Área cultivada do soja deve aumentar em 5% na região

O ato do sábado marcou o início oficial do plantio de soja no Estado do Rio Grande do Sul, que ocorreu durante a 54ª Expojuc, em Júlio de Castilhos, com a presença do governador José Ivo Sartori. Porém, poucos sojicultores já começaram a semear a oleaginosa, já que o excesso de chuvas deixa o solo muito úmido.

Como a chuva ainda não deu sinais de deixar o Estado, os agricultores terão de esperar pelo menos quatro dias para colocar as semeadeiras na lavoura e começar, aí sim, oficialmente, o plantio da safra 2015-2016. Em relação ao clima, durante o período do cultivo, a fase que mais preocupa é justamente a inicial. Se a umidade persistir, ficará difícil obedecer o calendário de zoneamento agrícola. Ainda assim, a expectativa é de aumento da área cultivada em até 5%.

De acordo com o extensionista da Emater Regional de Santa Maria responsável por monitorar a soja, Luiz Antonio Rocha Barcellos, em áreas de coxilha, será necessário pelo menos de quatro a cinco dias de tempo seco para que seja possível começar a plantar, conforme o tipo de solo. Já em terrenos de várzea, será necessário um tempo ainda maior.

– O produtor vai ter que saber aproveitar as janelas de tempo seco para semear. Não serão muitas, então, ele deve estar preparado para não perder o período previsto na lei para o cultivo financiado. Outra preocupação é com a erosão, que pode gerar perda de nutrientes e de sementes em caso de chuva após o plantio – explica Barcellos.
Conforme o extensionista rural, quem vai plantar em coxilhas deve cuidar para que o plantio seja feito de forma perpendicular ao aclive, para que não se formem “canaletas” por onde os nutrientes escoem quando chover. Como o produtor está pagando caro pelos adubos, devido ao câmbio, não pode desperdiçar.

O custo da cultura aumentou neste ano por conta dos insumos importados. Porém, quem ainda está vendendo a soja colhida no primeiro semestre está tendo um bom retorno pela valorização da saca no mercado externo por causa do valor do dólar. No Noroeste gaúcho e na região das Missões, o plantio já começou e estima-se que 7 mil hectares tenham sido semeados. No Estado, a área de cultivo deve crescer para esta safra. Na região, conforme Barcellos, o aumento deve ser de até 5%.

O câmbio, variável importante no mercado da soja, é um dos motivos de incerteza nesta safra. O alto preço do cereal no mercado, atualmente entre R$ 73 e R$ 80 a saca, conforme informativo conjuntural da Emater, deve animar os produtores a venderem, já agora, a produção que deve ser colhida em março. O mercado futuro costuma abranger cerca de 25% da produção, e esse índice deve se manter para esta safra.

"Que a safra seja generosa"

Foi com uma fala que intercalava bom humor e o discurso de contingenciamento de gastos que o governador José Ivo Sartori (PMDB) participou, no sábado, da abertura do plantio da soja no Estado, que ocorreu na 54ª Expojuc, em Júlio de Castilhos, evento que se encerrou ontem. Logo que colocou os pés no Parque de Exposições Miguel Waihrich Filho, Sartori chamou os seus secretários Pedro Westphalen (Transportes) e Wantuir Jacini (Segurança Pública) e, acompanhados de demais autoridades, subiram em uma plantadeira. Todos seguraram uma quantia de soja e, em um um ato simbólico, jogaram os grãos para o alto.
– Esperamos que todas essas adversidades sejam superadas e que nossa safra seja generosa conosco – falou o chefe do Piratini.
Para um público predominantemente ligado ao agronegócio, Sartori se sentiu à vontade e falou das dificuldades financeiras do Estado, batendo em uma tecla recorrente: a necessidade de se promover ajustes e de se ter uma política de austeridade com as contas públicas.
– Não vai ser um governo ou um homem só que vai mudar essa situação. É preciso que esses ajustes promovidos por nós tenham continuidade.

Porto seguro na crise

O vice-presidente da Federação da Agricultura do Rio Grande "