tentativa de diminuir a responsabilidade de Elissandro Callegaro Spohr, o Kiko,o advogado Jader Marques arrolou Flávio como testemunha. Conforme a assessoria jurídica da AVTSM, Flávio foi comunicado em agosto de 2019. À época, além de Flávio, outras nove testemunhas foram arroladas. Contudo, somente cinco irão depor. São elas: Alexandre Marques, empresário e organizador de eventos, Cezar Schirmer, ex-prefeito de Santa Maria, Roberto Carlos Meza Niella, perito criminal, Ricardo Lozza, promotor de Justiça de Santa Maria, e Gerson da Rosa Pereira, ex-chefe do Estado Maior do 4º Comando Regional dos Bombeiros de Santa Maria.
A defesa de Elissandro também chamou quatro sobreviventes. São: Daniela Rebelato, Doralina Machado Peres Julia Valladão Ferreira Mello e a esposa do réu, Nathália Daronch.
Na página, um post refere: "em que lugar está o respeito por um pai que teve sua filha morta devido à (i)responsabilidade de um empresário ganancioso? Até onde um advogado é capaz de chegar para 'livrar' seu cliente? Por que Flávio foi arrolado e depois saiu da lista de testemunhas, sem ao menos ter sido comunicado por Jader? Não queremos nada além de respeito. O réu e seu defensor jamais conseguirão imaginar pelo que pais, mães, sobreviventes e familiares passam. Não pedimos que sejam solidários ou empáticos com nossa dor, pois jamais conseguiriam. Pedimos apenas respeito."
O vídeo tem quase cinco minutos. Flávio é entrevistado pelo cineasta Luiz Alberto Cassol, ele desabafa a trajetória dolorosa nesses quase nove anos:
- Um dos maiores responsáveis pelo assassinato da minha filha - o defensor dele - me arrolou como testemunha de defesa. Eu, até hoje, não consigo entender essas atitude de desumanidade. Na verdade, uma atitude de crueldade para um pai que tinha acabado de enterrar a sua filha causada por uma tragédia de responsabilidade do cliente dele, ao mesmo tempo se sentiu no direito, sem ao menos me consultar e me arrolar como testemunha. Isso foi um choque muito forte para mim. Por que eu que não estava na boate na noite da tragédia? (...) isso me atormentou, me abalou a saúde de uma forma, que hoje, às vésperas do acontecimento do júri u sofri uma isquemia cardiovascular (...) - relata Flávio.
Assista ao vídeo:
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Ao Diário, a assessoria de comunicação do advogado Jader Marques, disse não saber precisamente em que data Flávio foi arrolado como testemunha e se limitou a comunicar que: "Nesses quase 9 anos de processo, a defesa de Elissandro Spohr sempre apontou a necessidade de respeitar a conclusão do inquérito da Polícia Civil, na qual 28 pessoas foram apontadas como responsáveis de alguma forma pelo incêndio. Agora, a defesa prefere silenciar a não se manifestar a respeito da nova atitude da Associação de Familiares de Vítimas quanto à responsabilidade dos agentes públicos."
O CASO
Os quatro réus respondem por homicídio simples (242 vezes consumado, pelo número de mortos; e 636 vezes tentado, número de feridos). Inicialmente, o desaforamento (transferência de local) foi concedido a três dos quatro réus - Elissandro, Mauro e Marcelo. Luciano foi o único que não manifestou interesse na troca (o julgamento chegou a ser marcado em Santa Maria) mas, após o pedido do Ministério Público, o Tribunal de Justiça do Rio Grande do Sul (TJRS) determinou que ele se juntasse aos demais e os quatro fossem julgados na mesma data.
O julgamento foi transferido para a Capital por decisão da 1ª Câmara Criminal do Tribunal de Justiça do Estado. O júri inicia em 1º de dezembro, no Foro Central I.