Uma das precursoras do movimento nativista, Malu Benitez é a patrona dos Festejos Farroupilhas do Estado em 2023

Maria Luiza Benitez é a quinta mulher a receber este reconhecimento. A escolha é feita desde 2005.Foto: ASCOM/SEDAC


Dona de uma voz potente, Maria Luiza Benitez, 71 anos, não se faz ouvir apenas pelo seu canto. Sua trajetória também tem muito a dizer. Intérprete da música latino-americana, consagrada nos festivais do Rio Grande do Sul, foi uma das precursoras do nativismo e soma mais de 50 anos de carreira. Desde que começou a ser feita a escolha de patrono dos Festejos Farroupilhas, em 2005, ela é a quinta mulher. Antes dela, receberam o título: Nilza Lessa (2012), Elma Sant’Anna (2017), Alessandra Motta (2020) e Liliana Cardoso (2021).


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Maria Luiza, mais conhecida como Malu, nasceu em Bagé, neta de argentinos e filha de uruguaios. A patrona dos Festejos Farroupilhas 2023 é formada em Direito e em História, com especialização em História do RS. É cantora, compositora, atriz, mestre de cerimô nias, radialista e apresentadora de TV. Em 2008, foi agraciada com o troféu “Mulher Farroupilha”, instituído pelo governo do Estado por sua contribuição para a arte e a cultura do Estado. Em 2010, recebeu a medalha do “Mérito Farroupilha”. No currículo, ainda três edições do “Prêmio Press”, como locutora e apresentadora.


ENTREVISTA COM MALU BENITEZ


Como foi o início da sua trajetória?

Trabalho em rádio desde 1969. Apesar de estar na faculdade de Direito, eu queria muito ser jornalista. Em 1976, vim com a cara, a coragem, meus discos, meus livros e nada mais – além de 50 pila emprestados no bolso. Cheguei na rodoviária de Porto Alegre, tomei um banho e fui para a Rádio Gaúcha. Cheguei às 7h da manhã e até as 7h da noite fiquei esperando para fazer o teste. Fui contratada. Tempos depois, quando fazia o programa A hora e a vez da mulher, a Guaíba me ouviu e se interessou. Desde então, estou na Guaíba.

E os programas na TV?

Eu tinha muita vontade de conhecer o Daudt (José Antônio Daudt). Fui até a TV Difusora, hoje Band, cheguei lá e me apresentei para ele. Passei em um teste e comecei a fazer o telejornal do meio-dia. Em 1980, fui para a TV Educativa. Comecei apresentando um programa chamado Invernada Gaúcha, com Darci Fagundes, que é o mais velho dos Fagundes. Os CTGs participavam e, no final do ano, dávamos uma premiação para os três primeiros lugares. Amigos jornalistas e produtores resolveram criar o programa Galpão Crioulo, com o Nico Fagundes. Foram na minha casa ‘pedir uma mão’ e comecei a participar como madrinha do programa. No primeiro Galpão, estou lá, com o meu filho com 3 meses – hoje ele tem 41 anos.


A senhora falou do seu filho, junto no estúdio. Como foi conciliar a profissional e a mãe?

A minha vida sempre foi agitada, e com ele junto. Em 1981, grávida de sete meses e meio, percorri centenas de quilômetros, de microônibus, para cantar na Califórnia de Uruguaiana. Depois que ele nasceu, muitas vezes ficava atrás do palco, dormindo dentro da caixa do violão ou em cima de um pelego. Uma vez, eu estava apresentando um festival em Campo Bom e fiquei com medo, porque o guri era danado e tinha um rio ali perto. Desesperada, no microfone, anunciei: “Menino Júlio Francisco Benitez Nascimento, sua mãe o aguarda nos bastidores”. A mãe, no caso, era eu! (risos). Às vezes, ele até subia no palco para cantar em espanhol comigo. O pessoal adorava, achava maravilhoso. Mas foi só na infância, depois não seguiu carreira. Hoje ele mora no Rio de Janeiro.

Como recebeu o convite para ser a patrona dos Festejos Farroupilhas?

É um orgulho muito grande. Ainda mais por ter sido escolhida por unanimidade. É como se fosse uma premiação, um troféu em reconhecimento ao meu trabalho, a minha estrada. Não sou uma frequentadora assıdua de CTGs, mas sempre prestigiei. E sempre dei voz e espaço ao movimento, como estou dando agora, no Fronteira Aberta.

Gostou do tema dos Festejos Farroupilhas deste ano: “Centenário da Revolução de 1923”?

Eu, que fiz pós-graduação em História do Rio Grande do Sul, estou achando maravilhoso o tema dos festejos deste ano. Lembro que, nas comemorações dos 50 anos da Revolução, dois homens se encontraram em cima do palco: um disse “eu sou maragato” e o outro disse “eu sou chimango”. Com os lenços, se cruzaram e disseram “nós somos o Rio Grande”. É isso que a gente quer. É a mesma coisa em relação às mulheres. Que possamos nos dar as mãos e sermos parceiros.


* Com informações da ASCOM/SEDAC

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