CPM 22 volta a Santa Maria neste sábado; veja horários e agende-se

CPM 22 volta a Santa Maria neste sábado; veja horários e agende-se

Willer Carvalho (Divulgação)

Há quase três décadas, a cena pós-punk californiana dos anos 1990, que deu origem ao hardcore melódico, influenciava a criação de uma banda brasileira que iria marcar gerações. O CPM 22 (abreviação para Caixa Postal Mil e Vinte e Dois) surgiu em 1995, em São Paulo, e com músicas rápidas, melódicas e letras cotidianas, não demorou muito para entrar para a história do rock nacional. No início dos anos 2000, o CPM 22 já vendia mais de 150 mil cópias dos primeiros álbuns e hits como Regina Let’s Go, Tarde de Outubro, Anteontem, Desconfio e Dias Atrás já tomavam conta das rádios, do público e conquistavam prêmios.

O sucesso levou o grupo a viajar pelo Brasil, momento em que chegaram na Cidade Cultura pela primeira vez, para show no antigo Absinto Arena, no ano de 2003. Três anos depois, retornaram a Santa Maria, para show em um tradicional festival da época, o Universo Pop, no Clube Dores. Na ocasião, o CPM 22 havia recém lançado o álbum Felicidade Instantânea, cuja primeira música de trabalho Um Minuto Para O Fim Do Mundo, foi, durante meses, a música mais tocada nas rádios brasileiras e se consolidou como um dos maiores hits do grupo até hoje.

Agora, 17 anos depois, o CPM 22 retorna a Santa Maria para um show no Avenida Tênis Clube (ATC), no dia 22 de abril, com realização da Planet Shows e da Morphine Produções. Conforme Nathália Ruviaro, coordenadora de Produção e Marketing da Morphine, a parceria com a Planet Shows permite que a produtora traga shows de outros gêneros a Santa Maria também:

— O pagode e o sertanejo são muito fortes, mas tinha um público muito carente na cidade, que era o público do rock, então estamos trazendo o CPM 22 e depois, em julho, o Reação em Cadeia, de volta a Santa Maria, depois de seis anos. A aceitação do público está muito boa. Eu sou dessa geração fã do CPM, então é muito legal reviver. Os shows da banda no Estado têm sido muito bons, então eu acho que vai ser uma entrega bem legal.

Em 2007 saiu o sexto álbum de estúdio do grupo, intitulado Cidade Cinza, que rendeu um Grammy Latino na categoria Melhor álbum de Rock Brasileiro. A repercussão do álbum foi tanta que, em 2009, a banda realizou uma turnê internacional, passando por países como Inglaterra, Portugal e Estados Unidos.

Em 2015, para coroar as duas décadas de estrada, a banda lançou a turnê de 20 anos, com os maiores sucessos da carreira. O ápice se deu em um show histórico no Rock in Rio, que foi altamente aclamado pela crítica e pelos fãs.

A mesma essência

Em conversa com a Revista MIX, o vocalista Badauí, 47 anos, confessou que não recorda dos shows na cidade, mas lembra que Santa Maria é uma cidade linda e aconchegante. Ele adianta que o público pode esperar um show intenso, com muito sentimento e verdade, no dia 22 de abril. Badauí relembra que o Rio Grande do Sul é um dos estados onde o grupo mais fez shows e concentra uma parte significativa do público do CPM 22. Questionado se o grupo tem aproveitado esse momento de retorno de tendências e artistas que faziam sucesso nos anos 2000, Badauí foi categórico:

— Nossa rotina e escolhas são as mesmas desde sempre, não me preocupo com modismos da mídia e suas vontades momentâneas.

Recentemente, o CPM 22 fez um grande show no 2000 Rock Fest, em Minais Gerais. Para Badauí, é uma felicidade permanecer como uma das atrações mais queridas e sempre aguardadas pelo público, mesmo depois de quase três décadas de estrada.

— Essa formação atual está voando no palco e gostamos muito da atmosfera de grandes festivais e de reencontrar amigos que fizemos ao longo dos anos. Essa energia geralmente contagia o público e os artistas. Quando isso acontece, a chance de termos um grande evento como esse é muito grande — conta o artista.

Futuro

O CPM 22 deve lançar seu próximo álbum de estúdio no segundo semestre deste ano. Em publicação feita no Twitter no final de janeiro, o vocalista Badauí revelou a novidade e demonstrou bastante empolgação. O último disco lançado pelo CPM 22 foi Suor e Sacrifício, em 2017. De lá para cá, a banda tem disponibilizado apenas singles, como Tudo vale a pena?, parceria com Sergio Britto, dos Titãs. Em resposta aos fãs, o grupo de São Paulo confirmou que o álbum vai ser, sim, “hardcorezão”.

— Nós já finalizamos a pré-produção, vamos ensaiar e depois entrar em estúdio para gravar o disco. Estamos muito satisfeitos com o repertório. Apesar de termos sonoridades diferentes entre as nossas influências, é esse tipo de música que gostamos e sabemos fazer – finalizou Badauaí na breve conversa com a Revista MIX.

Agende-se​

  • O quê – CPM 22 em Santa Maria
  • Quando – 22 de abril, com abertura às 22h
  • Onde – Avenida Tênis Clube (ATC), na Avenida Dois de Novembro, 1.920, Bairro Patronato
  • Quanto – R$ 65 (pista), R$ 85 (VIP) R$145 (mezanino open bar premium)
  • Ingressos – No site blueticket.com.br

Nostalgia melódica

A sexta edição do festival Universo Pop marcou a última vez que o CPM 22 esteve em Santa Maria. O famoso festival surgiu para proporcionar espaço às bandas locais e para dar uma oportunidade de os grupos se apresentarem em um evento com abrangência maior e uma boa estrutura, além de trazer shows nacionais à cidade. O Universo Pop de 2006 contou com a apresentação de 74 bandas da Região Sul e com a participação de mais de 5 mil pessoas no Ginásio do Clube Dores.

Para o encerramento daquela edição, o evento trouxe a Santa Maria a banda CPM 22, que lotou o ginásio do clube e empolgou o público que cantou junto sucessos antigos e novos. Na última noite, também foram divulgados os resultados dos ganhadores do festival. Na categoria música nas escolas a grande vencedora foi a banda de pop rock e hardocre Agente Six, com Destrua, uma música autoral.

O santa-mariense Luismar da Rosa Model, de 35 anos, agora trabalha como psicólogo em Agudo mas, na época, era o vocalista da Agente Six, que costuma tocar em locais como o Aldeia Bar e na Boate do DCE.

— Nós gravávamos músicas independentes de uma forma bem precária e mandávamos para as rádios, em fitas e CDs. Até que surgiu a oportunidade de se apresentar e concorrer no Universo Pop. Não fizemos, necessariamente, o show de abertura para o CPM 22, mas é como se tivéssemos feito, já que se apresentamos logo antes deles, no mesmo palco, que eram a atração principal.

Luismar conta que, até hoje, tem um pedaço da baqueta utilizada pelo Japinha no show, baterista do CPM 22 na época. A agente Six logo encerrou as atividades e cada um dos integrantes seguiu uma determinada carreira profissional. Vários não moram mais em Santa Maria, mas Luismar vai ao show desse fim de semana com outros dois amigos, também integrantes da banda na época.

— É uma relação muito massa. Inclusive, a gente acabou comprando ingresso para ficar no mezanino, ali no open bar, para poder transitar. Na hora do show, a gente quer ir para perto do palco para de repente, tentar um registro e interagir com o CPM 22. Até porque esses meus dois amigos ainda seguem na música, concomitantemente com as carreiras profissionais — conta Luismar.

Para Luismar, vai ser como reviver um período de muita amizade, de músicas que sempre gostou, outros shows que foi junto com a Agente Six.

Emo santa-mariense

A banda durou cerca de três anos, mas teve um “boom” muito grande em 2006, momento que estava estourando o chamado “emocore”. A Agente Six deu várias entrevistas à Rádio Atlântida e ao próprio Diário de Santa Maria. Luismar diz que guarda oo jornais até hoje, inclusive.

— Era a única banda da cidade que estava, de fato, fazendo esse gênero musical. Então fazíamos cover de bandas como Green Day, Offspring, Simple Plan e, claro, CPM 22. Esse som que a galera começou a chamar de Hardcore melódico. Enfim, éramos vistos como a banda emo de Santa Maria, mas a gente foi indo para outros bares e colocando outras coisas no repertório, como Raul Seixas e Elvis Presley.

— Quando a banda estava aparecendo mais no circuito da cidade era incrível. Imagina, ter 18 anos e poder tocar em bares, festivais e praças da cidade. Hoje a gente vê que o rock dentro de Santa Maria pendeu para uma outra faixa etária e a música, no geral, está em uma fase mais comercial. A gente sabe que o que vinga muito mais hoje é sertanejo, pagode, etc, mas pegamos uma fase onde o rock em Santa Maria era bem forte, sabe?

Luismar menciona que, atualmente, com o advento de facilitações para o consumo de música por meio de aplicativos como o Spotify, por exemplo, é possível escutar o primeiro CD do CPM 22 onde e quando quiser.

— O pessoal que consome rock percebe que tudo envelheceu bastante, então o público em geral sente essa necessidade de voltar a curtir as bandas do passado, como Raimundos Charlie Brown Jr. Então dentro do rock nacional, eu acho que o CPM 22 virou uma expoente de uma geração que hoje já tá na faixa etária dos 30 ou 40 e poucos anos e que é muito bom assim. Minha expectativa pro show é bem nostálgica.

Luismar organizou um grupo no WhatsApp com cinco amigos que irão curtir o show no ATC. Para os integrantes, a sensação é a de voltar a ter 18 anos, interagindo com as turmas do skate e da bike. O psicólogo aponta que, dentro do grupo, expectativa é pelas músicas carimbadas, como 1 minuto para o fim do mundo e Dias atrás, mas ele tem um pedido especial para o repertório:

— Eu, particularmente, gosto muito das músicas


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Bernardo Abbad

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