Escritor e líder indígena Ailton Krenak participa da Feira do Livro neste domingo

Destaque no país e no mundo, o mineiro Ailton Krenak, de 70 anos, é líder indígena, ambientalista, filósofo, poeta e escritor. Além de ter recebido o título de Doutor Honoris Causa por várias universidades, em abril deste ano tomou posse na Academia Mineira de Letras, sendo o primeiro indígena a assumir uma cadeira na entidade. É com toda essa bagagem que ele desembarca na 50ª Feira do Livro de Santa Maria, neste domingo (7), às 19h.

No espaço “Livro Livre”, Krenak irá bater um papo sobre suas obras, carreira e vida no auditório do Colégio Marista Santa Maria, na Rua Floriano Peixoto, com entrada franca. Os ingressos, que são gratuitos e limitados, devem ser retirados na bilheteria do Theatro Treze de Maio.

Krenak já participou de forma virtual, da edição de 2021 da Feira do Livro de Santa Maria. Liciane Brun, superintendente da Secretaria de Cultura, relembra que, na ocasião, tanto ele, quanto os leitores e a organização concordaram que ele deveria retornar de forma presencial.

– Para essa edição especial da feira, pensamos em nomes que pudessem trazer representatividade. E a vinda do Krenak significa dar espaço para todo o trabalho de um grande pensador dos nossos tempos. Estamos felizes que conseguimos proporcionar essa atividade, mesmo com a agenda super concorrida dele – conta Liciane.

O interesse pelo bate-papo com o escritor foi tanto, que a organização da feira precisou mudar o local do evento. O auditório do Colégio Marista possui o dobro da capacidade do Theatro Treze de Maio, local previsto incialmente. 

Ailton Krenak é autor de obras como O Amanhã Não Está à Venda (2020), A Vida não é últil (2020) Ideias Para Adiar o Fim do Mundo (2019) e Futuro Ancestral (2022). Nos livros, ele compartilha reflexões e opiniões acumuladas em suas viagens pelo Brasil e pelo mundo acerca dos principais problemas socioambientais da contemporaneidade. 

Muitas das obras já foram traduzidas para outros idiomas e entraram para a lista de leituras obrigatórias de importantes concursos vestibulares do Brasil. O papel do capitalismo e do colonialismo no processo de formação do povo brasileiro é tema recorrente na obra de Krenak.

Histórico

Ailton Krenak nasceu na região do vale do rio Doce, em Minas Gerais, território do povo Krenak, que enfrenta há décadas as consequências da atividade mineradora. Foi na década de 1980 que passou a se dedicar à causa indígena.

Ele participou da histórica Assembleia Nacional Constituinte que elaborou a Constituição Brasileira de 1988, na qual protagonizou uma das cenas mais marcantes da mesma: em discurso na tribuna, pintou o rosto com a tinta preta do jenipapo, segundo o tradicional costume indígena brasileiro, para protestar contra o que considerava um retrocesso na luta pelos direitos dos indígenas brasileiros. 

Seu papel na Assembleia foi determinante para a inclusão na Constituição do capítulo que garante o direito dos povos originários à terra e à cultura.