Trajeto precário

Devido à queda de ponte há dois anos, moradores de duas cidades da região utilizam pinguela improvisada para atravessar arroio

Devido à queda de ponte há dois anos, moradores de duas cidades da região utilizam pinguela improvisada para atravessar arroio

Foto: Lucimar da Silva Comin (Arquivo Pessoal)

Sem a ponte, moradores precisam improvisar tábuas para passar para a localidade vizinha

As localidades vizinhas de Rincão do Claro, em São Gabriel, e Capão Grande, em Dilermando de Aguiar, há anos eram ligadas por uma estrutura de madeira. O local, que é separado por um arroio, tem uma forte vazão de água, principalmente quando ocorrem chuvas fortes. A água acelerava o processo de apodrecimento da madeira e, por isso, apresentava perigo aos moradores e pessoas que transitavam pela região. A estrutura já havia passado por alguns reparos, mas, apenas em 2021, a ponte foi reconstruída, uma parceria entre as prefeituras dos dois municípios. A prefeitura de São Gabriel, por meio da Secretaria Municipal de Desenvolvimento Rural, providenciou o material para o aterro e para a própria ponte (madeiras, caibros, etc), e a prefeitura do município vizinho, através das secretarias de Obras e de Agricultura e Meio Ambiente, forneceu a mão de obra. Contudo, no mesmo ano, uma enchente no local derrubou a ponte. Desde então, quase três anos depois, os moradores estão sem um acesso entre as duas localidades. 

Segundo informações da diretoria de Comunicação Social da prefeitura de São Gabriel, com informações da Secretaria de Desenvolvimento Rural e Secretaria de Governo, o acesso alternativo à BR-158 é pelas comunidades do Canta Galo ou pelo Corredor das Sete Cabeças. A mudança de rota até a BR, chamado de Corredor da Mutuca, dá 7 quilômetros (Km). Se tivesse a ponte, o trajeto seria reduzido para 2 Km.  


Estrutura da ponte, antes da reconstrução em 2021Foto: Lucimar da Silva Comin (Arquivo pessoal)

Comunidade da localidade de Rincão do Claro 

A agricultora de Rincão do Claro Lucimar da Silva Comin, 45 anos, conta que na localidade tem diversas propriedades rurais de pequeno a grande porte e não ter o acesso pela ponte dificulta o processo de colheita e recebimento de materiais. A produtora de arroz explica que sua propriedade fica próximo a divisa onde ficava a estrutura de madeira. A sensação dela é da comunidade estar “ilhada”.

– Tem muitos compradores que vêm do município de Dilermando e de Jóia e passavam por cima da ponte. Tem muitas fazendas, todo acesso é ali. Senão é uma volta muito grande, sem manutenção, a estrada fica pior e essa passagem é a chave. Pela outra estrada, na época de colheita, o pessoal não quer vir, porque tem medo que o caminhão estrague ou atole – reflete Lucimar.

Por enquanto, o que estava sendo feito pela prefeitura de Dilermando de Aguiar era, no período do verão, colocar pedras para aterrar o local e permitir a passagem para Capão Grande. No entanto, agora, no período de inverno, com chuvas, Lucimar relata que os moradores estão utilizando tábuas improvisadas para fazer o trajeto a pé, quando precisam. 

Foto: Lucimar da Silva Comin (Arquivo pessoal)

O que diz a prefeitura de Dilermando de Aguiar 

A ligação entre Rincão do Claro e Capão Grande é importante para as localidades, para viabilizar o acesso de forma mais rápida a serviços, como atendimento à saúde, comércio e pelo escoamento de produtos rurais da região.  

Conforme o prefeito de Dilermando, José Claiton Ilha (MDB), em 2021, depois de a ponte ter sido destruída, a prefeitura chegou a conclusão que não poderia fazer outra estrutura sem ajuda de São Gabriel. Assim, desde então, é pensando junto com o município vizinho, a construção de estrutura de alvenaria mais alta, em torno de 4 metros, e com um comprimento maior, de 10 a 12 metros, para suportar as enchentes. Porém, segundo o prefeito Claiton, o projeto não está indo adiante, porque moradores de Rincão do Claro entraram com um processo judicial contra a cidade de São Gabriel. 

– O prefeito (Lucas Menezes, do PL, de São Gabriel) não quer tomar nenhuma medida sem o desfecho judicial. Estamos abertos ao diálogo, quando quiserem estamos à disposição para atender a comunidade o mais rápido possível. Eu também esperaria a decisão judicial. Também já conversamos que vamos disponibilizar R$ 250 mil para a construção da ponte – reforça Claiton.

Ao ser questionado sobre as tábuas improvisadas dos moradores, o prefeito de Dilermando comenta que é iniciativa das próprias pessoas da localidade, entende a necessidade, mas que não recomenda a ação. Além disso, em relação às pedras colocadas para aterrar o local e facilitar o acesso, esse procedimento não foi feito porque com as chuvas fica inviável. 

Queda da ponte em 2021Foto: Lucimar da Silva Comin (Arquivo pessoal)

O que diz a prefeitura de São Gabriel 

A prefeitura de São Gabriel respondeu aos questionamentos por meio da diretoria de Comunicação Social da prefeitura, com informações da Secretaria de Desenvolvimento Rural e Secretaria de Governo. Em relação ao processo judicial, a Procuradoria Geral do Município informa que existe um processo judicial movido por moradores do Rincão do Claro, contra as prefeituras dos dois municípios. Ou seja, em contrapartida com a informação disponibilizada pelo prefeito de Dilermando de Aguiar. 

A prefeitura de São Gabriel está no aguardo da determinação judicial para continuar com o projeto. Mas, não informou quanto tempo está em tramitação na justiça e se tem previsão para algum resultado. 

Os dois municípios seguiram em conversações desde 2021. A diretoria de Comunicação Social do município aponta que buscaram recursos externos para viabilizar a construção de uma ponte mais robusta. Enquanto isso, de acordo com as informações da diretoria, nenhum produtor da região teve seu acesso à BR-158 prejudicado, podendo utilizar rotas alternativas pelas comunidades do Canta Galo ou pelo Corredor das Sete Cabeças. 

Foto: Lucimar da Silva Comin (Arquivo pessoal)

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