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Entre padrões e resistência: o que é plus size?

Inseridos numa sociedade de culto à aparência, nós vivemos um tempo em que podemos ser classificados, inseridos ou excluídos a partir do tamanho da roupa que vestimos. O sistema da moda nos mostra isso a partir, por exemplo, de marcas que limitam a numeração de roupas para não abranger o público gordo. E se o problema também estiver nas limitações impostas na moda plus size e estereótipos de beleza presentes dentro da sua indústria?
Se você é daquelas pessoas que restringem o plus size aos tamanhos 46 e 48 está na hora de repensar sobre esse segmento. Tal meio é composto por uma diversidade de corpos e tamanhos, que devem ser valorizados principalmente entre quem comunica, produz e comercializa moda. Afinal, o resultado também repercute entre os que consomem ou visam adquirir peças contemporâneas e tendências com numerações tão vastas quanto as plus.

Apesar de algumas marcas abrangerem uma tabela de medidas para o público que veste acima do GG a partir da numeração 44, eu considero plus size quem veste tamanho 46 e se enquadra além de duas numerações. Entretanto é fato que a indústria da moda ainda não valoriza as mulheres plus size da forma como deveria e, em especial, as que vestem acima de 50 (lembrem-se que existe 52, 54, 56, 58, 60...). 

A moda em geral é caracterizada por um corpo padrão que começou a ser desconstruído pelo segmento plus size. O problema é quando se instaura uma referência que privilegia um corpo mais magro até mesmo dentro desse setor. Isso acaba por fomentar um ideal de beleza que privilegia corpos mais próximos aos magros e onde são evidenciados aspectos corporais como uma barriga que não seja muito saliente. 

Uma matéria do portal UOL aponta que as modelos com manequim acima de 46 estão tendo que emagrecer para conseguir trabalho. Outras são incentivadas a perder peso para se enquadrar num meio chamado "curve", para quem veste 42 e 44. Além disso, quantas coleções "plus size" surgiram nos últimos anos e que se tornaram polêmicas ao suscitarem discussões sobre a modelo que está a frente da campanha ser gorda ou não? Pipocam debates e críticas na internet. Entre elas, está uma campanha da C&A que apresentou a modelo Maria Luiza Mendes, que é curvilínea, como gorda na tentativa de mostrar diversidade.

Tais fatos não são isolados e não acontecem numa realidade que parece distante. Na minha trajetória, eu já ouvi relato de modelo que veste mais que 46/48 que sentiu ser deixada de lado na seleção de trabalho porque o cliente estaria interessado em modelos "mais magras" para uma campanha plus. Ainda deparei-me com um questionário para pesquisa acadêmica sobre moda plus size em que classificava as mulheres a partir do tamanho 40 e delimitava as mais gordas para "mais de 50".

O alerta soa. É preciso incluir e não criar um padrão plus. O movimento que surgiu nos últimos anos pela valorização da beleza e diversidade de corpos, em especial os gordos, acaba em confronto com exemplos e ações daqueles que fazem parte do seu sistema.  

A questão aqui não é valorizar um tamanho ou menosprezar outro, mas é DAR EVIDÊNCIA PARA A DIVERSIDADE NO PLUS SIZE e de promover a representatividade. É de incluir e possibilitar que as mulheres gordas (que vistam 46, 48, 50, 52, 54... ou qualquer outro manequim) se identifiquem numa moda que deve acolher. É trazer exemplos positivos, como algumas marcas que apostam em diferentes modelos plus nas suas propagandas para tentar mostrar a variedade.  

O meio plus size é amplo e pode ser mais explorado, como ocorre entre o universo dos bloggers. A diversidade marca os blogs de moda plus size, que têm se consagrado como símbolos de representatividade e empoderamento. À um clique estão mulheres com vários estilos e corpos sendo influencia para outras mulheres que são ou querem ser como elas.  

Dentro do mundo da moda surgem manifestações que propõem questionamentos à indústria plus size. Entre eles está o grupo de blogueiras gordas que compõe o "22 + Style"- "Estilo + 50" (em tradução livre) - que apresenta um lookbook que dá visibilidade para mulheres que vestem acima do tamanho 22 (50/52 no Brasil) e traz imagens e mensagens dessas bloggers com temáticas como confiança e corpo positivo. 

Nas redes sociais, a idealizadora do projeto, Marcy Cruz, do blog Fearlessly Just Me, afirma que as mulheres plus size com tamanho acima de 50 são ignoradas pela mídia: "As pessoas pensam que é negativo mostrar corpos maiores". Ela ainda aponta explicações para a fala de diversidade na indústria plus a partir de conversas com integrantes desse setor: desde "fobia de gordura" dentro de marcas até o receio de que o público não esteja pronto para ver corpos maiores em exibição.

Quando se trata de valorização da beleza plus size e a pluralidade de tamanhos em tal segmento cabe salientar que não é realizada uma apologia à obesidade, como algumas pessoas apontam, mas é erguida uma bandeira para a representatividade e luta contra a exclusão. Afinal, beleza não tem tamanho, qualquer pessoa tem o direito de se sentir bem e feliz com o próprio corpo e todas as pessoas merecem ser incluídas. 

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