Enchente muda cenário de Três Barras: Arroio Grande e Boca do Monte são os distritos mais afetados pela enxurrada

A localidade de Três Barras, no distrito de Arroio Grande, está irreconhecível depois da enchente que atingiu Santa Maria e região na última semana. A estrada que dá acesso ao local quase despareceu em meio a barrancos desmoronados, a árvores enormes arrancadas e aos muitos escombros amontoados, efeitos da força da enxurrada.

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A ponte de cerca de 40 metros sobre o Rio Ibicuí não suportou tanta água e foi levada. O impacto da enchente foi tão grande que o rio mudou seu curso. E moradores ficarem isolados. Além das estradas e das pontes, a produção de hortifrutigranjeiros de Três Barras foi muito afetada e as perdas são grandes.

 
Passada a enxurrada, a própria comunidade trabalha para recuperar, minimamente, estradas para que moradores não fiquem isolados. Para isso, com ajuda de uma escavadeira hidráulica e uma retroescavadeira da prefeitura, os escombros estão sendo removidos e uma passarela de madeira foi construída, já que, além da ponte ser levada pelas águas, o Rio Ibicuí mudou seu curso. Já no lugar de outra estrutura menor, foi improvisada uma pinguela para dar acesso aos moradores.

 
Um dos moradores que estão liderando os trabalhos é Tiago Almeida. Ele contou que, desde a última terça-feira, a população começou a ficar isolada. Mas, ontem, todos já tinham acesso, embora precário em alguns trechos.

 
– Graças a Deus, hoje todo mundo consegue sair de casa ou alguém consegue chegar onde está esse povo. A gente vai trabalhando com a comunidade. Não é fácil, o trabalho é todo manual. A prefeitura tem apoiado bastante com máquinas, mas tem de desdobrar madeira, precisa carregar material – afirmou.
Diante do cenário de destruição de estradas e as perdas na agricultura, avalia Almeida, a recuperação será lenta.

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– Não vejo recuperação tão imediata para esse nosso lugar, aqui praticamente destruiu tudo. A perda na agricultura foi total na nossa região, desde material de irrigação, implementos, teve propriedade que até trator foi embora – relatou o morador, acrescentando que o mais importante é que não ocorreu perda de vidas na localidade, e que a comunidade já trabalha no recomeço.

 
Três Barras concentra a produção de hortifrutigranjeiros de Santa Maria, que foi toda destruída pela enxurrada. O produtor Oneide Fernandes perdeu os 2,5 hectares de plantação de repolho, alface, brócolis, couve-flor, chicória, entre outras verduras.

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– Está crítica a situação, eu perdi uns 100 mil reais de verdura, estava tudo pronto pra colher – contou Fernandes, que fornecia, indiretamente, produtos para a Universidade Federal de Santa Maria (UFSM).
A situação não é diferente nas lavouras de João Manuel dos Santos. O prejuízo é de R$ 10 mil. – Tinha 25 mil pés de repolho, tudo perdido, tinha 15 mil pés de alface, tudo perdido – disse.

Balanço preliminar

A Secretaria de Desenvolvimento Rural já te um balanço preliminar dos prejuízos causados pela enxurrada em Santa Maria. Segundo o titular da pasta, Rodrigo Menna Barreto, dos nove distritos, Arroio Grande e Boca do Monte foram os mais afetados.

 
Em Arroio Grande, 90% da produção de hortigranjeiros foi destruída. Grande criador de peixes, Boca do Monte perdeu 95% da produção, informou o secretário.

Arroz e soja

Quanto à plantação de soja e arroz, conforme ele, 50 da safra tinha sido colhida. A estimativa é que os outros 50% tenham sido perdidos. Os distritos na região sul da zona rural, como Santa Flora e Arroio do Só, concentram a maior produção se soja e arroz.

– Os prejuízos são grandes também na pecuária leiteira –complementou Mena Barreto.

Já sobre a situação das estradas, ele informou que, praticamente, todos os distritos foram afetados. Pelo levantamento, 25 pontes foram danificadas, muitas delas foram levadas pela enxurrada. Outras tiveram as cabeceiras destruídas.

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25 pontes danificadas

Conforme o secretário, será elaborado um plano de recuperação das estradas para o escoamento da safra com 10 frentes de trabalho e 20 equipes, com o auxílio de empresas terceirizadas, que já prestam serviço à prefeitura ou que serão contratadas, principalmente para recuperar as estruturas.

 Inicialmente, a prioridade era salvar as pessoas e suprir “necessidades básicas”, como medicamentos e alimentos, conclui ele.